A Rosa e o Espinho - A Transformação
O Espinho ajudou a rosa a sonhar com a liberdade, a passar sua energias para que pudesse crescer e abrir-se para o vento.
A Rosa ajudou o espinho a sonhar com o perfume, a entender a liberdade mesmo com os pés amarrados na terra seca.
A Rosa ama esse espinho, na verdade ela nem conhece o significado de um Espinho ainda, pois este nunca lhe feriu de verdade, e a ela tem certeza de que isso nunca acontecerá, pelo menos de forma direta.
A relação deles é ótima, trocam segredos, olhares, perfumes, balançam juntos com o vento.
Falam também de problemas, da terra em que o Espinho já não acha nutrientes, e a Rosa do ar, que já não tem mais oxigênio.
Tudo que a Rosa quer, pensa, gosta ou pensa em gostar o Espinho já gosta , pensa, quer ou pensa em querer. Eles combinam em tudo, ou pelo menos ainda não descobriram no que não combinam.
Eles pensam tantas coisas iguais, têm tantas afinidades, carinhos, concidências, pois afinal, fazem parte de um mesmo Ser, criações de Deus.
Eles vivem num local onde o Sol passa apenas três horas por dia, perto da soleira de uma casa, de um homem que trabalha muito, e nem repara muito neles, mas não tem problema, aquelas poucas gotas de energia, bastam para que continuem juntos.
São as três horas mais felizes do dia para a Rosa e o Espinho, que se amam muito, de verdade.
O homem da casa, ao sair todos os dias, nem repara mas quase pisa neles ao passar, por Deus, isso não havia acontecido ate agora, mas...
Em um belo dia de Sol, o mais belo deles, Espinho e Rosa estavam lindos, grandes, fortes, a Rosa então não se cabia de felicidade, pois havia conseguido desabrochar de vez. Já o Espinho, que sentiu a mesma energia infinita, também era maior.
O homem saiu novamente distraído, e feriu a perna no espinho, com a dor, ficou com raiva, e sem pensar, arrancou a Rosa e o Espinho da terra, e não contente, partiu com as mãos, bem próximo a Rosa, o caule do Espinho, o caminho por onde mandavam e recebiam as suas lindas energias.
O homem, no desespero, nem lembrou das pontas afiadas e perfurou as palmas das mãos, e com a dor, jogou Rosa e Espinho, separadamente para o chão e se foi.
Neste momento, o mundo parou, tudo parou, o suspense era geral, todos sentiam nitidamente que o amor deles era lindo e especial, a grama chorou, o sol parou de esquentar, as nuvens cairam, o céu escureceu, o vento..., o vento...., Ah o vento que sempre os balancava!! Este não se conformou, resolveu soprar forte, soprou, e a rosa, quase murcha, rolou lentamente naquela direção, na direção do que ela mais queria, e foi chegando, chegando, até recostar sua cabeca nos ombros do Espinho amado.
Era o final mais triste, mas, tendo eles se encostado de novo, o Sol esquentou, a nuvem chorou lágrimas de alegria, o céu virou universo luminoso em segundos, a terra buscou seus mais profundos nutrientes. Já o vento deu sua última soprada, encaixando o que faltava, levantando Rosa e Espinho.
Deus chegou, chorou de alegria e de sua lágrima poderosa, brotou-se uma nova raiz nessa linda flor.