Blue
Ouço a voz rasgada e junto os doces acordes que o piano trás com ela, era como se meu corpo fosse tocado de uma forma espiritual, por dentro, por fora, sentia tocar nas minhas costas alguns dedos enquanto me arrepiava, eu não estava vendo, ouvia, eu não estava tendo, sentia, as pernas cruzaram as minhas, deitei sobre o que não via, senti escrever nas minhas costas, senti morder a carne, chovia e preso no quarto estamos, o lábio mais macio que já beijei, não passava nada no meu corpo além da boca, sussurrava no meu pescoço falando com os fios levantados, as mãos eram proibidas de tocar mas as pernas teimavam em encostar, a boca era tão atrevida que ao tocar minha barriga, imaginei ela sobre o meu corpo todo, um grande lábio macio beijando, mordendo e sussurrando no meu corpo inteiro, as mãos agora querem de mim o que não dei ainda, deito sobre a mão esquerda esperando a direita me afagar, é da esquerda que agora me faz sentir o que não se pode falar, lábio gostoso, não quero que essa chuva passe, nem que o guarda nuca ai do corredor descubra, que dentre uma seção e outra, dentre um solo e outro, dentreo B e o E do Blue, eu me deito fazendo amor com a parte de mim que ainda não conhecia, Danielle. Nunca, em nenhum lugar do mundo, uma boca vai tocar alguém como a boca dela me tocou, libertou, aberta e liberta ao que o mundo vulgarmente chama de “gozou”.