Por que não disse adeus?
Você comentou um dia que queria estar comigo debaixo de cobertores, então a imagem ficou comigo por bastante tempo. Tão simples e tão linda - essa frase persistia desde que te conheci. Tanto eu te amo que nem mesmo o mais escuro dos dias mudaria isso.
Era um dia frio de começo de outono, quando aquele pequeno sonho se realizou. Trocávamos palavras baixinhas debaixo das cobertas, como eu já sabia que ia acontecer.
Ter você ali comigo, tão pertinho, acariciar seu rosto e bagunçar um pouco seu cabelo... Ali deitada era difícil perceber, mas quando levantasse, estaria todo fora do lugar.
Estava quentinho, mas sua pele ainda estava mais quente. Uma mão estava enlaçada na sua, e a outra brincava nas linhas de seu rosto. Eu falava alguma coisa, não lembro o que era, mas devia ser algo meloso, quando você me interrompeu com um beijo. Foi um beijo quente e carinhoso que me fez esquecer o que estava falando. Eu não queria que terminasse.
A certo ponto, em um momento de silêncio, disse que ia pegar alguma coisa e já voltava. Abraçou-me - quando me abraçava, eu lembrava do quanto eu não me sentia completo na maior parte do tempo. Levantou da cama, sorriu para mim e saiu pela porta do quarto.
Deixei que os segundos passassem enquanto sentia o lençol quente com meus dedos, onde você havia deitado.
Demorou a voltar, então comecei a me perguntar se era uma brincadeira - gostava tanto de fazer essas pegadinhas. Levantei e procurei pela casa toda, mas não encontrei nada. Uma ponta de preocupação surgiu, quando chamei seu nome, mas você não respondia.
Procurei além da casa, nas ruas do bairro, nas ruas da cidade, por tudo. Não te encontrei.
Demorei a entender que havia partido sem dizer adeus.
Quando tentei me afundar nos lençois da cama, desesperadamente procurando uma prova de sua existência, o lugar onde havia deitado já estava frio. Eu não conseguia entender... os beijos e os carinhos, por que não me disse que eram um adeus?
Não voltarei a te encontrar... abraçar o travesseiro acalmava minha saudade só porque sabia que estava por perto. Sorrir para o luar era poético porque estávamos debaixo daquela mesma lua.
Eu estava tão apaixonado...
Tão bobo que nem consigo me irritar, tão bobo que nem sei ao certo se estou decepcionado. Estou apenas quebrado em vários pedaços, sem me preocupar em um dia ficar inteiro novamente.
Por um momento lembro de uma canção,
lembro do seu perfume,
dos seus olhos castanhos.
Onde você foi, meu amor?
Queria te abraçar...