'' ANTONIETA ''
Antonieta, uma mulher no meio de milhoes de outras
uma mulher comum, uma vida comum...ate' os 50.
Nasceu em cidade grande, capital de estado, cresceu e morou sempre por la', casou, apenas trocou de casa e de bairro, a grande capital era a mesma, fez faculdade de letras, se formou, dava aulas de Portugues em uma grande faculdade de manha e 'a tarde, e muitas vezes 'a noite tambem, e passou a lecionar apenas 'a tarde depois que sua filha unica, Angela, nasceu. O marido, Plinio, grande executivo de terno e gravata e pasta preta recheada de papeis importantes que levava para casa e ficava acordado ate' altas horas resolvendo assuntos de dinheiro, sempre dinheiro...
Como todo homem casado e com filho, tendo que manter casa e familia, muitas vezes se esquecia de si proprio e da propria familia e da casa, vivia ausente mesmo estando presente e Antonieta disso se ressentia, sofria, calada ficava, tocava a sua vida de casada, quase separada...pensava ela.....
E o tempo passou, Angela a filha ,casou, em outro estado foi morar, a casa mais vasia ainda ficou, Plinio vivia agora para a empresa, clube e ausencias prolongadas fora de casa, Antonieta praticamente vivia so', tinha a Dilma, empregada dos bons tempos que ficando viuva e so', na casa veio morar, mas existiam grandes diferencas entre elas, uma culta e outra quase analfabeta, mas ambas tinham vivencia e vida sabida e aprendida no dia a dia da propria vida...trocavam ideias...eram mulheres, sabiam como conversar uma com a outra.
E uma madrugada a policia bateu na porta. Dilma atendeu, chorava ao acordar Antonieta...Plinio tinha sofrido um acidente...alguem teria que ir reconhecer o corpo. Antonieta foi. O enterro foi triste. Antonieta tinha 49 anos e agora era viuva. Duas viuvas na casa mais vasia ainda.
Mae? pense bem...e Antonieta pensou e resolveu.
Vendeu tudo que tinha e comprou uma pequena chacara nos arredores da pequena cidade em que a filha morava e por la' foi morar e Dilma foi junto. Teria a filha, os netos , o genro, por perto, teria espaco e liberdade, rios, montanhas, cachoeiras....viver um pouco a vida simples que Dilma conhecia, contava...e foi se ajustando, conhecendo lugares e pessoas...ia ao mercado na pequena cidade, comprava e foi ficando conhecida por la'...fazia amigos e amigas, foi convidada para clubes de senhoras, trico, crochet, costura, artesanatos, uma vida diferente ,e tinha aos sabados bailes no salao do Club da Saudade...dancava, se divertia e Dilma ia junto, Antonieta tinha 50 agora e a vida apenas iniciando para ela, de novo.
Em uma festa no colegio onde uma das netas estudava, conheceu o diretor...Afonso, tinha 51, cabelos grisalhos, alto, forte, elegante, perfumado, educado, lindo...que lindo!! pensou Antonieta quando o viu e ficou sabendo que ele casado quando ouviu :- pai e se virou e viu uma menina nos seus 12/13 anos e atras uma senhora nos seus 45, elegante, bonita, bem vestida, Valeria, era a esposa...apertos de maos, convites de ir 'a minha casa...'a minha chacara....ficaram amigos!!!
E os dias passando e Antonieta nele pensando e sempre que se encontravam, se viam, parecia que algo os atraia, puxava um para o outro...e um dia ele ligou, pediu que ela fosse ate' o hospital , ele necessitava da ajuda dela...foi.
Valeria estava em choque, tinha bebido demais, era acoolatra inveterada, estava bebendo em demasia, tentavam esconder, mas havia Pamela, a filha, ela via, assistia, tudo sabia e ele necessitava tirar Pamela de casa por uns tempos..poderia ela leva-la para a chacara?
Levou, e Pamela trouxe luz e calor para dentro dos portoes da chacara, era alegre, brincalhona , e Antonieta e Dilma tudo fizeram para ela se sentisse em casa, conversavam muito, explicavam tudo, nada escondiam...as netas vinham por aqui mais ainda , eram ja' amigas de escola, Pamela ia 'a casa das netas, mas a netas nunca iam 'a casa dela...e agora se sabia o por que?...Valeria foi internada em uma clinica longe, em uma cidade grande, ficaria por la' meses e Afonso todo fim de semana, aos domingos ia visita-la, Pamela ia junto...a casa ficava de novo vasia sem a presenca dela por la'...
Antonieta foi um ou dois domingos tambem. Achou melhor nao ir mais, tinha seus motivos, sentiu uma certa reserva em Valeria...ciumes, talvez?
Valeria voltou e nem se incomodou de querer a filha de volta, e semanas depois ja' bebia de novo...e isto durou mais de um ano...uma noite, ja' bem tarde, estava sem estoque de bebida, ja' tinha bebido tudo que havia na casa, Afonso dormindo, ela pegou o carro....nunca voltou...Afonso ficou viuvo aos 53 e com uma filha para acabar de criar...coisas da vida, pensava ele, mas Antonieta pensava diferente...
Esperou a missa de setimo dia passar, a missa foi logo pela manha, a tarde Antonieta foi 'as pequenas lojas do centro da cidade, comprou o que necessitava..voltou para casa, se produziu toda e quando o relogio deu oito badaladas saiu....dirigiu em direcao 'a casa de Afonso, bateu, ele abriu e viu...uma mulher , agora nao mais uma mulher comum como milhoes de outras, mas uma mulher decidida, que sabia o que queria e por que estava ali...queria ele e queria ficar com ele...estava linda, exuberante, parecia uma jovem de 20 e trazia na mao um champanhe e na outra seu coracao...uma caixa de bombos que imitava um coracao vermelho rubro de paixao...
Ele nao disse nada, abriu a porta, ela entrou, colocou tudo que tinha nas maos em cima da pequena mesa do corredor, ficou parada olhando para ele nos olhos, ele leu, entendeu...abriu os bracos, ela se aninhou....foram beber a champanhe, quente mesmo, no dia seguinte no cafe' da manha quando tambem abriram seus coracoes e a caixa de bombons tambem....
Era primavera, o sol estava brilhando, flores, festa, musica, danca e um sino ainda tocando ao longe, comemorando as bodas de Antonieta que agora tinha 52?..ou era 18 ou 20? que importava? ...se Afonso tambem tinha 53 mas parecia que tinha 20 tambem??
E como em um conto de fadas....viverao , e nao viveram?...felizes para sempre...mas nem na chacara e nem na casa dele nao...viviam no casa ao lado da Prefeitura Municipal, tinham este direito, afinal ele era o Prefeito e ela a Primeira Dama...e Dilma a governanta....mao de ferro ainda por cima!!..e ela, Dilma , Antonieta, e mais Afonso acabaram de criar Pamela, que cresceu, casou, teve filhos e um deles sou eu, Afonso, como meu avo, e tenho uma irma chamada Dilma e outra que nao se chama Antonieta mas Valeria, mas que adianta? todo mundo a chama de Toto por que foi a primeira palavra que ela falou :- toto....tinha feito!!
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