Aquele Olhar

Seguiu-me, lançando olhares que me espinhavam.

Meu coração cantava Toccata de Bach, e o medo subia pelas minhas pernas.

Eternas sensações que não se concluíam, sendo que,

o que eu mais receava era aquela meia hora de hesitações.

Vencemos.

Sentei-me e apenas observei o amor sentando ao meu lado.

Nenhum constrangimento haveria de estragar o sonho por inabilidade minha, então deixei que as pernas se roçassem, atiçando o desejo.

Ele me cumprimentou pela cor do estofado e pelo espaço da sala,

sem deixar claro em que espaço estavam fitos os seus olhos.

E preso dentro do meu olhar, banhando-me com seu prazer,

tomou-me num beijo longo, intenso...profundo.

(Não havia fumaça de incenso aromático,

suavizando a essência do ar,

mas o perfume permaneceu por anos, por meses,

no passar de cada dia,

e quando suspiro profundamente,

posso sentir o cheiro daquele corpo,

que me olhava fielmente, sabendo o quanto me possuía.)

AURORA ZANLUCHI
Enviado por AURORA ZANLUCHI em 30/10/2010
Reeditado em 06/11/2011
Código do texto: T2587901
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