'' O CÃO ATROPELADO ''
Luana tinha acabado de completar 18.
Ganhou um carro do pai.
E agora queria ganhar o mundo, sair daquela cidade pequena, na praia, que mais parecia um ''vila'' de pescadores, a cidade era pobre, pobres eram seus moradores e se não fosse pela grande quantidade de turistas na temporada, e mesmo fora da temporada haviam turistas, casais em lua de mel , a cidade iria parecer cidade morta.
Luana tinha sorte, era filha de um ex-prefeito, que tinha sido varias vezes vereador e prefeito em duas eleições seguidas, era homem da politica, pretendia se candidatar mais uma vez para prefeito.
Luana não era linda, era bonitinha, jeitosinha, mas era inteligente , filha unica, mimada e a mãe a incentivava a sair da cidade, ir para a capital e la' fazer carreira, seu pai achava o contrario, queria a filha por perto e adoraria ve-la na politica...vivia dizendo:-
Filha de politico politica e`!!!, Luana não se interessava por politica e vinha dirijindo para casa, pensando, pensativa, era começo da noite e não viu quando o cachorro, um perdigueiro, saiu da calçada e veio para o meio da rua...ela ainda brecou, desviou, mas a lateral do carro bateu e ele ficou caido no meio da rua...
Luana parou o carro, desceu e foi ver o estrago e nem viu o rapaz que por ela passou correndo na mesma direção...era Murilo a quem o perdigueiro pertencia...ele se abaixou e viu que o estrago não era muito e Luana chegou perto;
Murilo tinha apanhado Faro do chão e o mantinha no colo, junto ao peito e Luana dizendo:-
O cão pertence a voce? voce e' o dono?...desculpe, eu nao o vi vindo em minha direção, esta' muito ferido? muito machucado? vamos levar a algum lugar, por favor...e
Não, não, dizia Murilo, o cão não me pertence, eu pertenço 'a ele, e tambem não sou seu dono...ele e' meu dono...não, não esta' muito machucado não...não precisamos levar a lugar nenhum, e Murilo se dirigia para a calçada, levando Faro no colo e Luana seguindo...e viu Murilo depositar Faro em cima de um cobertor e viu tambem colares, brincos, pulseiras e ferramentas, arames...decerto o rapaz e' artesão , pensou Luana e Murilo era mesmo...vivia disto, fazer e vender artenasatos de cidade em cidade e sempre no litoral, nas praias...
Murilo no verão passado, na temporada passada, estava em uma cidade do litoral e ao pedir pouso em uma casa, viu que havia uma ninhada de filhotes e conversa vai, conversa vem, o casal que por la' morava lhe ofereceu um dos filhotes, Murilo aceitou e Faro passou a viajar com ele...ficou um pouco mais dificil, onibus e mesmo caronas não gostavam de que cachorro viessem juntos....Faro cresceu rapido e mesmo agora que tinha um ano continuava a crescer.
Murilo ao chegar a esta pequena cidade resolveu por la' se ''enraizar''...morava em uma cabana ao lado do bar da praia onde vendia seus artezanatos e quando não havia turistas, pescava e vendia o que pescava, aprendeu a fazer redes e vendia tambem, era pau para todo obra e fazia muitos serviços para os moradores, e vendia tambem seus artezanatos na praça principal , vendia seus colares e brincos...vendia muito, trabalhava bastante, era criativo, suas peças eram bastantes procuradas...vendia bem.
E Luana e Murilo ficaram ali na prosa, nas historias e estorias de tudo e de todos, da cidade, do mundo , da lua, do sol, das estrelas e dos animais....e Faro ouvindo tudo, lambeu a mão da Luana, ela acariciou a cabeça dele, ele colocou a cabeça em seu perna, fechou os olhos, dormiu...decerto faro sonhava, sonhava que ela poderia ser sua '' dona''....ele, Faro, sabia...Murilo tinha o coração solitario, solitario demais...tinha ja' 25...Faro sabia ...estava na hora deles dois ''terem uma dona''.
E dias apos dias, noites e noites seguidas os treis se encontrando...Murilo, Luana e Faro....onde Murilo ia Faro o seguia e mesmo antes de Murilo ver Luana chegando, Faro ouvia o barulho do carro e se punha de pe', latia e uivava...Murilo sabia...Luana estava chegando...era uma festa.
E quando Luana engravidou e ela comunicou 'a Murilo isto , ele na hora aceitou ,se casaram...Murilo tinha construido uma pequena casa em frente a praia, foram para la' morar...Faro junto e uma noite Luana com dores, Murilo a levou ao hospital, perdeu o bebe...tristeza mas a vida continuou e cinco anos se passaram....Luana não mais ficou gravida, a vida cobrou seu preço e ela resolveu...iria para a capital tentar uma vida diferente, melhor...Murilo nada disse, concordou, ela foi...ele ficou, Faro tambem.
E sete anos se passaram, Luana pedia o divorcio agora, ele negava, não assinava os papeis...ela resolveu, voltou , tinha esperanças de convence-lo....ele continuava negando, ela tentanto, e um fim de tarde foi ate' a praia, 'a casa que um dia ela tinha sido feliz...hoje morava na capital, tinha se realizado, era diretora de uma grande empresa, ganhava bem, tinha liberdade, viajava....conhecia o mundo...mas viajava so', dormia so'...tinha liberdade mas lhe faltava algo e agora aqui na praia, o sol se pondo, o silencio, o vento e ela caminhando e viu....uma cruz e uma placa com um nome...Faro e a data era recente...dias antes apenas....ela se abaixou, passou a mão na cruz, na placa, chorou, chorava, falava baixinho palavras de carinho, de amor....sabia quanto Faro a tinha amado e ela a ele tambem.....e ouviu um cão , ao longe, latindo, uivando...se levantou e foi na direção de onde partia o latido e ao chegar de volta perto da sua antiga casa, viu Faro...parecia, mas era menor...era um filhote, igualzinho 'aquele que um dia ela tinha atropelado...e Murilo, atras dela dizendo:- e` filho de Faro, tem um ano...ele precisa de uma dona
Ela ficou, eles gostaram...Murilo e Faro Dois.
A casa pequena teve que ser aumentada.Foi. Mais quartos foram anexados.Dois.Um para o menino. Outro para a menina.
A loja grande e bonita na cidade vende artesanatos, ao lado o atelier onde se produzem os mesmos, e Luana ganhou na ultima eleição seu direto a assumir uma cadeira de vereadora na cidade.
Tudo tem um começo, um meio e um fim...um fim 'as vezes, infeliz, outros, felizes....neste caso...feliz!!!
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