Myra, um amor diferente. 1a parte.

MYRA

Um amor diferente.

1ª parte.

Depois do verão escaldante veio a estação chuvosa. Gostava mesmo e de ficar assim de blusa e calça de ginástica deitado na rede. Sair só pra ir ao banheiro. Comia mesmo no quarto. Não tinha a mínima intenção de fazer nada. Afinal que se poderia fazer num domingo chuvoso.

Preocupava-lhe mesmo era a lembrança das noites anteriores. De passar tanto tempo sozinho, mais parecia um eremita. Encastelado no quarto sem comer ninguém. Já se fora longe a ultima mulher que ele pegou. Nem a recordava mais. Dava uma excitação danado que ele diminuía na covardia. Mas, de uns tempos para cá, todos os dias ele sonhava. Um sonho pesadelo em que aquela mulher de cabelos longos se aproximava lentamente em direção de suas pernas e deitava sobre ele, jogando-lhe seus imensos cabelos negros por sobre a cara. Aquilo trazia um estranho prazer que cada dia aumentava mais. Agora parecei até gostar. Contudo era algo estranho e ele precisava indagar conversar com alguém sobre isso.

Foi na igreja evangélica, depois de uma oração “forte” o pastor lhe disse que era um encosto de espíritos imundos e que com uma oferta generosa para a obra do “Senhor”. Tudo se resolveria. Ele até conjeturou sobre essa possibilidade, mas era meio pão duro e não gostou da idéia.

Daí foi para o terreiro de Umbanda, onde depois de uns banhos de erva foi consultado pelo pai de sento e os guias revelaram o tal “trabalho” oferecido aos exus por uma cabocla que ele enganou há muitos anos. Ficou pensativo e foi embora.

E assim foi em muitos lugares onde lhe falavam sobre, maldições, pragas, vendetas e coisa do gênero.

Mas, um dia encontrou uma psicóloga, que depois de ouvi-lo no tradicional divã falou que tudo não passava de um desvio de seu superego que o atormentava desde a reviravolta que foi sua separação da esposa com a qual viveu mais de 15 anos.

- Você estava acostumado com aquela rotina em sua vida que agora sofre inconscientemente com lembranças de sua esposa e sua família.

Então ele recordou o dia em que ela veio pegar as coisas.

- Preciso disso e daquilo!

E então começou a escolher apenas as coisas novas e ele falou: “se é pra levar só os móveis e eletrônicos novos, melhor que leve tudo”. E ela mandou buscar um caminhão maior.

Ele, pra evitar chateação trancou-se no quarto enquanto ela levava tudo.

Depois de algumas horas ela bateu no quarto e ele respondeu – “Que é”

- Quero pegar a televisão.

- Leve a TV que está na sala.

- Os meninos gostam de Desenho e eu de novela. Quero a outra televisão.

Ele abriu a porta do quarto e lhe entregou o aparelho. E falou “Agora vá para o inferno”

Deitou e dormiu. Quando acordou levou um susto com a bagunça que se encontrava a casa. Foi ao banheiro tomou banho depois trocou uma bermuda e dirigiu em direção a praia. Parou no calçadão e ficou absorto olhando as águas crepitantes da Ponta Negra.

Quantas vezes estiveram ali, com ela e seus filhos pequenos... Melhor nem pensar nisso. Tirar de tempo olhando as pernas das meninas, mesmo com pouco interesse...

Quando deu por si já era tarde e ele voltou do passado e deu por si, relaxado no divã da Psicóloga.

- É meu rapaz, já que seu caso não tem mais volta, procure outra pessoa par ser amigo, senão você pode desenvolver doenças serias. Arrume uma namorada e seja feliz.

Dali ele saiu feito doido. Foi em casa tomou um senhor banho procurou roupas novas entrou no carro e saiu em direção ao calçadão da praia, seu lugar predileto. Depois de tomar água de vários cocos, ficou dando voltas na orla. Depois resolveu voltar. Quando voltava em direção a cidade resolver entrar num salão de forró. Pra ver as meninas dançando. Pediu uma cerveja e ficou observando.

Logo ao lado havia uma mulher jovem com metade de sua idade, que ficava lhe olhando o tempo todo. Apesar da penumbra dava pra ver que ela era bem bonitinha.

Com um aceno e um sorriso ele a convidou para sentar-se à mesa dele. Ela hesitou um pouco, mas, veio.

- Meu nome é Myra e o seu.

- Chamo-me Joab. Minha mãe era muito católica.

- Bonito nome. Era o nome de um grande amigo de Jesus.

- Você vem sempre aqui?

- Nem tanto. Nem sei por vim aqui hoje.

- Deixe pra lá, o importante é que te encontrei.

- Porque me olha tanto. Seu que não sou nenhuma gostosona dessas que vocês homens adoram. Sempre fui magrinha.

- Eu achei você linda.

- Esta brincando, aposto como você diz isso pra todas. (risos)

- Acho que você pode ser meu remédio.

- Não entendi.

- Depois eu explico. Vamos dançar esse xote?

- Sim, adoro dançar xote.

E começaram a dançar a primeira musica, a segunda e outras mais. Depois voltaram de mãos dadas em direção a mesa.

- Myra, você tem filhos?

- Apenas um. Tive com dezessete anos.

- Na verdade é uma menina. Ela é linda, minha filhinha Ângela.

- Se saiu à mãe, com certeza.

- Que você quer, Joab.

- Um beijo, pode ser?

- Pode sim.

E, deliraram em um beijo quente.

Ele olha o relógio:

- Engraçado, já é tarde.

- Melhor irmos embora, você me deixa em casa.

Então, voltavam para casa ele dirigia sem pressa, ela recostava a cabeça em seu ombro. Quando chegaram à casa dela ela se despediu e beijou Joab novamente. Ele ficou observando enquanto ela batia na porta. Bateu varias vezes.

- O que foi, Myra.

- Não sei, não querem abrir a porta.

- Vem cá. Se quizer, pode dormir na minha casa e não moro muito longe daqui.

- Não sei... Acho que vou mesmo aceitar. Moro com umas amigas. Ou elas não quiseram abrir, ou não estão em casa, o que é mais provável.

Dentro de alguns minutos chegaram à casa de Joab.

- Não repare, sou separado e estou comprando os moveis novamente.

- Entendo, também estou passando por isso. Já fui casada brigamos muito, e agora vivo com amigas. Estou resolvendo minha vida.

Depois houve um silencio tão profundo que se podia ouvir a respiração um do outro. Ele a puxou, com força, em direção do peito e a beijou varias vezes.

Uma excitação danada tomou conta de seus corpos. Ele a ergueu do chão e a carregou até o quarto.

- Me deixa tomar banho, querido.

Ele parecia não ouvir e mais a apertava beijando-lhe o pescoço. Jogou-a na cama e beijava seu sexo. Por cima da roupa. Meu as mãos empurrando o vestido para cima e quando tocou a calcinha puxou-a com força. Ela abriu as pernas e começou um amor gostoso que num compasso ritmado atingiu-se o clímax.

- Agora sim, vamos tomar banho.

- Com certeza, Joab.

Tomaram um banho morno com o chuveiro jorrando uma ducha de águas preguiçosas ele a abraçava de encontro a seu corpo e beijava seus cabelos. Aquele anjo de corpo pequeno era maravilhoso.

Depois a cobriu com a toalha e carrego-a nos braços até o quarto, deitou sobre ela e amou muito. Amou beijando.

E assim, foram até de manhã. Quando o sol da alvorada surgiu tímido por detrás das copas das árvores, ele que dormia agarrado em suas costas puxava ela de encontro a si acabou por acordá-la.

- Nossa! Joab, já é de manhã.

- Ainda é muito cedo, fica comigo.

- Não posso, minhas amigas já devem estar preocupadas, não sou de chegar tarde. Vamos levanta e me leva em casa!

“Está bem”. Falou com desalento. Vou tomar banho espere um pouco.

Ela olhava o espelho retocando a maquiagem. Logo ele apareceu a abraçou com força beijou sua boca com desejo e fizeram amor de novo.

- Agora eu terei que ir ao banheiro, Joab.

Depois eles desceram as escadas e entraram no carro e foram para casa dela. Viu ela entrar na casa e foi embora.

Já eram 8 horas da manhã e ele foi trabalhar. À tardinha voltou. Chegou cansado e se atirou na cama. Dormiu a noite toda.

No outro dia foi trabalhar e assim fez até sexta-feira. A noite ligou a TV e não conseguia assistir nada. A toda hora vinha a lembrança de Myra. Ele se esforçara muito para não dar valor o que tinha acontecido. Deveria ser apenas uma ficada sem muita importância. Ah! Quer saber? Estava com saudade. Uma vontade doida de ir atrás dela. Entrou no carro e saiu na esperança de encontrá-la, mas, que surpresa, não se lembrava mais onde era exatamente a casa dela. Parou um pouco, entrou num barzinho e perguntou de algumas moças que ali estavam onde morava uma jovem magrinha que tinha uma filha, assim, assim.

Elas primeiro conversaram entre si e perguntaram:

- Uma que está separada do marido?

“Sim” respondeu ele. Elas mostraram uma casa próxima e ele finalmente se lembrou. Quando bateu na porta foi ela que abriu.

- Pensei que tinha me esquecido.

- Nem tanto!

- Então porque só agora me procurou?

- Myra, vim buscar você pra gente passear na orla.

- Tudo bem. Espera, que eu vou me aprontar.

Depois de alguns minutos voltou de tênis, uma blusinha e shortinho. Segurando pela mão de sua filha Ângela.

- Quer tomar alguma coisa.

- Quero sorvete, mamãe!

- Você aceita água de coco, Myra!

- Sim, eu gosto.

Depois, enquanto a criança brincava no playground, permaneceram sentados. Myra punha o braço sobre os ombros dele e segurava-lhe a mão num caricia terna.

Ele olhava para as pernas grossas e o corpo esquio, os cabelos lisos e a boca bonita com batom grape.

- Você me acha pequena?

- Não, você é do tamanho que gosto.

- Estou sempre olhando você de baixo para cima.

- Sabe de uma coisa. Você é linda.

E deu um selinho na boca.

- Sei quase nada de você Joab...

- Sou divorciado há dois anos, tenho dois filhos, um casal. E estou apaixonado por você. (risos)

- Vamos passear na praia?

- Pra mim, tudo bem. Só não sei como tirar essa gatinha de cima daquele brinquedo.

Depois que Ângela brincou bastante eles foram até a praia. Sentados numa pedra podiam ver por sobre as águas escuras do rio negro a lua dourada e o céu pontilhado de estrelas.

- Você gosta de mim, Myra.

- Joab, eu pensei em você a semana toda. Gostei muito de você. Do amor que fizemos...

- Eu pensei que só ia ficar com você. Agora vejo que é serio. Eu quero você, Myra.

Mais um beijo, outro beijo, afagos abraço enquanto bebê dormia no colo.

- Está tão bom aqui. Mas, meu amor, temos que ir embora... Minha filha dormindo aqui no sereno...

- Está bem, vamos.

Foram para casa de Joab onde se amaram por toda a noite.

Pela manhã, antes de ir trabalhar, foi deixar Myra. Mas, nessa mesma noite e foi procurar Myra. Namorava e ia para casa, afinal tinha trabalho no outro dia.

Naquele final de semana eles foram para o forró. Dançaram muito, tomaram cerveja. Estavam felizes.

A noite era o amor de dois apaixonados. O tempo passava lentamente e deles vinham sorrisos e brincadeira.

- Quero te falar uma coisa, Joab.

- Fala, amor.

- Quero que você arrume um lugar para nós. Não gosto de ter que ir para sua casa. De uma ora pra outra sua ex pode aparecer. E não será nada bom. Já que a casa também é dela.

Pensou um pouco.

- Você tem razão.

- Não precisa ser muito grande uma quitinete serve.

- Vou providenciar.

Dois dias depois ele levou Myra para ver o pequeno apartamento.

- Você gostou.

- Não é como minha casa, mas serve.

- Sabe, Myra eu nunca perguntei, mas, como era sua casa.

- Era, não. É. Ainda é minha era muito bonita e ao lado era um comercio. Ângelo, esse é o nome dele. Ainda não desistiu de mim. Mas, eu não quero mais voltar, embora seja casada no civil com ele.

- Tudo bem, tempos problemas parecidos. E aí? Você quer morar aqui

- Quero! Aqui vai ser nosso ninho de amor. Eu você e nossa filinha.

Abraços e beijos.

- Ai! Joab aqui não tem cama.

Ele não ligava e a encostou-a na parede, suspendeu sua saia e fez amor ali mesmo.

A cama ele comprou no outro dia, junto com geladeiras e alguns eletrodomésticos.

Ali, sim. O amor podia fluir livremente. Enquanto a pequena Ângela dormia.

Dois meses depois ela estava enjoada.

- Porque não quer comer?

- Joab... Eu estou grávida.

Aquilo foi um choque.

- Caramba!

- Você não gostou...

- Que nada. É maravilhoso.

- Você já tem outros filhos, porque quer mais?

- Tenho filhos de minha ex-mulher. Agora é de minha gatinha.

- Minha irmã falou que deveria tirar.

- Myra. Pelo bem que você me quer, nunca mais fale isso.

Dois meses depois ela estava desligada, a casa virou uma bagunça e sua libido se foi.

- Não tenho vontade de fazer nada. Só quero dormir.

E Joab continuava trabalhando todos os dias. Quando chegava tinha que arrumar a casa. E num ímpeto devido a estava brigou com ela.

- Você é doido e parece não me amar mais. E quer saber de uma coisa. O Ângelo mandou um recado por uma amiga disse que já sabe que estou gestante e que me aceita assim mesmo.

Aquilo o magôo o rapaz. Que não falou nada e foi sentar lá fora.

No outro dia ele saiu calado e não beijo seu rosto.

À noite:

- desculpe-me Joab, eu não devia ter falado aquilo.

Permanecia calado.

Mas estou me sentindo estranha e todas as noites penso em minha casa e no conforto que havia lá.

- E o que você pretende fazer. Vai voltar pro seu marido.

- É isso mesmo. Você não tem dinheiro para cuidar direito de mim. E ele...

- Tudo bem! Já entendi.

Saiu de manhã e já podia ver a mala arrumada no meio da sala. E quando chegou a noite ela estava arrumada e pronta para ir.

- Eu já vou. Estão acontecendo umas coisas comigo. Eu estou confusa.

Ele a olhou com tristeza. Mas nada falou e ela se foi.

No outro dia ele levou as coisas para própria casa. Estava chateado procurando uma resposta. Não conseguia entender o que estava acontecendo.

Ao chegar à casa uma surpresa. Seus filhos pequenos estavam em casa. Suas ex tinha-os mandado para passar uma temporada.

A presença dos filhos ajudaram a esquecer aqueles dias difíceis.

Depois o tempo passou rápido e quando ele retornava com os filhos um dia de domingo, encontrou a mãe de Myra que ainda eram uma mulher jovem.

- Como vai você meu genro. Já soube que nasceu sua filha.

- Está falando sério.

- Claro que sim! Na minha família ainda não tinha nem uma moreninha.

(continua)

lazaro correa de oliveira
Enviado por lazaro correa de oliveira em 20/07/2010
Reeditado em 25/07/2010
Código do texto: T2390145
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