A Madrasta

-Senhor Dallas estou esperando quando quiser começar!!!!!!!

-(Concertando-se na cadeira)A claro me perdoe estava distraído

-Ok.Então vamos ao que interessa!A sua história

-Eu não sei se consigo contar é algo tão sórdido que nem mesmo acredito que fui capaz de tal coisa!

-Ora senhor Dallas todo mundo comete erros na vida ao menos o senhor teve coragem de admitir os seus.

-Talvez o senhor tenha razão, tudo bem vou começar!Para falar a verdade doutor eu preferia que o senhor começasse perguntando alguma coisa para facilitar.

-Ok.Como você a conheceu? E como tudo começou?

-(Olhando para um ponto qualquer do grande consultório parecendo lembrar-se) Eu a conheci no aeroporto quando voltei de Oxford no ano passado..,,,

-(Interrompendo) Desculpe interromper, mas você nunca a tinha visto nem por fotos?

-(Olhando-o) Não!Engraçado meu pai nunca me enviava fotos dela apenas do Garoto, por isso eu não fazia a mínima idéia de como ela era apenas sabia que era bonita e jovem (Dando uma pausa para ouvir o médico)

-Por que o seu pai nunca lhe enviou fotos dela?

-(Dando de ombros) Não sei, nunca perguntei talvez ele previsse o que pudesse acontecer se eu a conhecesse antes.

-(Anotando algo em uma agenda) Me diga, qual foi sua primeira impressão ao vela?

-(Pensativo) Eu senti uma raiva inexplicável, um sentimento tão ruim que não consigo explicar

-E por quê?

-Não sei!

-E quando você viu o seu irmão o que sentiu?

-(Sorrindo) Eu o amei logo que o vi,é uma criança adorável e logo me conquistou.

-Diga-me depois que você a viu no aeroporto e sentiu o que você chamou de raiva inexplicável, como foi a relação de vocês depois desse dia?Melhorou ou piorou?

-(Franzindo a testa)Olha doutor,não sei porque mais eu não conseguia encará-la ela exercia sobre mim um domínio tal que eu evitava estar perto dela.

-Você tinha medo?

-Não!Era algo muito mais profundo,as vezes eu me surpreendia admirando-a como se ela fosse um objeto em exposição,as vezes eu tinha vontade de matá-la as vezes eu queria beija - lá e tela em meus braços eram sentimentos contraditórios.

-E ela? Como se comportava?Também te evitava?

-Ao contrario ela procurava ao máximo chamar minha atenção,mas o estranho é que ela só fazia isso quando meu pai não estava por perto mas quando ele estava ela agia como uma virgem inocente.

-Então ela correspondia aos seus sentimentos?Mas evitava demonstrar isso diante de seu pai?Mas diga-me,quando estavam a sós como ela se comportava era vulgar?Ou mantinha-se sempre séria mas sensual?

-(Encostando-se na poltrona) Bom,ela era sedutora,mas bastante séria quando estávamos a sós ela evitava vestir-se....

-(Interrompendo) Como assim?Desculpe mas não entendi?

-Eu explico!Ela era uma mulher atraente ou melhor ela é mas naquela época estava no auge da sua beleza,era uma linda mulher,morena de longos cabelos negros e olhos cor de mel,com pernas que fariam inveja até a Marylin Monroe tinha um corpo bem feito e ela sabia disso por isso quando meu pai não estava em casa vestia-se de maneira diferente usava saias curtas e grandes decotes e fazia de tudo para cruzar as pernas para mostrar-me os lindos tornozelos bem torneados.

-E como você reagia?

-Ficava bestificado e ao mesmo tempo sentia nojo dela por ser uma mulher tão sórdida.

-(Anotando observações em sua agenda)Diga-me pelo que entendi ela era muito mais jovem que seu pai,quantos anos mais jovem?

-Cerca de oito anos

-Então hoje ela tem 30 e seu pai 38 certo?E você quantos anos tem ?

-Hoje tenho 22 mas tinha 21 na época

-Oito anos mais novo!!!Coincidência não acha?Ela 8 anos mais nova que seu pai e você 8 anos mais novo que ela!

-(Dando um curto sorriso)É uma situação engraçada.

-Vamos voltar a história!Diga-me ela parecia feliz com o seu pai?Ela o amava?

-Aparentemente sim nunca percebi nenhum outro sentimento entre eles que não fosse amor e carinho

- E como ela era como mãe?Tratava bem o garoto?

-Sim,mas não posso afirmar com certeza pois a maioria do tempo ele ficava com a babá brincando no jardim.

-Certo,vamos juntar as peças aparentemente ela era boa mãe boa esposa mas apenas aparentemente!

-(Observando intrigado)Desculpe doutor mas não entendi! O que o senhor quis dizer com “apenas aparentemente”?

-Ou seja ela não era nada do que aparentava,te direi porque se ela fosse uma boa esposa jamais tentaria te seduzir e se ela fosse uma boa mãe não te veria com outros olhos que não fossem de uma mãe cuidadosa e amorosa ou seja tudo nela era falso.

-O senhor que dizer que ela enganou a todos inclusive meu pai?E A mim?

-Exatamente,mas mudemos de assunto me diga você e ela chegaram a ter algum envolvimento intimo?Algo alem de uma simples troca d olhares?

-(Um pouco hesitante e constrangido)Sim....Uma única vez

-E como foi?

-(Ajeitando-se no sofá)Foi em uma noite que meu pai não estava em casa havia viajado para Tókio para fechar um negócio importante e só voltaria em uma semana estávamos sozinhos,era noite e a babá já havia levado meu irmão para dormir,eu estava no meu quarto já despido mas não totalmente estava de cueca lendo um livro,der repente ouvi passos leves no corredor imaginei que fosse a empregada por isso não dei importância,voltei a atenção para o meu livro,depois de alguns minutos ouvi batidas na porta,hesitei por um estante ,mas depois resolvi abrir imaginei que pudesse estar acontecendo alguma coisa com meu irmão quando abri a porta,me deparei com ela com uma camisola branca de rendas e um penhoar de mesma cor tive um sobressalto e quase cai no tapete mas me controlei,ela entrou devagar acompanhei seus passos,ela sentou-se em minha cama e começou a me olhar,fiquei paralisado por um tempo tentando entender o que estava acontecendo,depois percebi que o melhor era fechar a porta,fiz isso e sentei-me ao seu lado.....

-(curioso)E......... O que aconteceu

-Ela começou a dizer que estava carente,e triste e que meu pai não lhe dava a devida atenção que vivia viajando e não ligava para ela e nem para meu irmão.

-E você como reagiu?

-Eu fiquei calado,e ela continuou falando e der repente começou a chorar,um estranho sentimento me invadiu,pela primeira vez senti pena dela e tive vontade de abraçá-la e consolá-la e fiz...Tome ia em meu braços abra ceia e bejei-a com carinho ela correspondeu a cada caricia e quando dei por mim já estávamos entregues um ao outro pela primeira vez eu a amei como nunca amei outra mulher.

-Em nenhum momento você pensou em seu pai?E na tristeza que ele sentiria se soubesse de tudo isso?

-Para ser sincero!Não,naquele momento eu só conseguia pensar nela e em todo amor que eu queria lhe dar.

-E depois quando tudo isso passou como você se sentiu?

-Depois veio a pior parte,a culpa eu sentia raiva e nojo de mim mesmo,por ter me deixado levar pelo momento e pela pena que senti ao vela tão sensível.

-E ela!?

-Agiu como se nada tivesse acontecido,quando meu pai chegou tratouo como sempre com amor e carinho e passou a me tratar friamente como se eu fosse culpado pelo que havia acontecido.

-E o que você fez?

-Eu já não me sentia bem convivendo com ela,tinha medo que aquilo pudesse se repetir eu não queria magoar ninguém muito menos meu pai por isso resolvi ir embora.

-Para onde?

-Para um apartamento que eu possuía perto dali,não era luxuoso e grande como a casa do meu pai mas era confortável...

-Quando você disse ao seu pai que ia embora,como ele reagiu?

-Bom,ele não ficou muito feliz,mas acabou compreendendo,eu disse para ele que precisava de um pouco de privacidade,disse também que não queria tirar a sua liberdade nem a da sua esposa.

-E ela?

-Ela não esboçou nenhum sentimento,apenas concordou.

-Depois que você se mudou,você ainda visitava seu pai?

-Sim,mas não com muita freqüência eu evitava ficar no mesmo lugar em que ela estava,para mim era um grande martírio enganar ao meu pai fingindo que nada havia acontecido.

-E ela?Como ela agia quando você estava por perto?

-Agia como se eu fosse um estranho,tratava-me educadamente mas com frieza,evitava olhar em meus olhos e falar comigo

-Seu pai não percebeu a mudança?

-Não,ele nunca foi muito observador.

-Ok.Ao que me parece a história de vocês terminou ali naquela noite estou certo?

-Não está errado.

-Então vocês ainda se encontraram intimamente?Mas você me disse........

-(Interrompendo) Nos não dormimos juntos,mas aquela noite teve conseqüências mas graves do que imaginei.

-Como assim?

-Vou explicar,uma manha eu fui visitar meu pai mas ele não estava,para não perder a viagem resolvi ver meu irmão quando entrei na sala encontrei-a sentada no chão brincando com o menino que estava distraído como um quebra-cabeça,quando ela percebeu a minha presença levantou-se e me cumprimentou eu expliquei-lhe que fui ver o menino e ela disse para eu ficar a vontade ela iria pegar um café para nós,ao contrário do outros dias ela me tratou delicadamente,parecia até feliz em me ver enquanto ela foi buscar o café fiquei brincando com meu irmão tentando encaixar as peças do seu brinquedo,logo ela voltou da cozinha trazendo uma bandeja que pousou sobre a banqueta,ela pegou uma xícara para me servir mas antes de derramar o liquido na xícara ela estremeceu e acabou derramando todo o contudo sobre o tapete eu levantei para auxilia - lá ela levou uma das mãos a cabeça como se estivesse tentando conter uma vertigem eu a segurei e sentei-a no sofá peguei em suas mãos,que estavam frias,seu rosto estava pálido,fiquei preocupado ela não largava minhas mãos pedi para o pequenino que estava atônito observando toda cena sentar-se ao lado dela enquanto eu ia buscar água,voltei da cozinha trazendo um copo de água com açúcar ela já estava recomposta,mas ainda tremia dei-lhe a água e ela bebeu até a metade pousei o copo na banqueta e fiquei observando-a,assim que melhorou ela levantou-se e providenciou um pano para limpar a sujeira apesar da minha insistência de deixar esse serviço para a empregada........

-E depois de tudo isso o que aconteceu? Você foi embora?Ou ficou com ela até seu pai chegar?

-Fui embora,apesar de eu querer ficar ao lado dela caso ela precisasse mas ela me garantiu que estava bem.

-Ainda não entendi o que tem de ruim nisso,até agora você apenas me disse que ela sentiu-se mal.

-O problema está na origem do mal estar

-Não entendi

-Vai entender,Uma semana após o ocorrido eu estava em casa lendo um livro quando alguém bateu a porta,olhei pelo olho mágico era ela eu abri ela entrou,tinha nas mãos um envelope sentou-se no sofá e pediu que eu fizesse o mesmo,quando sentei ela me entregou o envelope e disse-me exatamente essas palavras “Estou grávida e o filho é seu”.....

-(Com olhos arregalados)E você o que disse

-Olhei para o envelope em minhas mãos depois olhei nos olhos dela que me encaravam e.........

-(Curioso)E.....

-E chorei,chorei como nunca aquelas palavras atravessaram meus ouvidos como um tiro o que eu mas temia havia acontecido,eu coloquei as mãos no rosto e chorei compulsivamente.

-E ela?

-Ela sentou-se ao meu lado e abraçou-me dissi-me “Não quero estragar a sua vida,sei que não estava nos seus planos ter um filho ainda mais comigo por isso tomei uma decisão que será boa para nós dois”...

-O que ela disse?

-Ela disse que.....................(Uma lágrima correu em seu rosto)Que ia tirar o filho

-(Chocado)E você concordou?

-Claro que não,eu me desvencilhei dos seus braços e olhei furioso em seus olhos disse-lhe que ela não tinha esse direito e se assim fizesse eu iria denuncia La eu revoltei me no entanto ela manteu-se calada e serena como se tudo que eu estivesse falando fosse nada.Depois me fez uma única pergunta.”Então o que pretende fazer?”.....

-E o que você respondeu?

-Não respondi,não tive palavras para dizer nada eu não sabia o que fazer,eu não ia permitir que meu pai criasse o meu filho e também não ia permitir que ela abortasse o jeito foi pedi para que ela pensasse melhor e encontrasse outra solução

-E o que ela lhe disse?

-Que a única solução era aquela e não havia nada para pensar,antes que eu respondesse ela saiu e bateu a porta fiquei paralisado e depois dexei-me cair no tapete em um planto desesperado.

-E então?Depois disso o que aconteceu?Ela fez o aborto?

-(Enxugando uma lágrima insistente)Não foi necessário

-Como assim?

-Ela perdeu o bebê em um acidente doméstico que quase a matou também,ela rolou escada baixo depois de sentir uma forte tontura foi levada para o hospital mas não teve jeito o bebê morreu....

-O que você sentiu quando soube?

-Um misto de alivio e tristeza muito grande....

-Você foi visitá-la no hospital?

-Não,não tive coragem

-E depois o que aconteceu?Com ela?Com você

-Ela voltou a ser a linda e amorosa esposa do meu pai e eu continuei sendo o mesmo garoto calado e tímido de sempre com uma exceção eu não me deixaria mais seduzir por uma madrasta..........................

Fim

Carol S Antunes
Enviado por Carol S Antunes em 28/12/2010
Código do texto: T2696863
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