Enquanto o céu for o nosso limite - Sétimo Capítulo
Resolveu então que fecharia os olhos novamente e tentaria recuperar a calma roubada em apenas alguns momentos. Cerrou os olhos, mas a sensação de que ele a observava fez com que seus olhos não obedecessem aos comandos e se abrissem.
Tomada de uma coragem súbita, olhou firmemente nos olhos daquele homem que, a essa altura, já achava encantador. Ele retribuiu e sustentou o olhar. Calmamente, ele começou a conversar assuntos triviais. Aos poucos, Rosa foi sentindo-se mais à vontade. Até ria de alguns fatos engraçados contados pelo seu mais novo conhecido de nome encantador: Pablo.
Embora a conversa estivesse marcada por uma intimidade latente, ele pouco dizia de si. Ao mesmo tempo em que muita coisa contava e falava, mantinha ocultas as informações sobre sua vida. E isso despertara ainda mais curiosidade em Rosa.
Era claro para ela que ele viera do Sul do país, dado seu sotaque carregado e encantador. Além disso, não conseguira saber sequer, se Pablo era casado. Sua curiosidade fez com que seus olhos procurassem uma possível aliança, o que facilitaria seu trabalho investigativo. Não, não havia aliança. Sequer relógio, ele usava. Mas tinha um jeito enfeitiçador fazendo com que a conversa se prolongasse até o sol se despedir, parindo no céu tons alaranjados num espetáculo de beleza e magnanimidade.
Só então, deram-se conta do tempo em que estiveram sentados lado a lado, conversando. Meio sem jeito, Rosa ameaça levantar-se.
“Vais embora, menina?”
Um calafrio percorreu por sua espinha. Menina...ela escutara sua voz ali naquele momento dizendo essa palavra e era como se escutasse a voz de seu próprio interior relembrando do bilhete recebido em meio às flores.
Olhou ainda mais firme nos olhos de Pablo tentando achar resposta, mas foi em vão. Seus olhos de um verde esmeralda muito vívidos, ocultavam a verdade e ainda pareciam penetrar pelos dela, criando uma intimidade que, naquele momento, a incomodou muito.
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