Para eternidade...
" Era véspera de Natal, o vento passeava no sótão como um solitário vagando em meio a coisas desconhecidas, lá fora a neve caia fina como pequeninos flocos de açúcar que por sua vez não eram doces mas sim gélidos, bonecos de neve espalhados pela vizinhança e pequenas luzes piscavam ao longe.
Dentro de casa tudo parecia muito tranqüilo, levantou-se da cama bocejou, esticou o corpo cansado de dormir e disse para si mesma: - Bom dia Anne!
Com seu livro a tira colo foi pra sala de jantar, acendeu a lareira com a lenha que tinha conseguido com um vizinho dia antes o Sr. Peterson Colem um velhinho muito gentil que morava com seu neto Thomas Creaa Colem, o neto havia ido morar com ele depois do trágico acidente que levou a vida dos pais há muitos anos atrás.
Thomas sempre foi um menino muito quieto, mais depois se tornou um jovem muito maduro, gentil como o avô e dedicado, além dessas qualidades ele tinha tornado-se um belo rapaz, alto e esguio com cabelos castanhos, tinha os olhos pequenos como o da sua mãe (o avô sempre dizia isso) e de sobrancelhas grandes, os lábios rosados... o sorriso era do pai sem duvida! Repetia o avô coruja.
Enquanto a lenha soltava faíscas e estalo Anne viaja em seu mundinho, e quase que sonhando acordada (por que tinha acabado de acordar de fato! RS) se imaginava nos braços de seu amado, é ela estava apaixonada... E por Thomas Creaa Colem!
Fazia pouco tempo que ela o havia conhecido, quando chegou de mudança para Ohio foi o rapaz e o avô quem fez a recepção calorosa de boas vindas a jovem, que foi passar um tempo na casa que ela tinha nascido há 20 anos atrás.
Apesar de se conhecerem pouco já era o suficiente pra terem uma intimidade que jamais ela tinha tido com alguém, afinal ele sempre estava disposto a ouvi-lá tomando um chocolate quente até altas horas da madrugada! Esse sentimento era mútuo e ela sabia.
Em uma noite estrelada Thomi (como carinhosamente Anne o chamava) apareceu em sua janela fazendo uma serenata, era o começo da primavera e levou consigo um botão de rosa azul, envolvida pelo momento acabaram beijando-se!
Mais esse sentimento que tinha tudo pra ser uma linda história de amor entristecia o coração da jovem, pois ela pouco antes de se mudar para Ohio descobriu que tinha uma grave doença, apesar de ser tão jovem já estava com seus dias contados. Foi então que ela resolveu que deveria contar a verdade para seu amado Thomi, pois não achava justo que ele sofresse por uma coisa que era só dela...
Mais ela também não tinha coragem suficiente pra falar, pois esse era mais que uma ferida aberta em seu peito, era uma ferida na alma, e tocar nesse assunto tão particular não era nada agradável.
Voltando a si, ouviu a porta bater varias vezes, olhou pelo olho mágico e viu o sorriso enorme de Thomi!
Logo o coração acelerou descompassado e as mãos suavam frias, abriu a porta e sentiu o vento frio beijando seu rosto macio e rosado.
-Bom dia, minha flor azul! Exclamou ele.
Ao ouvir o som da sua voz corou o rosto, e respondeu:
- Bom dia meu menino! E sorriu.
Thomi entrou, pendurou seu casaco no cabideiro e sentou no sofá da sala.
Conversaram muito, sobre todos os assuntos e deram muitas risadas como de costume, mais por um instante o silêncio tomou conta do ambiente, e como que em um sopro que sai de uma vez Anne contou o que lhe afligia...
Com os olhos cheios de agua Thomi ouviu atentamente até o fim o que Anne dizia, e por fim quando já pesados demais fechou os olhos deixando que as mais puras águas tocassem o chão.
E foi na véspera de natal que descobriu que o amor de sua vida, estava gravemente doente, que ironia justo no dia que ele a pediria em casamento!
Engolindo amargamente tudo que tinha descoberto a pouco ele sorriu e disse:
- Meu amor! Eu esperei tanto tempo pra te encontrar, que não vou perder você... -Anne com soluços de choro ia começar a falar, mais ele colocou gentilmente a mão em seus lábios e continuou:
- Eu sei que você está doente, e já entendi sobre a hipótese de cura... Mais você está viva, bem aqui na minha frente! E vou te dizer não importa quanto tempo teremos juntos, o que importa que se passarmos uma única noite essa será sem duvida a noite mais feliz da minha vida, por isso te imploro que não me prives da minha felicidade!
Sem palavras e aos prantos Anne abraçou Thomi e deu lhe um beijo com a sua alma, por um momento esqueceram do chão e flutuaram embriagados de paixão.
A noite já se aproximava, esse seria sem duvida o natal mais feliz da vida de Anne, o avô de Thomi tinha ido viajar pra casa de seu filho mais novo, todo ano ele se vestia de papai Noel para os netos.
Então seria um natal a dois! A casa já estava decorada, os enfeites que ela mesma tinha preparado, detalhe por detalhe, velas, sinos e uma linda árvore de natal com uma estrela na ponta!
Uma taça de vinho pra brindar ao amor dos dois! Riram juntos, dançaram e se beijaram de uma forma inesquecível, sussurros ao ouvido e arrepios tomavam conta de seus corpos... Enfim entregaram-se um ao outro de corpo e de alma.
- Como eu te amo! –dizia Anne para Thomi que respondeu:
- Não mais que eu a ti!
Enfim, com uma mistura de sentimentos abraçaram-se e adormeceram...
Na manhã seguinte Thomas acordou com um aperto no peito sabendo que aquela noite tinha sido única e insubstituível pra sempre em sua vida...
Naquela noite Anne tinha adormecido em seus braços para a eternidade!"