SEMPRE TE VI, NUNCA TE AMEI... (conto curto)

Brincavam juntos. Jogo de amarelinha, pique-bandeira, esconde-esconde. Casinha de bonecas. Ele o pai, ela a mãe. Caí no poço. Quem te tira? A Magali. Com quê? Com um beijo. O beijo dado depressa. A cara queimando. O terreiro, lua pura. Tanta claridade. E ninguém percebia...

A escola. A mesma turma. Magali boa na Matemática. Ele, no Português. Um ensinando ao outro. Ele pegando a borracha. A mão trombando na dela. Ô desajeito, ela reclamava. Era mais desinibida. Chamava sua atenção. Ele meio bobo ao lado dela. Ela consertando-lhe com tapinhas o cabelo espetado...

Adolescentes. Iam ao clube. Ele bom no basquete, ela na piscina. Um assistindo aos treinos do outro. Torcendo nas competições. Magali briguenta, ele pacato. Ela pedindo que ele lhe arrumasse a touca antes de pular na água. Ele tremendo. A sensação da mão nos cabelos dela...

O amor pra ele. Gritando! Gritando de tanto ficar escondido. Magali, seu amor. Sim! De criança, da escola, da adolescência, da juventude, da sua vida. A confissão. Diante dele, ela: muda, estupefata, petrificada, embasbacada, estarrecida, pasmada, espantada, horrorizada “Sempre te vi, nunca te amei”...

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*** Inspirado no título do filme “Nunca te vi, sempre te amei”, história vivida por um livreiro de Londres e uma leitora americana, que trocam correspondências por mais de vinte anos e vivem um grande amor sem nunca se terem conhecido.