=Trajetória 1 =

Estou publicando este conto em diversas partes, é de meu livro que foi publicado a anos. É uma sugestão de minha amiga Luconi, para que não seja uma leitura muito grande. Peço que se puderem leiam, nele esta inserido, uma verdareira, lição de vida. A cada dias publicarei uma nova parte. Obrigado.

=TRAJETÓRIA=

“Procuramos atravez da prece

e da meditação,

melhorar nosso contato conciênte

com Deus,

na forma em que o concebemos.”

Hoje dezessete de março, estou sentado no topo de um monte, debaixo de uma árvore, com os olhos fixos muito além do horizonte.

Estou procurando, numa viagem interior, o verdadeiro sentido da vida. Lembro-me de que, quando criança, conseguia transporta-me do céu ao inferno em segundos. Corria feliz pelo campo, pegava passarinhos, brigava na saída da escola, roubava frutas no quintal do vizinho, nadava escondido nas águas barrentas do córrego, balançava no cipó sentindo um verdadeiro Tarzan. Um pedaço de pau transformava-se num cavalo alado. Meu Deus! Quantas lembranças! Mudava de mocinho a bandido num piscar de olhos. Tudo era magia! Sofrimento e alegria em curto espaço de tempo. Era um mundo contraditório, onde os sonhos e a realidade se misturavam .Eu queria ser um soldado, um artista, agente secreto, talvez um médico ou até mesmo um presidente. Tudo isso era fácil, bastava querer e tudo se resolvia, como por encanto. Contudo, criatividade não faltava. Eu, junto aos meus dois companheiros (Josias e João), criávamos o impossível e o imaginário.

Certa vez, imaginando o funcionamento de um revólver, peguei um cano fino e preparei o orifício da parte que seria de trás. Idealizei uma coronha e ali estava o meu grande invento. Fui até a mercearia, comprei algumas bombinhas, coloquei-as dentro do cano, forçando-a até que seu estopim aparecesse no orifício traseiro. Coloquei, em seguida, uma pequena bucha de papel, após, algumas bolinhas de chumbo e, finalmente, outra bucha, para que os chumbos se mantivessem ali dentro. Tudo estava perfeito, só faltava um herói que se habilitasse à testar e fatalmente, entraria para a história. Com muitos juramentos e palavras de honra, consegui o voluntário: o pequeno e gordo Mauri. Em pouco tempo, nosso herói se encontrava de arma em punho, fazendo mira em um chuchu. Colocamos fogo no estopim. Eu, por minha vez, tapei os ouvidos, fechei os olhos, pedindo a Deus que a bomba não falhasse. Quando senti que a experiência havia se consumado, abri os olhos, levei um grande susto. Vi o meu amigo gordinho caído no chão, com o rosto todo chamuscado de pólvora. O tiro havia saído pela culatra. Felizmente, o nosso amigo Mauri, estava inteirinho. Para mim, o teste havia sido o maior sucesso. Bastava reforçar o cano e tudo estaria bem. Realmente, a idéia funcionou. Em pouco tempo, quase todas as crianças da cidade traziam um pedaço de cano e um pedaço de madeira, para que construíssemos um revolver igual para eles. Graças a Deus, não tivemos notícia alguma de acidente, causado pela nossa invenção. As grandes idéias, projetos audaciosos, saltavam de nossas cabeças, como um gato na chapa quente.

Estávamos na era das grandes viagens espaciais, o homem conquistava a lua. Para nós, foi um momento de inspiração, deveríamos construir uma nave, não para conquistar o espaço, mas que tivesse propulsão suficiente, para nos tirar do chão, nos levado a margem oposta de um brejo, existente nas proximidades de minha casa. Pouco tempo depois, estávamos com as mãos na massa, pegamos madeira, construirmos um caixote, previamente projetado para os três passageiros (ou brejonautas), pegamos um gomo de bambu, de mais ou menos trinta centímetros, enchemos aquele tubo de pólvora, afixando-o debaixo daquele caixote e o colocamos a frente deste sobre um cavalete, entramos os três ( Gleison, Paulinho e eu ). Juntos comungávamos a mesma idéia, se o foguete de rabo podia subir, usando o mesmo principio porque não a nossa nave. Com a adrenalina a toda, com a mesma emoção dos astronautas e com o juízo de uma galinha, resolvemos apertar os cintos, subimos na nave, colocamos fogo no estopim, nos agarramos uns aos outros, com toda a força e .BUM! Santo Deus, até hoje escuto o barulho ensurdecedor daquela explosão infernal. Nosso foguete espatifou jogando-nos ladeira abaixo. Graças ao bom Deus, apesar de sujos de terra e carvão, saímos sãos e salvos. No outro dia, toda a pequena cidade de Bom Sucesso, comentava o fato todo, nos criticavam, riam de nós e logo recebemos o titulo de Brejonauta. Até hoje há quem se lembra do fato. Ainda damos boas risadas... Continuo amanhã... Obrigado pela paciência.

ANTÔNIO TAVARES
Enviado por ANTÔNIO TAVARES em 26/07/2010
Reeditado em 27/07/2010
Código do texto: T2400227