PARECE NOVELA
 
 



Naquela época em que as moças casavam cedo, Matilde, solteira rica já beirando os cinquenta, morava numa cidadezinha do interior, onde trabalhava em uma das lojas herdadas do pai. Feiosa, de humor irascível, de repente se apaixonou. A família ficou de orelha em pé, pois o namorado bem mais novo que ela, surgido não se sabe de onde, não tinha lá uma cara muito confiável. Mas ela insistiu, queria porque queria se casar. Um de seus irmãos resolveu, então, acomodar a situação. Dono de um grande restaurante na capital, propôs que fizessem o casamento em seu próprio estabelecimento. E lá se foram todos para a festa. Diante do juiz os noivos disseram o sim e assinaram papéis. Em seguida, jantar, bolo, champanhe e música ao vivo.
 
Passados dois anos, como muita gente havia previsto, o casamento naufragou. Um belo dia o marido sumiu, reaparecendo logo em seguida no restaurante do cunhado reclamando seus direitos à metade dos bens da ex-mulher, de acordo com a comunhão universal. Para tanto, brandia no nariz do outro a certidão de casamento. Às gargalhadas, o cunhado rasgou o papel. Furioso, o homem se levantou vociferando que ia ao cartório buscar uma cópia. De nada adiantou, não havia registro em cartório algum. 
 

A cerimônia do casamento não passou de uma farsa, tendo sido o juiz apenas um ator contratado...
 






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