Lembranças de um suicida
No mundo existem milhões de pessoas e por mas que você pense que pode ser único e fazer a diferença sempre aparece alguém que te quebra essa idéia.
É só olharmos para o lado que temos a chance de ver como tem pessoas melhores que nós ali bem perto pessoas mas bonitas, mas inteligentes, confiantes e acima de tudo interessantes.
Na sombra dessas pessoas podemos ficar a vida inteira sem sermos notados ou valorizados podemos permanecer ali sempre no esquecimento mesmo não tendo feito nada de errado.
Lembro-me de olhá-la todos os dias de desejá-la sempre com a mesma intensidade e respondendo sempre tudo o que ela perguntava com a mesma alegria.
Felicidade era algo que eu não sabia, diariamente travava minha batalhas mas no fim nunca tive o que realmente me desconcertava, como uma pessoa que pelo simples fato de respirar, de estar, de apenas ser pode bagunçar com minha vida de modo que eu não saiba mas como vai ser.
Mexendo com sentimentos com o simples gesto de olhar, como dói esse coração que em meu peito descansa que chora de emoção e de esperança, que não entende porque deve ser assim eu a querendo e ela mal enxergando a mim.
Os dias passam lentos quando ela não está e corridos quando pelo menos a distancia posso observar, criei uma vida ao redor de um alguém que mal me conhece, fantasiei uma historia para alguém que nunca me veria com interesse.
Um dia ao tomar coragem corri atrás do que vi ser uma oportunidade, uma chance obvia de atenção ou de qualquer coisa que vindo dela já era algo bom.
Um dia antes de vê-la passei por momentos em que mal me sobrava lamentos, meu emprego era uma droga, minha família uma porcaria, eu não tinha amigos e ela era minha única razão de vida.
Quando a vi fui em sua direção ela me olhou e sorriu e aquilo pra mim me fez esquecer que tudo que vi e ouvi antes de chegar ali, por ela eu faria tudo sem me importar, ela realmente era minha razão meu motivo de acordar.
Lembro-me como se fosse ontem, como gaguejei e senti vergonha mas ela pareceu tão simpática sempre com aquele jeito de sorrir fácil ela já me ganhava, não pude ficar muito mas só nesses momentos tive o que precisava por ela eu agüentava qualquer barra, quis ser legal lhe fiz favores e adiantei seu trabalho e quando sai de perto confiante de que talvez tivesse chances notei que poderia chamá-la para sair e ao me aproximar da mesa onde ela estava na qual ficava de costas pra mim pude ouvi-la dizer:
_quem ele? _ela deu uma gargalhada que se não fosse a situação eu acharia engraçada _ então proseguiu _Tenho pena dele, coitado deus não foi justo.
Derrubei umas coisas no chão o que atraiu a atenção dela, nesse instante o riso parou ela me olhou sem jeito e se calou, meu olhos se encheram de lagrimas e eu sai de imediato fui para casa e entrei no quarto.
Tudo o que um dia pensei agüentar por ela já estava acabado, ela era o fio que me mantinha a salvo e ele acabara que ser cortado, o que mas teria para mim? Como eu evitaria o fim?.
Diante de uma vida sem razão, sem um sentido e com um desilusão porque não parar? Jogar a toalha e descansar, fechar os olhos e não precisar acordar, porque não esquecer, porque não evitar que ela e todos os olhos dos outros me vejam com pena devido a minha inútil existência.
Foi feito sobre lagrimas e palavras de desistência, vi o sangue brotar sem resistência vi o medo chegar sem pedir licença vi a vontade de viver chegar e eu não ter mas forças para agarrá-la.
Pois naquele instante a morte ja me tocava, e a cada segundo mas a vida se afastava então em um ultimo segundo de lucidez eu disse _minha bela por todos esses dias eu te amava a escuridão chegou meu tempo acabou.
Já era tarde demais para tentar voltar atrás.