Adelaide

Rio,29/10/10

Rio de Janeiro provavelmente entre a Glória e o Catete que por volta de 1945 aconteceu essa história de amor e tragédia na vida da jovem Adelaide Duque Estrada. Era parente distante da família Osório Duque Estrada que por volta de 1500 teve participação no Descobrimento do Brasil.

A filha caçula de três irmães a mais desinibida de todas e aprendia tudo com mais rapidez. Aldenora era bonita demais. Cabelo cor do fogo, olhos acinzentados bem ao estilo europeu. Aldelina tinha um corpo mais forte que as outras e um olhar atrativo. Seus cabelos eram loiros e os olhos de um azul quase cristalino, de uma delicadeza impecável, desde o modo de vestir até se maquiar. Já a jovem Adelaide de doze anos. Essa sim, tirava o sossego de qualquer marmanjo que passasse na Praça Luís de Camões. Posto que, seus cabelos da cor da asa de graúna caiam pelos quadris enquanto esse balanceavam a medida que caminhava até a igreja aos domingos. Nem o padre.. Nem o padre conseguia se concentrar diante de tanta beleza mística enfiada numa pele tão alva como a nuvem, e os lábios de um rubro saliente que levantava qualquer moribundo.

Seu Nicanor e dona Genoveva traziam a moça aos cuidados da igreja. Temiam que Adelaide caísse no mundo da perdição. Embora Aldenora estivesse comprometida com o filho do secretário de Governo e Aldelina noiva do filho do maestro do Teatro Municipal. Então restava a jovem Adelaide costurar o enxoval das irmães, aprender canto para o coral da igreja, tocar piano e balé.

Um dia a jovem conheceu Narciso Belmont Prado. Bonito rapaz fardado que voltava da Barão de Mauá, posto que andava a serviço das Forças Armadas, cabendo a idade o alistamento. O bigode enroscado no canto da boca lhe chamou atenção. E mesmo de braços dados com o pai e a mãe. a moça não lhe tirava os olhos miúdos que se juntavam ao nariz. Narciso andava ao lado de outros dois marinheiros seus companheiros de serviço. Passava na rua naquele domingo e tão logo a viu, seus olhos se encontraram. Muito arisca a moça deixou cair seu lenço:

_ Vai lá Narciso, aproveita! _ Disse Aldo.

_ Não está vendo que ela está com o pai? _ Perguntou ele apanhando o lenço que cheirava a perfume de jasmin.

_ Se você quiser eu posso seguí-la e entrego o lenço. _ Sugeriu Braulio da Costa: _ faz um bilhete no próprio lenço e marca um encontro.

_ A idéia é boa. _ Ficou encabulado: _ E se ela for comprometida? _ Deixou o temor passar em seus olhos cor de avelã: _ Podem pegar e aí... _ Fez sinal de que cortaria seu pescoço:

_ Ora Narciso nem parece você! _ Aldo lhe deu um tapa nas costa: _ Um mulherão desses lhe dando confiança e você... Não estou lhe reconhecendo.

_ È mesmo. _ Comnfirmou Bráulio: _ Cadê o malandro da praça heim?

Sorriu no canto dos lábios os fitando de rabo de olho:

_ Nesse caso eu a sigo.

E lá se foi ele no seu passo vagaroso e sinistro de quem não tem pressa de chegar. Adelaide aproveitou que os pais encontraram os Pereiras barbosa e conversavam sobre os rumos da guerra. A Triplice Aliança brigavam por questões territóriais. E Esse assunto não interessava a jovem Adelaide, Na ponta dos pés, se afastou sobre o pretexto de ir na venda de flores pouco adiante da praça. Observava os arranjos de flores e rosas quando ele se aproximou:

_ Me dê um buquê de rosas. _ Pediu ele a vendedora.

A moça pegou os contos de réis e lhe deu o troco:

_ É para presente?

_ Depende da moça que tanto as namora. _ Olhou para ela recebendo de volta cândido olhar: _ Qual sua graça:

_ Sete.

Olhou meio desconfiado da zombaria com a qual retrucou:

_ Sete? Nunca ouvi esse nome.

_ Algumas família dão esse nome aos filhos. _ Disse a vendedora continuando: _ Logo ali na rua do Russel tem uma família que todos os filhos se chamam assim. São ao todo cinco, então pode imaginar os nomes né.

Sete sorriu mostrando os dendes branquíssimos. Ele lhe deu uma rosa vermelha:

_ Me encontra na igreja amanhã, ao meio dia. _ Falou-lhe ao pé do ouvido atendendo o chamado de seus pais:

_ Sete venha cá!

Dyanne
Enviado por Dyanne em 29/10/2010
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