LOUCURAS E DESVANEIOS OU FIQUE NUA MEU AMOR

Hoje fiquei meio baratinada. No restaurante havia um homem que não tirava os olhos de mim. Fique incomodada. Parece até que fazia de propósito.

A cada vez que eu me levantava para ir ao buffet ele me seguia com os olhos, chegava até a virar a cabeça, acho eu.

Mas o pior foi quando derrubei o molho de chaves. Dava até para sentir o olhar quente dele, em direção à minha bunda. Acredito que viu a cor da minha calcinha. Mas como assim? Ora esta calça que uso é de cintura baixa, e quando a gente se abaixa o “tanquinho” fica exposto e também calcinha.

Mas que loucura. Não vá me dizer que não gostou? Que não se sentiu poderosa e gostosa? Ah! Para. Está pensando que sou desfrutável? Longe de eu pensar tal.

E quando então levantei para ir embora? Parecia um abobado. Um babão. Encarou de tal forma que fique corada, por fora e por dentro. Tá brincando. Porque não perguntou para o descarado: Qual é a tua? E que tal que ele responde: você. O que eu faria? Ora não me venha com essa. Tal seria que você não sabe se defender.

Mas você não acredita o aconteceu hoje pela manhã?

Não venha me dizer que o tal cara, apareceu novamente? Apareceu. E como apareceu. Estava lá no shopping Águas de Cristais.

Parece até que sabia da minha movimentação. Sabe aquela loja da Cris? Pois é. Ela telefonou informando das novidades em lingeries. E você sabe como sou louca por novidades. Ainda mais que o meu limite no cartão aumentou...

Mas deixa de lado as ditas lingeries e me fala do cara. Então. Estava bem próxima a loja da Cris, como que me esperando. Me olhou de cima em baixo, analisando como se eu fosse uma mercadoria. Fiquei puta da cara. Passei como se nada existisse. O cara parace que se acha.. Sim e depois? Depois. Depois eu entrei na loja e a Cris logo viu que eu estava trespassada de raiva e um tanto abalada. Falei sobre o acontecido e ela com aquela cara de não sabe o que, foi logo tirando uma conclusão “ bem que você gostou...”

Fiquei meio temerosa, com a possibilidade do cara entrar na loja. Usando uma desculpa qualquer, só para ver o que estaria comprando. Imagine só a situação.

Mas você falou que o cara olhou você de cima e embaixo, como assim? Como assim? Olhando né? Parece que me despia. E você como estava vestida? Com aquele vestidão de seda indiana. Ah! Só tinha que dar no que deu. Garanto que não era só o tal cara que despia você de cima e embaixo. Todos os homens são tarados por mulher que usa este tio de vestido. Imaginam o que esta por debaixo dele. Pare. Tá pirando, ta? Parece que você torce para que um dia destes um destes caras me dê uma cantada. E daí? E se der? O que você faria? Nem pensar... E você não sabe da maior. Eu estava sem calcinha. Tá louca, tá? Mas era para não marcar o vesitdo...

E os dias passaram. Uma viagem para um evento em Buenos Aires, propiciou momentos inesquecíveis. Conheceu pessoas que atuavam no mesmo segmento que o seu. Bons vinhos, boas comidas e porque não, bons tangos? Alguns shows, La Ventana Tango, Sabor e Tango e não poderia deixar de assistir o espetáculo no El Viejo Almacén.

Como toda mulher vaidosa, um convite irresistível: as compras, Avenida Córdoba que me espere.

Não resistiu. Vários modelos. A marca? Victoria's Secret. Uma, duas, seis, doze. Quantos pesos argentinos? Um momento... Não acredito. A minha carteira. Que se passa señorita? Acho que fui assaltada. Ou perdi a minha carteira. Acalmate, por favor.

Voltou ao hotel. Alívio. Sob a cômoda a dita carteira. Voltou para pagar o que havia escolhido. Que tal ? Mui bueno, buena sorte. Quantos pesos argentinos? Obrigada. Romântica, por supuesto? Como assim. Mira...solamente romântico. Colocou as compras, perfumes, blusas, lenços, lingeries, cremes, sapatos, cintos, cashmer e outras miudezas. Saiu sem saber o porquê do “romântico”.

O relógio marcando, 16,00. Horário do vôo 19,00. Um café. Mais umas compras. Não. No free-shopping do aeroporto aproveito e compro mais algumas coisas.

Bagagens conferidas. Malas fechadas. Pagar a conta e... um pacote de presentes. Para mim? Si, para señorita. Quem deixou? No lo se. Intrigada abriu. Um cartão. Digamos simples, porém romântico: “Que estes Alfajores Havanna, deixe o seu dia mais doce”.

Com carinho. Nada mais. Estranho. Pagou a conta e rumou para o aeroporto.

Durante o vôo, ficou a imaginar. Quem seria, digamos o admirador? Conhecera de fato algumas pessoas, alguns homens, mulheres, casais, mas nada que lhe chamasse atenção e tão pouco alguém que se insinuasse. Mas... Tem loucos para todas as manias, assim como para todas as manias tem seus loucos.

Em Buenos Aires a temperatura era confortável.

Curitiba, contrariando as expectativas, estava quente. Temperatura indicando 32º. Uma loucura.

Morava na cobertura. Linda vista. Sol pleno.

Ao entrar o porteiro deu-lhe boas vindas e entregou um bouquet de rosas vermelhas.

Um cartão digamos romântico e apimentado: Seja bem vinda. Espero que goste da surpresa. Beijos mil.

Intrigada. Mais uma surpresa. Alfajores, flores. Subiu. Desfez as malas. As lingeries que havia comprado. Contou treze. Mas havia comprado doze. Havia um pequeno pacote, dentro do pacote maior. Curiosa abriu. Uma calcinha preta, minúscula, sensual e outro cartão: Te adoro quase que completamente nua. Use-a e vai sentir o resultado.

Agora sim. Entendeu o tal “romântico” da vendedora. Mas que audácia.

As rosas vermelhas ainda não foram colocadas no devido vaso de cristal tcheco.

Um banho quente, reconfortável. Uma massagem com o creme argentino. Perfume sedutor.

Ao voltar para o quarto, outra surpresa.

Sob a cama, pétalas de rosa distribuídas. Um champanhe e duas taças.

Você é louco, um louco de marca maior.

Gostou? Por favor, use a calcinha que lhe comprei em Buenos Aires, morda um pedaço do Alfajor Havana, beba comigo uma taça de champanhe e fique nua meu amor.

E assim ao som de Besame Mucho, se amaram, se amaram, se amaram....fizeram sexo, fizeram sexo, se amaram e fizeram sexo pelo resto do dia e durante a noite.....

Beijos, você é a mulher mais incrível do mundo, meu amor. Te amo.

ROMÃO MIRANDA VIDAL
Enviado por ROMÃO MIRANDA VIDAL em 18/09/2010
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