The end, the begin

17 de Dezembro, o ano era 2010. Tinha acabado de encerrar uma etapa longa e cansativa que vivia ha 3 anos na faculdade. Como não saber que ali também estava por alguns anos tão próximo...como eu nunca tinha visto aquele rosto?!

Adiante. Era uma bela noite, de fato. Nem todos compareceram, mas os mais importantes estavam presentes, prestigiando um ao outro; dizendo adeus, pelo menos por algum tempo, afinal aquelas pessoas fizeram parte do meu cotidiano por 3 anos!

Em meio à toda conversa, todas as comidas e algumas bebidas em harmonia, surge aquele convite, mais uma "ordem irrecusável" daquelas duas...Não era da minha vontade, a música parecia não ser a mais agradável, é como algum site de significado de nomes já decifrou: " Ouvidos apurados para boa música..."

Adiante. Tentei não aceitar, mas irrecusável mesmo era fugir daquelas velhas cenas que estavam por vir. Renovação, libertação ou mesmo, atitude. Alguma em alguns meses e experiência pelo menos.

A despedida não foi dolorosa para aqueles que ficaram, sei que algum dia daria de cara pelas ruas, futuras escolas, mas principalmente, pelas redes sociais.

Enfim, dei a mão para elas, o ônibus ao menos fica vazio pela noite. Ônibus?! Não mais! Cinco minutos dentro e já estavamos fora dele e uma carona dessas bem inesperada, a propósito, mas veio em boa hora.

Estavam em dois, a conta certa para preencher o veículo. Nos aproximamos do carro e ele desceu do lugar do motorista,não lembro o porquê...lembro que seu rosto era bonito, mas uma beleza tão discreta...prestaria a atenção aqueles que prezam belos traços, belo sorriso em um conjunto perfeitamente harmonioso. Dispertei e entrei no carro, rindo e correspondendo às conversas que iniciaram à caminho da noite.

As escandalosas risadas do banco de trás percorriam por todo percurso, refletiam para os do banco da frente, completando um ciclo em constante movimento, mas que tomava diferentes rumos, entre maquiagens, músicas, roupas, sapatos, perfumes, sons, gestos, todos intensos e exuberantes.

De repente, alguma raridade do Cazuza, algum rock nacional e antigo e todos, por um breve momento, silenciaram. Ele apresentou,

rapidamente, a música e sua história. Com certeza aquilo chamou minha atenção, não que eu goste muito de rock nacional e afins, mas me familiarizou alguma coisa com boa música, interesse pelo ramo. Ele demosntrou algum potencial para aceitar coisas novas e atuais, diferentes... talvez ele aceitaria e gostasse de Cat Power e Death Cab for Cutie, MGMT...

Adiante. Longas paredes, todas as luzes e cores tinham ali, nos cercando; os seres humanos mais variados em busca de alguma diversão, mas, principalmente, aquele som ensurdecedor e terrivelmente insuportável. Eu sabia que a música não seria agradável. Caipirinhas, cervejas, cervejas, cervejas, cervejas, caipirinhas. Alguma tentativa de dança, mas a música realmente não me permitia. Finalmente, algum eletrônico me salvara e sim, pude dançar com mais sede e vontade. Cervejas abriam minha mente. Garotos, gringos, garotos esquisitos que fingiam saber falar inglês ou realmente sabiam e eu não me dei conta; garotos de cabelos enrolados. Tentativas, xavecos, dança, cabelos em movimento.Cerveja. Música sertaneja! A banda era conhecida pelas meninas, ficamos bem em frente ao palco. Sertanejo é familiar, escuto desde que nasci, mas não o dito " universitário". Danças em dupla, passinhos, garotos convidando para a dança em dupla...negações ou uma dança-relâmpago para ser no máximo educada. Cervejas, pés cansados. Sentar na beiradinha do palco me parecia mais rápido para descansá-los. Ele vinha do meio das pessoas, sutil. Não achei que estivesse a alguns metros atrás de mim enquanto dançava. Sentou ao meu lado, disse algo, timidamente, mas não consegui compreender. O som ainda era alto, principalmente próximo ao palco.

- " Minha primeira tentativa de cantada e você não escutou? =/" - Ou algo do gênero, foi o que ele disse, um pouco desapontado, de certo, mas não perdeu o bom humor.

Fomos em busca de algum oásis e encontramos num ambiente ao fundo. Alguns beijos e sorrisinhos entre uma das meninas e o amigo, embora ali, fosse propício para conversarmos melhor. Conversas, risadas, entrosação. Aproximação. A mais sutil e envolvente. Certamente, palpitava algum clima o qual já fazia idéia, mas indescritível e realmente agradável, o qual permaneceu durante o resto daquela noite. A gentileza, o humor certo, a sutileza, o sorriso...me abraçavam em meio as palavras e olhares constantemente. A cerveja e todos os drinks ficaram para escanteio, hora de ir embora. No caminho, o banco de trás estava mais silencioso, cansado e sonolento. Refletia o banco da frente.Por alguma fração de segundo, pensei que estava viajando, meus pais na frente e minha irmã ao meu lado, partindo para Paraná ou Vinhedo. A verdade é que aquele sertanejo e a estrada que levava até a casa de uma das meninas me embalaram e me deram a lembrança da minha família quando viajamos. O carro era o mesmo modelo do meu pai, a propósito. A fala dele era de alguém criado no interior; me fascinou por completo.

Poderia imaginar como seria se um dia viajasse com ele para algum lugar do interior, para qualquer lugar, afinal. Ele trouxe um espírito exatamente familiar e confortável.

Quando todos estavam entregues às respectivas residências, como prometido (não citei, mas houve um tipo de " promessa" durante a noite), fui a última a ser deixada em casa. Houve promessa de massagens nos pés, etc e tal. Adiante.

A parte mais difícil de expressar, narrar... Em minha lembrança, não houve ninguém que juntasse diferentes sensações em simetria perfeita, que envolvesse os lábios primorosamente, que me fez ouvir as palavras certas, de modo certo, sutil, intenso e verdadeiro. Pela minha péssima noção de tempo, trinta minutos estacionados ao portão da minha casa, foram suficientes para conhecê-lo exatamente como gostaria que fosse e que esperava.

Eu guardo essa noite, até então, com uma certa esperança de dar a devida continuação.

Esse conto só terá fim quando isso acontecer e permitirá um leque de contos, frases, pensamentos, canções...

Gih Varano
Enviado por Gih Varano em 03/01/2011
Código do texto: T2705856