A PROSTITUTA - Dois destinos, um caminho

Kate era uma mulher solitária, vivendo nas noites, fazendo “programas”. Aos vinte e seis anos, ela atendia aos seus “clientes”, em seu próprio apartamento. Cheia de complexos e traumas, refugiava-se nas drogas para esconder todo o seu sofrimento. Com seu estilo de vida agitado, Kate vivia dia após dia no submundo da prostituição. Com um lado espiritual influenciado por inúmeras religiões, ela costumava meditar, sempre que podia, ouvindo mantras indianos para “relaxar” e esquecer a

angústia que trazia em seu peito ferido. Kate era leitora assídua de livros sobre o movimento “nova era”, fascinada pelas mensagens de “auto-ajuda”, mensagens positivas, e várias obras literárias desse gênero. Possuindo uma vasta coleção de livros, aquela triste mulher, tentava ser feliz, seguindo a risca, a muitos conselhos descritos por grandes personalidades que sempre acreditaram na felicidade, e acabaram alcançando êxito em suas vidas.

Este é o perfil de uma mulher que, vivendo entre grandes abismos, acreditava que um dia seria feliz, driblando com todas as suas forças, os obstáculos que surgiam em sua frente, a cada dia. Certa feita, ao receber um de seus “clientes”, ela ficou surpresa ao saber que ele era um de seus amigos de infância – Ronald. Ele contara que a encontrou num anuncio de jornal. Mas, Kate o recebeu com naturalidade e muito profissionalismo. Embora não pudesse esconder o seu nervoso. Eles haviam estudado juntos quando crianças. Kate recordara que tinha planos de ser professora, e Ronald, sempre falava que, quando

crescesse queria ser um astronauta. Mas o tempo passou e os seus destinos tomaram rumos completamente diferentes.

Kate e Ronald conversaram sobre vários assuntos, pois não se viam há muito tempo. Momentos depois, Ronald já se sentira mais a vontade naquele apartamento. Ronald tornara-se publicitário, abandonara o sonho de um dia ser astronauta. Ainda jovem, casou-se com Sophia, a qual lhe dera dois filhos. Uma mulher humilde, amorosa, que sempre se dedicou ao lar e a família. Para Ronald, uma mulher exemplar. Apesar de ter uma boa estabilidade financeira, que lhe desse conforto e ranquilidade, Ronald sabia que seu casamento estava por um fio, prestes a desmoronar. Razão pela qual, ele procurava dar

um pouco mais de “sabor” à sua vida. Sendo assim, ele buscava no sexo, nas drogas e no álcool, a solução dos seus problemas.

Kate ouvira que Ronald queixava-se de sua vida agitada, com agendas, palestras, cursos, seminários, e até mesmo viagens para o exterior. Ele falava como alguém que estava sufocado, tentando “respirar” para não morrer. Em seus olhos havia muita tristeza e um grande vazio. Por alguns instantes, Kate esquecera que estava ali a trabalho, e já não via Ronald como mais um de seus “clientes”. E entre uma e outra conversa, rolavam algumas doses de champanhe, a bebida preferida de Kate. Juntos, eles brindaram o reencontro, estavam de fato felizes, porém, Ronald notava em sua amiga, certa inquietação. Algo incomadava Kate, ela se sentia incapaz de fazer um “programa” com seu amigo de infância. Ela estava com muito receio de estragar o clima e quebrar aquele “elo” que os ligava a um passado cheio de boas recordações. Aquela mulher depressiva desaparecera, pois Kate, não queria que Ronald desconfiasse de sua dependência química, como refúgio nas horas amargas.

— Vou ao banheiro — Disse Kate, com um tom de voz suave e delicado. — Fique a vontade — Respondeu Ronald, já bastante familiarizado com a situação, e empolgado com a beleza do apartamento. No banheiro, Kate silenciosamente, preparava uma “carreira” de cocaína, para rapidamente consumi-la, na esperança de superar as suas crises emocionais. Ela precisava manter a aparência de uma pessoa feliz, alegre, sem nenhum traço de tristeza em sua face. — Voltei! — Exclamou Kate, após ter lavado o seu rosto, para que Ronald nada percebesse. — Bonito apartamento! — Disse Ronald, já bastante “alegre”, pois já havia consumido diversas doses de champanhe. — Obrigada! — Respondeu Kate, orgulhosa de seu lindo apartamento.

As horas avançavam, e assim, eles trocavam suas experiências, e contavam as suas aventuras. Kate adorava música clássica, e em sua casa possuía uma grande coleção de música erudita. Ronald, por sua vez, demonstrando mais interesse

pelas belas melodias, resolvera assim, ouvir algumas composições que lhe traziam paz á sua alma. Em pouco tempo, eles entregaram-se ao prazer da música, viajando pelo tempo através das lindas canções. Naqueles instantes, Ronald lembrou-se de sua infância, de como foi a sua vida num colégio público. Uma vida sofrida, sem mordomias, sem luxo, com grandes dificuldades. A música o fez refletir sobre todos os momentos por ele vividos até ali. Aquele encontro marcou profundamente a sua vida.

Dois anos mais tarde, Kate deixara a vida de prostituição, convertendo-se ao evangelho de Jesus Cristo. O qual lhe abrira os olhos, mostrando-lhe um caminho de paz e refrigério para a sua alma tão sofrida, durante muitos anos. Infelizmente, Ronald teve o seu destino traçado de forma dura e cruel. Vivendo uma vida tortuosa, completamente desregrada. Na tentativa

de buscar prazer longe de sua amada esposa, ele contraíra o vírus do HIV, de uma de suas amantes. No hospital, ele lutou com todas as forças para reverter a sua triste situação, porém, a sua doença já estava em estado avançado.

Desenganado pela medicina, Ronald sentia-se um ser desprezível, carregando dentro de si, a vergonha e uma grande culpa. Já fraco e debilitado, ele percebera que as suas amantes o abandonaram completamente. Descobrira também que o sexo por dinheiro jamais preencheu o vazio de sua alma. Porém, a sua esposa fazia por ele, constantes oraçãos a Deus. Ronald morreu aos trinta e dois anos, deixando para trás sua esposa e seus dois filhos.

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“A prostituta; dois destinos, um caminho", é um conto fictício. Qualquer semelhança será mera coincidência...

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© JUNIOR OMNI – 2008

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Enviado por JUNIOR OMNI em 02/12/2010
Reeditado em 15/04/2023
Código do texto: T2648499
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