A JANELA CONFIDENTE

Chão trincado de um vilarejo, chamado de Chã-do-Rocha, longe do centro de sua cidade e o caminhão da água vindo de duas em duas semanas. Seu João, motorista do caminhão, abastece o ponto de água desse vilarejo e volta para a cidade. Termina a tarde de um sábado assim.

Passa-se duas semanas e é uma tarde de sábado no vilarejo onde pássaros, cães e bois são ouvidos por causa do pôr do sol e na janela da casa mais humilde está Mauricélia, moça bonita de boa família e ótima educação, desde o descanso do almoço, costume este, dela, conhecido por todos de lá.

— “Que tanto tu espia daí Célia?!” Era o que todos perguntavam e ela respondia: — “Espero meu amor ué!” Mas disso ninguém entendia nada e se perguntavam o porquê dela sair da janela em raros dois sábados do mês que se alternavam com alguns domingos nos outros meses...

Como de costume, lá vem seu João com a água para o vilarejo, mas desta vez é diferente pois por um atraso, já anoitecia e a volta para a cidade seria arriscada pela falta de iluminação já que só existia luz no vilarejo com os candinheiros que ficam dentro das casas. Ouvindo uma voz bem calma convidando-o a passar a noite ali no vilarejo. — “Boa noite seu João?! Já é tarde, porque não dorme com o povo daqui hoje? Pode se sentir a vontade lá em casa, pois o senhor faz tanto bem pra nós que não posso lhe negar isso”. Ao se virar seu João percebe uma mulher a qual nunca tinha reparado no vilarejo e aceita de imediato o convite.

Jantar, ou melhor, banquete já preparado, casa arrumada de forma diferente de costume do vilarejo e cama arrumada como se fosse sua casa onde já tem sua cama separada, foi assim que Mauricélia, a mulher que convidou seu João para dormir em sua casa, preparou tudo aquilo. A noite foi longa e ao mesmo tempo curta de mais para Célia que da sala vigiava o sono do seu João, não informado, mas amado.

Na manhã do domingo estava Célia esperando João já na mesa do café onde ouviu o breve comentário de que era uma mulher bastante prendada seguido de um sorriso com outras boas intenções e sentiu, naquele momento, que isso pareceu o suficiente para sua felicidade eterna.

3, 4, 5 anos se passaram e agora a janela já não era mais ocupada por Mauricélia, mas por dois meninos que sempre brincam ali que Célia e João tiveram há um ano, tempos depois de se terem casado. E Célia, agora, sempre que folga dos seus afazeres olha para aquela janela e lembra de tudo que pensou alto ali e que virou realidade e diz para si mesma que um desejo é possível ser realizado.

Eduardo Duarte de Melo
Enviado por Eduardo Duarte de Melo em 06/10/2010
Código do texto: T2540739
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