Apenas um sonho?

Fim de tarde de outono. As folhas seguiam a cair, cobrindo o chão. Duas amigas conversavam em um jardim. Uma delas estava triste, abalada. A outra viera para lhe consolar. A primeira dizia:

- Houve uma vez em que perdi uma pessoa valiosa. Meu coração ainda dói. Um acontecimento terrivelmente doloroso. Dor... dos acontecimentos dolorosos que restaram depois de perder a pessoa valiosa. Mas, estou procurando, por alguem que vá gostar de mim como eu sou. Minha própria pessoa. E eu encontrei essa pessoa. Mas isso isso é o começo de algo mais doloroso. É triste estar com alguem sabendo que não há nada que possa fazer por essa pessoa. Olhar essa pessoa sofrer é tão doloroso. Então eu desapareci daquela pessoa. Eu desapareci, porque eu gosto dele. Mesmo assim, não poder ver essa pessoa é muito mais doloroso. Não poder ver essa pessoas é muito, muito mais doloroso. Por eu gostar dele, eu o deixei.

- Você gosta dele, mas o está abandonando?

- Isso é pelo bem de sua felicidade.

- Felicidade... o que é isso?

Por detrás de uma árvore alguém vinha surgir. Um homem, caminhando em direção da amiga triste. De frente para ela, cujo se encontrava sentada sobre a grama, ele respondeu a pergunta de sua amiga:

- Felicidade é estar com alguém que você ama. Apesar de termos passados por momentos dolorosos e bons pelo fato de estarmos juntos. Mas, não poder ficar junto é muito mais doloroso.- e com seu olhar de encontro com a menina - Eu quero te fazer feliz.

Então sua amiga observou os olhares dela, que de água já vinha a transbordar, e se levantou. Olhou para a amiga e fortemente perguntou:

- Essa é a sua felicidade?

Incomodada, a menina pôs-se a levantar.

- Minha felicidade?

E sua amiga segurou-a pelas mãos.

- Sua felicidade está apenas com aquela pessoa. Apesar de ser doloroso... Apesar de que seu coração venha a doer... Mesmo assim, você ama - passou tuas mãos para o menino- essa pessoa.

Assim feito o que deveria ser feito, a amiga retirou-se. E os dois, sentindo o vento tocar seus rostos, cada vez mais próximos. Ele nada dissera, esperava por uma palavra dela. Então ela fez:

- Isso. Eu encontrei minha felicidade.

Seus olhares juntos se fecharam. Assim que os lábios se tocaram ela pôs-se a abrir delicadamente os olhos, parecia que o sol chegou a perturbá-la. Ela olhou para cima, para baixo, para o lado. Esticou os braços... concluiu: "Estou em casa". Sua amiga terminava de abrir a janela e veio falar com ela:

- Bom dia, dorminhoca. É fim da tarde e ainda está perdida no mundo de seus sonhos! Esqueceu que eu vinha lhe visitar? Não fala comigo a tempo, anda como doente para cima e para baixo. Fiquei preocupada. Pode me contar o que anda ocorrendo?

Ela sorriu suavemente. Olhou para baixo, levantou-se e sentou na ponta da cama, ao lado de sua amiga.

- Houve uma vez em que perdi uma pessoa valiosa. Meu coração ainda dói...

Por um instante ela calou-se e olhou fixamente para a porta. Sua amiga preocupou-se.

- O que aconteceu? Porque parou de contar? Começou tão bem!

- Vamos continuar no jardim.

- Porque no jardim? Aqui está ótimo.

Levantou-se, pegou seu chapéu preferido. Leve como um pena, disse sorrindo, embora ainda triste e, agora, com medo:

- Porque eu sonhei que ele vinha me procurar no jardim.

- Como tem certeza de que será real? Pode ter sido apenas um sonho.