Aquele Olhar
Seguiu-me, lançando olhares que me espinhavam.
Meu coração cantava Toccata de Bach, e o medo subia pelas minhas pernas.
Eternas sensações que não se concluíam, sendo que,
o que eu mais receava era aquela meia hora de hesitações.
Vencemos.
Sentei-me e apenas observei o amor sentando ao meu lado.
Nenhum constrangimento haveria de estragar o sonho por inabilidade minha, então deixei que as pernas se roçassem, atiçando o desejo.
Ele me cumprimentou pela cor do estofado e pelo espaço da sala,
sem deixar claro em que espaço estavam fitos os seus olhos.
E preso dentro do meu olhar, banhando-me com seu prazer,
tomou-me num beijo longo, intenso...profundo.
(Não havia fumaça de incenso aromático,
suavizando a essência do ar,
mas o perfume permaneceu por anos, por meses,
no passar de cada dia,
e quando suspiro profundamente,
posso sentir o cheiro daquele corpo,
que me olhava fielmente, sabendo o quanto me possuía.)