Arte de Amar.
Nunca planejei viver sozinho. Sem estar ao seu lado. Toda a minha concepção de vida trazia consigo um pedaço do seu sorriso. Como posso agora simplesmente seguir caminhando, - por esta estrada que não leva à final algum – sem você segurando a minha mão.
Pude sentir minha alma se esgueirar para fora do corpo enquanto você desviava dos meus olhos. Descobri o preço do mal. Dos meus demônios, - minhas próprias criações. Fantasias com a morte se tornam mais freqüentes a cada dia que sigo sem você.
O deserto que se tornou este mundo. Cercado de sangue ao invés de areia. Rodeado de dolosos pensamentos fúnebres. Como pode ser verdade?
Ouço vozes que repetem invariavelmente o meu destino. Desliguei-me da fé há muito tempo. Só acredito em um eterno vazio que dilacera minha alma a cada instante.
Eu deveria saber o preço do que fiz. Do mal que carreguei e espalhei. Eu tinha a obrigação de saber que pertenço a este final lúgubre e rancoroso.
Queimam-se as cinzas. O fogo sobe dentre movimentos ora tenros ora suaves. Não tenho á quem gritar por socorro. Meu corpo implora por descanso. Não tenho forças ao menos para sentir medo.
Tudo não passa de uma criação trágica do destino, arquitetado direto das entranhas de tudo que se julga mal. Perdi a noção do certo ou errado. A vida e o surreal se misturam em um arco Iris rubro, - que corta um céu negro e sem vida.
Fecham-se as cortinas...
A vida se cansa da peça, a fantasia volta seus olhos para trás do palco. As cenas, que agora vão ser repetidas por outros dois atores, serão eternamente trágicas.
Porque nunca está real o suficiente...Porque a vida nunca é real o suficiente?
Ou talvez porque ela já não machuque o suficiente?
Sobre o Palco... Restam dois atores.
Fecham-se as cortinas...
Abrem-se as cortinas...