Nosso Abraço
Você vem devagar, lentamente o reconheço. Os seus braços envolvendo os meus ombros, a minha pele. De relance, vejo a sua expressão de emoção, de sentimento profundo e indefinido por mim. Sinto, no seu abraço, tudo o que poderíamos ter vivido juntos em todos estes anos. Vejo também, o que talvez possamos ter. Sinto, ao abraçá-lo, uma profunda solidão de homem feito, solidão dos outros, da vida, do amor verdeiro. Solidão desses nossos abraços nunca sentidos. Sinto também o receio deste homem, do que possa nos acontecer. O amor contido nos gestos, nas pequenas palavras. O reencontro do olhar de menino para o olhar de mulher, do olhar de garoto para o desejo do homem. Enterneço-me nos seus braços. A minha solidão confunde-se com a sua, solidão não de carência, mas de contatos, como esse que temos agora. Não nos perdemos nestes tantos anos, porque? Nos intervalos dos nossos encontros, reflito sobre mim, sobre nós e, dessa reflexão, viajo para o meu centro, que diz sem questão: "Vá em frente..."