Reencontros
Reencontros
A areia fina entrava pelos pequenos dedos por meio do arrastado caminhar,o chinelo novo estava sendo testado a passos firmes.Carina olhava o horizonte ,um Sol firme irradiava a manhã de Domingo e algumas pessoas corriam a beira mar.Alguns surfistas preparavam-se para pegar as ondas.” Darei um mergulho!”Pensava consigo a moça segurando as mechas castanhas observando o mar claro e ondino.Seguindo pelo centro da orla marítima dirigiu-se a um banquinho de pedra e sentou-se ,pegou o celular e discou um número o toque caiu na caixa postal.Carina olhou o relógio eram 10 horas ,ele ainda não havia acordado.Teria tempo para um mergulho.Tirou a saída de banho e foi ao mar,alguns rapazes a olharam ,não era bonita mas atraia por sua pele morena e vivacidade,o mar e ela davam-se bem.Mantendo as braçadas cadenciadas nadou por algumas horas.Voltando a margem,cansada,precisava voltar a treinar.Pegou sua saída e vestiu-se ,o celular tinha uma chamada,era a dele.Discou,do outro lado uma voz arrastada respondeu com um oi,seguiu-se um diálogo doce,carinhoso.As vezes Carina sorria e olhava por sobre o teto do quiosque ainda vazio de banhistas.A ligação terminou e caminhou pela estreita calçadinha até a rua larga com carros estacionados em ambos os lados.Desviando-se de uns meninos de skate,saltou ao cordão em frente a uma lojinha de revistas,olhou algumas,escolheu uma de modas e lendo-a continuou pela rua.
“Quando vocês vêem ficam tão pouquinho?Por que não passam mais dias ?Resmungava D.Bia ao casal jovem que vinha lhe visitar temporariamente,eram de longe e queriam aproveitar este final de semana quente de verão .Luciano olhou sem jeito e respondeu a senhora que tinha uma entrevista a fazer para uma nova empresa,mas logo que conseguisse um emprego ,ficariam mais.Júlia arrumando a bolsa,abraçou a senhora e lhe deu um beijo,”Sim, ficaremos bastante tempo que a senhora se enjoara de nós..” rindo foi até o quarto.”Vocês me fazem feliz quando vêem,pois fico aqui sozinha quase o inverno todo..”D.Bia não tinha filhos,e nunca casara.Morava na praia há muitos anos.Luciano era filho de uma antiga amiga de escola.O rapaz foi a sacadinha do pequeno apartamento e
dali avistou a praia,olhou a namorada , piscou.Pegou uma toalha e saiu.”Depois te encontro Jú!” Desceu as escadas do condomínio,saindo na rua arborizada,muitos banhistas se dirigiam em procissão com suas cadeiras coloridas,chapéus e outros apetrechos para aproveitar o Domingo quente e ensolarado.Assobiando Luciano ia pela calçadinha ,alguns cãezinhos lhe vinham,seguidos de suas donas distraídas,após afagos e conversas o moço continuava,o mar estava há algumas quadras,podia ver-se o azul de sua água e suas brancas ondas.Luciano ia devagar percebeu que uma moça vinha em seu encontro distraída lendo uma revista,tentou desviar mas um poodle branco surgiu de repente e os enlaçou.Camila assustada ,tentou se desvencilhar,a dona do cão gritando veio e Luciano com as mãos tentava segurar a coleira do animalzinho atrapalhado,após muitas risadas os dois se perceberam,os olhos castanhos de Carina observaram um bonito rapaz claro,com barba rala e um olhar simpático e divertido,esverdeado.”Cãozinho danado este ,quase me mordeu o dedo!”A voz sonora de Luciano atraia a moça que ajeitando a saída de banho ,comentava algo sobre o descuido da dona.A revista dela havia sido lançada em algum lugar da grama ,enquanto ele falava Carina tentava achá-la.”Você perdeu algo?”Sim minha revista...”Foram os dois a procura,adiante perto de um arbusto estava ela.”Bem ,obrigada pela ajuda até mais!”Despedindo-se seguiu Carina,sorrindo e acenando.Luciano repondeu o aceno e virou-se ,mais adiante antes de atravessar,olhou para traz.”Bonito sorriso,pele morena,como o Verão..”
Chovia muito lá fora,o vento sacudia as janelas , as árvores chegavam a curvar-se.O temporal castigava a cidade.Eram 9 horas e Carina lia o texto para revisão,deveria entregá-lo na sexta, o trabalho estava atrasado,pegara uma gripe e mal pudera continuar a tarefa.Pedro ainda estava na cama,havia trabalhado a noite toda,dormiria até tarde,tinham um aniversário mais a noite,o irmão dele estaria comemorando seus 56 anos.”Se este tempo não melhorar não sairei hoje a noite...”remoia ela enquanto marcava algumas frases.Volta e meia olhava a janela e sentava-se em frente ao micro.”depois deste trabalho tirarei duas semanas,preciso descansar.”Pedro resmungou algo lá do quarto.Um barulho abafado ouviu-se e Carina correu até lá,o rapaz havia derrubado o relógio,”Amor lembrei que tenho um almoço com um colega de trabalho...”levantando-se ainda tonto foi ao banheiro,tomando uma ducha ,saiu ao quarto.Pedro era um rapaz mediano,moreno,um pouco gordo,rosto firme,não era bonito,possuía um sinal no queixo..estava com Carina há 3 anos,conheceram-se num jantar na casa de amigos,moravam juntos,e se davam bem,mas ultimamente a relação havia esfriado.Carina andava muito stressada com os prazos a cumprir,e ele com seus horários noturnos,muito cansado.Nos finais de semana ficavam em casa ou iam almoçar com o irmão de Pedro.”Ok! Não esqueça do aniversário a noite.....não sei o que comprar de presente....”Disse a moça da frente do micro.Ela não queria ir ao aniversário do cunhado,não gostava da casa,e algumas vezes preferia ficar no apartamento a conversar com os amigos do irmão de Pedro.Quando ia permanecia quieta e mal conversava.A chamavam de a escritora,pois quando podia escrevia algumas crônicas,o que era muito discutido nos jantares e Carina se irritava a cada tentativa de mudar ao assunto.
O despertador tocou ,correu ao chuveiro,e aprontou-se ,passou um batom e saiu pelo corredor.Deveria entregar um texto na editora.”Passarei na manicure,acho que preciso cortar este cabelo.”Chegando a rua,pegou um táxi...o trânsito estava calmo,o vento diminuira,a chuva forte continuava alagando algumas ruas.O sinal fechou ,Carina olhou através dos pingos escorrendo pelo vidro a calçada.Do café saiu um grupo de jovens,tentando se proteger da chuva.Um deles chegou ao táxi e bateu no vidro,ela o abriu “Podemos dividir a corrida moça?”Um sardento rapaz de 26 anos aproximadamente gritava tentando se fazer ouvir entre o barulho da chuva e dos carros.”Claro,entrem logo..”Os três rapazes entraram.Molhados e felizes.um deles baixou uma pasta que lhe servira de escudo e piscou a Carina.Esta reconheceu o olhar esverdeado,sorriu e o cumprimentou.”Você o rapaz do poodle na praia!”Os dois ficaram ali por um instante e sorrindo tentaram explicar os dois amigos o encontro.O táxi seguiu pela avenida estacionando em frente a um edifício alto com portas de vidro e um letreiro enorme dizendo L&C.”Fico aqui...até outro dia rapazes!”Descendo e tentando não cair na poça enorme da calçada saiu a moça despedindo-se.Luciano no carro gritou “Me de seu celular!”Ela sorriu e acenou ,voltando-se e disparando para dentro do edifício.Na escada rolante ajeitava a capa,o cabelo e verificava a meia calça.Um senhor calvo a recebeu numa sala de espera,passou-a a outra ,mais clara e larga.um outro senhor mais idoso,de cabelos brancos,a convidou a sentar e foram logo iniciando a reunião.Lá fora um táxi esperava,dentro dele Luciano,resolvera voltar ao edifício e esperar a moça,queria conversar com ela.Uma hora e meia depois Carina surge em frente ao táxi e o rapaz a convida .O carro seguiu em direção a uma enorme avenida entrando numa rua repleta de restaurantes e cafés ,estacionando num deles.
Há uns quarteirões dali Pedro no restaurante esperava mordiscando um salgadinho,O celular em frente,nenhuma chamada,Teria tempo para almoçar,passar na agência e depois voltar ao apartamento.
Uma moça magra,morena usando um conjunto de lã sentou-se em frente a ele.Sorriu lendo o cardápio pediu um pequeno almoço.”Demorei muito amor?’ Acariciando-o no rosto.Pedro olhou-a ,examinando-a,achou-a mais bonita nesta manhã .”Não ,na verdade cheguei cedo.”a moça retirou um embrulho da bolsa e o colocou na mesa ..”Veja aqui está o seu presente dos dias dos namorados.”O rapaz, abriu o bonito embrulho e dele surgiu uma caixinha aveludada,dentro dela uma corrente de ouro com uma placa, escrito “Júlia”Pedro a beijou demoradamente e permaneceram ali por algumas horas almoçando.A chuva continuava a cair,o vento parara,a rua enfeitada pelo colorido dos guardachuvas e capas ia sendo aos poucos esvaziada pela hora do almoço,os táxis verdes parados em frente ao terminal aguardando os próximos clientes e das janelas dos restaurantes se avistavam pessoas conversando,grupos de colegas,senhoras,e casais,como os de Pedro e Júlia,Luciano e Carina degustando a manhã chuvosa de uma Quarta-feira.
Violetta