NA SALA DA MINHA CASA

O colégio onde Luly estudava estava iniciando seu segundo semestre letivo e ela chega bem cedo para bater um papo com suas duas melhores amigas. No meio da conversa Beth propõe uma aposta a Luly. Simplesmente ela teria de conquistar nada mais nada menos que o garoto mais esquisito e tímido da classe.
E este era Zé Roberto, o cara mais cafona e brega que as três já tinham posto os olhos. Ele usava um enorme óculos fundo de garrafa, cabelo partido ao meio, além de um horripilante aparelho dentário. Resumindo Zé Roberto era um verdadeiro horror e por causa de sua aparência esdruxúla o pessoal da turma dizia que ele era um zero a esquerda, surgindo daí o apelido de Zero.
- Então Luly topa ou está com medo? Pergunta Beth em tom desafiante.
- Eu aceito o desafio! Exclama Luly exibindo uma cara de receio.
Enquanto Zero era feio e cafona, seu irmão Emerson era o oposto: corpo atlético, cabelo punk, roupas super maneiras e os olhos azuis mais lindos do planeta. Só que Emerson era convencido e orgulhoso e namorava desde o começo do ano a chata da Monalisa. Filosofava Luly às amigas que também suspiravam pelo irmão de Zero.
A sirene toca para o começo da primeira aula logo após Luly e as amigas acertarem os detalhes da aposta. Na hora do intervalo Luly começa a observar sua vítima. Realmente Zero era um horror e Luly só ia fazer aquele sacrifício por causa do prêmio que era o pagamento do resto do semestre letivo por conta de Susy e Beth.
Na hora da saída Luly fica na porta da sala a espera do bobo do Zero que era sempre o último a sair da turma.
Quando Zero vai saindo Luly deixa acidentalmente seus livros cair no chão. Ele os apanha e entrega indo embora em seguida. Este Zero era um completo panaca mesmo, nem me convida para um sorvete ou algo assim pensa Luly bufando de raiva. Sem hesitar Luly corre atrás e toma a iniciativa.
- Você quer tomar um sorvete comigo? Indaga Luly sorrindo.
- Claro que quero... digo se você quiser... tem certeza Ana Luísa?
- Por favor Zer... digo Zé Roberto me chame de Luly como todos da turma. A propósito você me acha feia, bruaca, baranga, mufanga, bruxa ou coisa parecida?
- De jeito nenhum An... desculpa Luly, te acho linda.
Esse Zero não era tão bobo assim e talvez com essa aproximação eu conseguisse ficar mais perto do Emerson, calcula Luly satisfeitíssima.
Pouco tempo depois Luly e Zero estão na lanchonete Delícia Gelada que ficava perto da escola e por isso era ponto de encontro dos alunos. Conversa vai conversa vem e Luly convida Zero para irem ao cinema no dia seguinte.
Zero aceita o convite e pergunta logo a Luly qual o motivo daquela aproximação repentina.
- Nenhum motivo especial! Apenas quero te conhecer melhor e qual outro motivo poderia existir? Luly questiona intrigada.
- O meu irmão, já aconteceu muito isso comigo. As garotas me usarem como ponte para chegar até o mano, só porque ele tem aquele físico avantajado.
Luly tranquiliza Zero dizendo que Emerson já tem namorada e além o mesmo não fazia o seu tipo. Ela preferia rapazes fora dos padrões normais de beleza, Luly faz questão de enfatizar isso.
Ao terminar o sorvete Zero vai embora. E Luly ao sair da lanchonete encontra às amigas que querem saber de todos os detalhes. Antes de irem elas lembram Luly de que a mesma terá de beijar Zero em plena sala de aula. Luly achava essa a pior parte da aposta.
No outro dia após a aula, Zero e Luly vão ao cinema. E lá Luly nota que em mais de meia hora de filme Zero não tentara uma vez sequer beijá-la. Ela então resolve agir. Primeiro põe o braço de Zero no seu ombro, em seguida pega a mão dele e coloca na perna e espera. Transcorridos uns minutos e nada. Roxa de ódio e depois de contar até 10, ela agarra Zero pelo pescoço e o beija de supetão tendo com isso a maior surpresa. Zero sabia beijar muito bem e a mesma jamais havia sido beijada daquela forma. Após se largarem ambos precisam de alguns minutos para recuperar o fôlego. Já mais calmos. Zero exclama em tom baixinho.
- Eu tenho uma coisa pra te contar, ou melhor, confessar. Sua voz estava vacilante e Zero começava a suar.
- Pode falar sem medo Zero, eu sou uma garota moderna e compreensiva.
- Eu sempre fui apaixonado por você e agora o que tanto sonhei aconteceu, você finalmente prestou atenção em mim...
Luly não aguenta a revelação de Zero e cai na gargalhada. Logo depois conta tudo sobre a posta com Susy e Beth.
Zero fica perplexo e saí correndo deixando Luly com cara de idiota perante todos os que estavam assistindo o filme. Antes lhe diz meia dúzia de desaforos e palavrões.
- Idiota! Eu nunca mais olharei para a sua cara, balbucia Luly com raiva. Luly ao chegar em casa telefona as amigas que ficam chocadas com a paixão platônica de Zero.
Na manhã seguinte é preciso muito esforço para tirar Luly da cama. Finalmente dona Laura consegue fazer a filha ir para o colégio. Ao entrar na turma Luly nota que Zero não estava presente. Ela senta perto de Emerson, visto quando ela entra acena discretamente em sua direção. No meio da aula ele pede a ela para esperá-lo na saída. Já na saída Emerson a convida para saírem à noite.
- E a Monalisa? Ela questiona ansiosa pela resposta.
- Eu nunca mais quero ver aquela caretona na minha frente, exclama Emerson mostrando indignação.
Enquanto Luly tinha que tomar a iniciativa com Zero, com Emerson era tudo ao contrário. Ele em poucos minutos já tinha a beijado umas seis vezes e tentando passar a mão onde não devia. Era difícil acreditar que Zero e Emerson eram irmãos. Só que Emerson no sabia beijar tão bem como Zero e ele era meio chato. Eles saem algumas vezes e aí Luly pergunta qual o motivo de Zero nunca mais ter aparecido no colégio.
- Ele está fazendo uma operação para se livrar dos óculos saca, e assim deixar de parecer tão mané. É verdade que você saiu com ele?
- Sim, porque...?
- Ora porque o Zero é meio feio, apesar de ser meu irmão. Eu já tentei ajudá-lo a mudar várias vezes e ele sempre recusa.
O fim de semana passou rápido. Emerson telefona para Lula no domingo pela manhã convidando-a para sair. Luly no topa querendo se distrair, já que não conseguia tirar Zero da cabeça.
Segunda-feira. Luly chega atrasada para primeira aula e ao entrar na sala tem uma surpresa. A primeira pessoa que ela vê é Zero, só que de visual novo. Ele havia tirado os óculos, cortado o cabelo bem curtinho e botara roupas hiper transadas, parecidas com a do irmão. Um Zero totalmente repaginado.
Com o objetivo de se aproximar de Zero, Luly tenta terminar a aposta. Na hora do intervalo ela aproxima-se dele com cautela e lhe dá um beijaço. Zero, porém não corresponde e todos percebem. E de uma só vez chamam Luly de oferecida. Luly fica sem graça e é salva graças a intervenção de Emerson que a agarra e a beija.
Durante o intervalo Luly percebe que Zero, Beth e Susy conversavam descontraidamente. Mesmo de longe ela nota o interesse dele em Beth, ela não ousaria divaga Luly receosa. Na hora da saída Luly os ver indo para a lanchonete Delícia Gelada. Susy vem contar a Luly que Zero estava mesmo mudado até os papos eram sobre outros assuntos.
Aquela aposta havia sido uma grande estupidez conclui Luly. Ela nunca deveria ter brincando com os sentimentos de alguém daquela forma e o pior era que Zero a amava com sinceridade. Ela só não entendia o porquê dele estar fazendo aquilo, tratando-a assim daquela forma cruel. Luly pensa e repensa e resolve que não irá ficar se lamentando pelos cantos. Iria fazer Zero ficar morrendo de ciúmes e isso seria possível graças ao chato do Emerson. Em pouco tempo Luly estava na lanchonete e ele aproveitando-se da situação consegue beijá-la inúmeras vezes. No entanto Zero parecia não ligar e fazia a mesma coisa com Beth. A pedido de Luly, Emerson vai até lá e convida o irmão e Beth para amanhã irem a praia juntamente com o mesmo e a nova namorada, Emerson frisa bem essa última parte. Zero topa de imediato. De longe Luly jura que amanhã faria Zero ajoelhar-se a seus pés.
No dia seguinte Luly estava esperando Emerson na portaria do prédio. De repente ele chega no seu bugre com Beth e Zero no maior amasso no banco traseiro. Para admiração de Luly, ele nem ao menos lhe lança um olhar durante a manhã toda e sim ficara no pé de Beth sem dar uma folga. Será que ele mentira no cinema naquele dia. Não, não podia ser, suas palavras pareciam tão verdadeiras pensa Luly retendo o choro que parecia inevitável. Inventando uma dor de cabeça Luly pede a Emerson que a levasse em casa. Zero e Beth resolvem ficar dizendo que iriam mais tarde de ônibus mesmo.
Ao chegar em casa Luly corre para o quarto e se desfaz em lágrimas. Após alguns minutos de choro ela adormece profundamente. É despertada por alguém batendo a porta. Era sua mãe a chamando para dizer que há horas um rapaz a esperava na sala. Luly sai do quarto correndo rumo a sala e lá estava Zero perdido numa revista. Luly se aproxima e exclama:
- Você quer falar comigo?
- Sim, gostaria muito! Queria te pedir desculpas e dizer que te amo. E que fiz tudo aquilo para te dar uma lição. Se você não quiser mais me ver, o que é óbvio, já que está namorando o gostosão do meu irmão, queria pelo menos que ficássemos amigos.
Após essa declaração Luly corre para junto de Zero e o abraça com força e então eles se beijam feito dois loucos. Agora com todos os problemas resolvidos Luly via uma bonita história de amor começar ali na sala de sua casa.

Zaymond Zarondy
Enviado por Zaymond Zarondy em 29/11/2010
Reeditado em 29/11/2010
Código do texto: T2644564
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