Cornélio

Cornélio morava com seu primo, o Pedrão,

Em um cômodo alugado às margens do Parnaíba,

Que vez por outra era inundado pelas chuvas de inverno.

Cornélio conheceu Eliza, garota jovem de seus 21 anos,

Cintura fina, pernas grossas, bumbum levantado,

Cabelo liso e longo, olhar pecador, boca convidativa,

Seios apontados para o leste,

Uma tentação de menina mulher.

Logo Cornélio e Elisa se casam,

Mais uma para dividir o barraco,

Ele apaixonado até os dentes,

Pedrão com sempre, observando tudo calado,

Ele pescador, ela rendeira de toda flor.

Um dia ela engravidou, alegria geral.

Pra susto de Cornélio e falação dos demais, O menino nasceu.

Juninho era zambeta, olho amarelado, pele escura, cabelo encaracolado, orelhas compridas, nariz achatadinho...

era igualzinho ao Pedrão.

Cornélio e Elisa eram caucasiano de pai e mãe.

Cornélio pôs a culpa, no sol escaldante do sertão.

Na igreja, Pedrão foi o padrinho de batismo.

O padre desconfiado, fez a cerimônia mesmo assim,

Afinal, independente do pai todos são filhos do mesmo pai.

Que mundo cão.

David Bandian
Enviado por David Bandian em 25/10/2010
Reeditado em 26/10/2010
Código do texto: T2577958