O enforcado
Ela corria com pressa. Ofegava, estava quase despencando de cansaço, mas tinha que continuar.
Ao chegar ao fim da rua, porém, estacou. Ele estava lá. Os soldados o seguravam.
Num segundo, os olhos cor de âmbar de Marcela esquadrinharam a cena e não deixaram escapar corda pendurada na estrutura de madeira. A forca.
-NÃO! –Berrou, enquanto o soldado colocada a corda ao redor do pescoço de seu prisioneiro.
Tentou correr. Precisava impedir... Mas antes que desse um passo, um braço forte e pálido a deteve.
Ela fitou o homem de cabelos cor de areia e olhos verdes. Augusto, o noivo que seu pai escolhera, o homem com quem estava fadada a viver mesmo sem amar.
-Me deixe ir! – Ela se sacudiu, tentando se libertar. Precisava salvá-lo, não podia deixar que fizessem...
Era tarde demais. Com um craque alto, o carrasco abriu o alçapão que havia sobre os pés do condenado e ele passou a se debater enquanto a vida se esvaia dele cruelmente.
Marcela começou a esmurrar Augusto, com raiva dele e daquela sociedade injusta, que lhe tirava a única pessoa que de fato se importara com o que ela queria e sentia.
Augusto ainda a segurava, sem se abalar com os tapas da moça. Tinha pena dela, apesar de tudo. E inveja daquele cadáver pendurado na corda do carrasco. Ele nunca a faria feliz. Ela o odiaria para sempre, a partir daquele momento.
Estava acabado...