Punhal

Lá estava ela com 26 anos naquele quarto secreto da vida já com alguma bagagem intensa guardada dentro do seu próprio baú quando se deparou com aquele punhal.

Totalmente fascinada como quando uma criança descobre uma coisa proibida e perigosa ela reagiu.

Olhou como uma cega todo aquele brilho prateado, pontudo, agudo sabendo que era um objeto intenso tal qual ela mesma.

Ele estava ali em sua forma de cruz guardado, trancado e ao mesmo tempo livre e a seduzindo.

Foi então neste exato momento de dúvidas, incertezas e inseguranças que ela absolutamente convicta apanhou o punhal e cravou no seu peito no meio do seu coração sabendo que aquele fascinante instrumento letal transformaria todas as suas perdas, dores e medos vividos anteriores em uma só dor muito mais intensa.

Aquela que a salvaria e que enquanto ela o tivesse fincado em seu coração não mais poderia tirá-lo.

Seu coração iria continuar a bater enquanto ele estivesse ali para protegê-lo, pois se arrancasse sangraria até morrer.

E não, ela não quer morrer.

Ao contrário de tudo e de todos ela quer senti-lo e provar a si mesma e ao mundo que aquele maravilhoso punhal aquela dor intensa tal qual a paixão continuará deixando ela viva ! intensamente viva!

para sempre...