Enquanto o céu for o nosso limite - Décimo Segundo Capítulo

Por alguns minutos que não saberia precisar quantos, ela ficou com os olhos fixos nas letras que acabara de ler e em seu coração a cena do encontro que tiveram na Pousada, novamente desenrolava-se à sua frente. Era como se revivesse todos os sentimentos deliciosos e mágicos e em seus olhos, lágrimas brotaram quando lembrou-se da manhã seguinte, do bilhete sem explicações, da partida sem nem ao menos um adeus...

Ainda não entendia o quê havia acontecido e depois desses longos meses, ela já tentava esquecer Pablo – em vão, é fato – e tentar seguir adiante. Mas em seu coração, sempre viveu a esperança de um dia revê-lo.

E nesse momento em que de fato sua esperança confirmava a intuição que gritava em seu peito, a razão – motivo pelo qual muitas vezes deixamos de nos entregar de corpo e alma – dizia-lhe para que não confiasse.

É certo que depois desse tempo todo sem sequer uma comunicação, ela teria de ter cautela. Mas agora, após receber aquelas flores, seu peito ardia de saudade e todo o seu corpo estremecia.

Não lembrava de sentir isso antes. Nem mesmo com Carlos que fora seu grande amor até então.

O dia estava chegando ao fim e seus olhos fitavam o crepúsculo alaranjado no céu que antes era banhado por um azul aveludado.

Ainda tinha algum tempo para decidir-se . Não sabia ao certo se iria ao encontro marcado.

Dezoito horas. Rosa recolhe suas coisas, arruma sua mesa e tenta aparentar uma calma longe de ser verdadeira. Pega sua bolsa, seu bouquet de Margaridas e segue para o elevador. Seus passos parecem durar mais do que de costume e ela respira aliviada quando finalmente abre seu carro e senta-se no banco. Fecha os olhos por alguns segundos e a sensação aconchegante que sente a agrada e acalma.

Segue para sua casa. Lá, toma um banho vagarosamente como se quisesse arrumar uma desculpa para se atrasar e, enfim, não ir ao encontro com Pablo.

...

Letícia Cesario
Enviado por Letícia Cesario em 06/11/2010
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