Ele dos olhos verdes

Se amar é sofrer, acho que nunca amei, penso que sempre estive errada em acreditar que aquela sensação confortável era um sentimento, talvez nem fosse isso, aquele garoto era especial demais para eu ficar querendo entender as complexidades que acontecia comigo, eu não reparava em mim, mas nele para que tudo durasse um pouco a mais, antes de despertar e ter a sensação que algo muito grande saia da minha pele, um vulto talvez, cor de rosa, sabia que não estava morta por ainda ter sensações, mas parecia que quando ele estava por perto, era o mesmo que estar alma a alma no meu corpo. O menino era uma espécie de mago, aqueles olhos me deixavam tão completa que eu não pensava em nada, só me sentia muito feliz, não sei, mas ele tinha um dom, ele podia estralar os dedos e eu não estava mais ali, ele me tinha de uma maneira absoluta, aquele sorriso me fazia sorrir também. E para cada pessimismo, ele era a luz. Para cada noite, um novo sonho e em cada plano que eu fazia para o futuro, estava incluído o homem da minha vida, o futuro pai dos meus filhos, minha alucinação, a realização e talvez uma razão, mas só talvez. Não tinha certeza de nada, só ficava impressionada ao ver o que havia por dentro do meu corpo, a primeira vez que vi meu coração, me assustei, pensei que fosse diferente, ele era forte e batia feito louco. Meu sangue correndo podia falar e meus pulmões eram estranhos, apesar de magníficos.

Eu nunca estive com ele, eu só o via debaixo do boné, eu nunca senti a mão dele e nunca o ouvi pronunciar o meu nome, mas ele estava lá e só de vê-lo eu entendia o que realmente era a dor que tanto diziam, mas eu nunca senti, com tantos sonhos, com tantas vezes que estive abraçada por pensamentos, não tive tempo para passar mal. Claro que eu queria viver na realidade, eu o desejava muito, ele não queria me ver infeliz, então nas horas que mais me sentia só, ele me cobria de beijos na minha mente. Podíamos fazer o que quiser, podíamos ser o que quiséssemos, éramos tanto juntos que quando eu o via tinha grandes recordações e em momento algum me importei por ele nunca ter gostado de mim de verdade.

Se chorei foi por felicidade e se fui pessimista era medo da esperança acabar, até reparar que ainda era cedo, tão cedo que ainda nem havia amanhecido e se um dia a esperança acabasse, não importava, eu encontrei em mim outros propositos para viver, coisas que se aprende com a vida, coisas que não sei escrever, coisas de fé, coisas que me fazem crer. E o menino ficará por mais dois anos ali e eu por mais dois anos aqui, separados para nenhum enjoar do outro.

Ts'

Taty Sbrugnara
Enviado por Taty Sbrugnara em 25/11/2010
Código do texto: T2635992
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