Enterro
Era uma manhã fria maio, Sarah estava caminhando abraçada ao seu próprio corpo, não esperava que estivesse tão frio e esqueceu de colocar um casaco. Olhou para dentro do cemitério que passava todos os dias ao voltar da faculdade, e viu um grupo de pessoas sentadas, o corpo já havia sido enterrado e poucos ficaram ali, mas uma mulher olhou pra ela, não porque tivesse algum motivo para fazê-lo, mas alguma coisa fez com que ela se virasse.
Sarah a olhou nos olhos e continuou caminhando até que a perdeu de vista, a mulher fez a mesma coisa e voltou a olhar para o lugar onde a sua avó havia sido enterrada. Agora ela era dona do café Likken's e teria que viver na casa da sua avó até que ela pudesse vender as propriedades.
Sua mãe não queria voltar para a cidade onde nasceu, então ela ficou responsável por tudo, sempre tinha gostado daquele café, tinha ido lá muitas vezes quando era pequena, mas já não lembrava de muita coisa, mas pelo menos teve algum motivo para largar a carreira de psicologia que a sua mãe tinha obrigado a fazer, ela ainda não sabia o que queria fazer, já que segundo ela, não teve tempo para entender a si mesma e fazer algo que gostasse na vida, talvez nessas férias que tinha agora, pudesse descobrir a sua verdadeira vocação.
O enterro durou pouco mais de uma hora, todos tinham ido embora, mas Samantha ficou lá mais tempo do que todos os outros, não tinha ido visitar a sua avó nos últimos nove anos porque ela e sua mãe tinham tido uma briga, e ela acabou se afastando junto com a sua mãe. Ela levantou da cadeira, colocou uma tulipa branca sobre o túmulo da sua avó e foi em direção à porta do cemitério. Enquanto caminhava até a porta pensou,"Tantos corpos, tantas historias, espero que a minha seja boa, ela começa aqui."
Foi até a casa onde a sua avó morava, na verdade ela nem sabia explicar se aquilo era uma só casa, era uma casa grande, mas era dividida ao meio por um corredor, fazendo assim duas casas, a avó dela morava na casa do lado direito, e segundo as suas historias, a mulher que morava em frente era a sua amiga, elas não se conheciam antes de comprar as casas, mas ficaram boas amigas. Sam pegou um molho de chaves da sua bolsa e testou quatro antes de achar a chave certa, quando a porta abriu não fez nenhum barulho, estranho pra uma casa antiga.
Tudo estava impecável, o chão ainda brilhava, tinha poeira já que estava sem uso há alguns dias, foi até a cozinha e estava tudo como ela lembrava, mas o fogão e a geladeira eram novos, então não estava tanto como ela lembrava, mas pelo menos o livro de receitas ainda estava no centro da mesa na cozinha. Ela abriu a geladeira e encontrou uma jarra com água, que ela decidiu esvaziar e encher novamente e algumas uvas que já estavam começando a ficar ruins. havia uma cafeteira que ela não havia visto antes, ela abriu o armário e encontrou café e açúcar, além de um pote cheio de biscoitos caseiros, tirou tudo de lá e colocou na mesa, colocou o café e a água na maquina e foi sentar na mesa para esperar.
Os biscoitos pareciam bastante recentes, ela decidiu provar um pedacinho para saber e estavam realmente bons. O café ficou pronto e Samantha teve que começar a procurar por alguma xícara, abriu todas as portas do armário e não encontrou nenhuma. Voltou para a sala e foi até o móvel onde a sua avó guardava todos os pratos xícaras, copos e talheres antigos. Ela encontrou várias xícaras, pegou uma e foi lavá-la na pia. Agora estava pronta para beber o café, quando colocou o café na xícara, percebeu que tinha esquecido a colher, lavou-a também e colocou várias colheres de açúcar no seu café. Ela o bebeu devagar e voltou para a sala, deixou a xícara na mesa e decidiu que era hora de ir ver o café da sua avó, que agora era dela.
Caminhou sete quadras em direção ao cemitério e no meio da rua estava o café, como ela vinha pensando no que iria fazer dali pra frente, não o viu quando passou pela primeira vez. Estava fechado com as cortinas vermelhas fechadas, pegou o molho de chaves e testou duas chaves até encontrar a certa, estava ficando boa em encontrar as chaves agora. A porta rangeu quando ela a abriu e viu o magnífico café da sua avó.
Estava exatamente como ela lembrava, as cadeiras de madeira estavam sobre as mesas, já que estava fechado, ela foi até a cozinha, passando a mão por cima do balcão, que depois sacudiu por causa da poeira. A cozinha estava brilhando tanto quanto a cozinha da casa dela, não havia muita coisa na cozinha já que naquele café não se cozinhava muito, Samantha pegou um cardápio para olhar, quando o sino da porta tocou.
- Olá, alguém aqui? Já faz alguns dias que o café esta fechado, ainda bem que abriu hoje, não é? - E houve uma risada fina acompanhando as perguntas.
Samantha largou o cardápio no chão e foi ver quem era, era a mesma garota que tinha passado pela frente do cemitério. Estava com um casaco branco agora, mas continuava com o mesmo rosto brilhante de antes.
- Qu-Quem é você? - Perguntou Sarah.