A calma

Acalma, coração. Esta é a tua mágica secreta que levou às conseqüências finais os lados dilacerados do Rio de Janeiro em chuva: um fim de tarde cinza e um barqueiro passando como um fantasma pela bruma. Mas mesmo assim, a ânsia ainda range, em alguma alma perdida, olhando a mesma tela exausta. Sim coração, ainda escrevo com a mesma fúria que eu tinha, quase em transe, para aliviar em catarse tudo que sinto. Por isso: tenha calma coração.

Um dia isso passa: essa ânsia, essa demasia, essa quase teimosia, que vc insiste em ter. Você mesmo que já passou por isso durante tanto tempo. Que durante tantas vezes já se quebrou e se refez... Então, meu cicatrizado coração, tenha calma... Principalmente neste dia cinza, sem cor, sem gosto, no meio da semana... Em plena terça-feira, deixa eu reduzir o número de meus cigarros, me deixe dormir em paz... Esqueça por um tempo que é você que me move... por favor, acalma coração.