O NOVO E O VELHO (O ENCONTRO)

O NOVO E O VELHO (O ENCONTRO)

Tal história se passava ainda no início do século XXI, quando o cheiro da fumaça nas cidades ainda se via amainado pelas queixas realizadas nos movimentos ambientalistas socialistas e por outros que sem objetivo claro se uniam as massas somente para externar sua raiva sem razão; e dessa forma saqueavam o bem privado e destruíam o bem público, bem nessa época as mentes se abriam bem mais rápido do que sua descrença e falta de princípios podia suportar; tinham-se dessa vez tantas alternativas que mal se podia escolher uma sem cogitar em sua permutação por cinco ou seis novas possibilidades, sendo que cada uma em separado era tida apenas como um encaixe do todo que estava disposto apenas em função da praticidade nem sempre fácil de ser compreendida se mirada mais de perto. É nesse mundo onde a realidade se confunde com a ficção de um dia e agora saturada por si mesma em um âmbito insuportável de coisa desejada, onde após ser alcançada se torna inútil por não se saber o que fazer com ela que vivia aquele homem bem seco, já no fim da juventude com um ar Nestor com a robustez de alguém um pouco mais velho mas os traços próprios ao seu tempo, vestido de forma descuidada com uma calça á cair da cintura e uma camisa aberta até a metade, parado na rua a esperar um caminhão passar como se aquilo fosse uma providência para descansar um pouco, não que tivesse feito muito esforço, de fato era sedentário e acordar mais cedo lhe trouxe um cansaço antes mesmo de começar seu dia, olhava a sua volta sem perceber muita coisa, não lhe importava mesmo se havia alguém estirado no poste no ponto do qual acabara de sair rumo ao outro lado ou se a padaria para a qual se dirigia estava fechada, fato só perceptível a ele após perguntar a uma senhora no final daquela fila a finalidade de tudo aquilo. Após fitá-lo da cabeça aos pés e verificar se ele não estava brincando, aquela mulher de certa idade, cabelos grisalhos bem presos, vestida numa roupa confortável e peculiar com tons fortes de um floreado qualquer, algo bastante aproximado de uma camisola, ela aponta para a padaria e contrastando com seus trajes(trapejos) descontraídos responde com ar sério:

-A essa hora e ainda está fechada... – A princípio ele não entende, então a olha com mais cuidado verificando se não é uma conhecida sua, após a constatação certa faz as apresentações como de costume ao encontrar uma mulher, a começar pelo nome, ela se sente lisonjeada pelo interesse de alguém tão jovem mesmo que fosse apenas por seu nome, ela imagina algo engraçado, ele só poderia ter esquecido os óculos, ela responde com ar um tanto que infantil com uma jovialidade que não tinha:

- Me chamo Kerolyne... – E antes que ele apertasse sua mão, a beijasse no rosto ou dissesse qualquer coisa ela lhe pergunta com uma segurança que o assusta:

- Onde estão seus óculos? - Nestor não pode acreditar naquilo, ela só podia conhecê-lo de algum lugar, ele não lembrava por seu nome, o que dizer... era péssimo com nomes, e eram tantas pessoas que até confundia seus rostos. Ainda confuso com aquilo, resolvera fingir e responde agora com uma segurança tola que não convenceria uma criança:

- Ah sim agora lembro de você... me desculpe, que cabeça a minha, já faz um certo tempo, é muito bem revê-la. – Ele reconhece um ar de dúvida no rosto da mulher, então responde eloqüente:

- Ah os óculos, pois é esqueci em casa, minha vista fica péssima pela manhã... e você como vai? está tudo bem mesmo? E a padaria? o que houve? - Kerolyne não sabe qual das três perguntas responde primeiro tamanha a rapidez a qual fora imperstigada por aquele estranho, e sem fazer muito caso daquilo, afinal perderia muito do seu tempo para explicar-lhe que não o conhecia de lugar nenhum, responde sobre a padaria:

- Está fechada... – É incrível para ela mas ele não entende, então repete de forma lenta.

- A padaria da esquina logo a frente está fechada. – Só assim ele consegue se situar e responde num sorriso como se com isso explicasse a falta de atenção e o fato de não tê-la reconhecido, o que era irrelevante para ela mas que lhe causou certo riso:

- Viu... fico cego sem meus óculos.

(CONTINUA...)

jonnez
Enviado por jonnez em 03/12/2010
Reeditado em 03/12/2010
Código do texto: T2650833
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