Futuro do pretérito
Seu eu me sentasse em sua frente e olhasse para você, talvez não fosse capaz de sustentar esse olhar, então você me faria perguntas bobas que me fariam rir e me contaria sobre seu dia. Eu lhe diria que vi o pôr do sol enquanto fazia o caminho de casa em um dia qualquer e você me contaria quão lindo é o pôr do sol em Buenos Aires, me fazendo ludibriar imagens belíssimas.
Escutaríamos as mesmas músicas de sempre, e o quotidiano assim tomado de cores sempre tão brancas e negras se pintaria em outras cores. Ao seu lado repetiria as mesmas letras de música infinitas vezes tomando um café amargo adoçado com a nostalgia do nosso passado. Se eu sentasse em sua frente esquecer-me-ia das horas como tantas já o fiz, até que o telefone tocasse me chamando de volta a realidade.
Você me falaria sobre seu trabalho e eu ouviria com admiração acompanhando cada palavra, tocaríamos piano, eu o ouviria tocar. Depois de algumas horas eu me levantaria para partir, você me pediria para ficar e apesar de tudo em mim gritar junto com você para que eu ficasse, daria a mesma desculpa boba e sairia caminhando, escutando a mesma canção.
Dos colores – Paulinho Moska
[...]
“Fuimos quitando primero
De nuestra paleta
Una mirada turquesa
De marco violeta.
Luego el carmín de las flores
Encima del piano,
Una caída de sol
Cuando empieza el verano.
Todo los tipos de verde
De una enredadera...
Ya ni quedaban colores
Para las banderas.
Nuestra intención ya no fué
Más que un viejo recuerdo
Y esta canción al final
Se quedó en blanco y negro.”