A FLOR DO AMOR

A FLOR DO AMOR.

Pensamento: O amor não encontra explicação na matéria humana porque somente se realiza no espírito.

Em um belo jardim nasceu uma pequena flor comum mas suficiente para fazer reinar no coração do jardineiro, no semblante de sua mulher e nas almas da família a suave sensação de amor. A flor na sua espécie não era rara; sua beleza e perfume eram encontradas nos mais singelos jardins. Se comparada a outras espécies, em especial a flores exuberantes, permaneceria sem chamar a atenção. Entretanto, se tocada fosse, na sua postura imperceptível, como uma criança a ninar, facialmente se perceberia o porque da atenção do jardineiro, de sua mulher e de seus familiares – e até mesmo de amigos.

A eles não importava a singeleza, a aparente insignificância e até mesmo o lugar onde florescera. Para eles o que importava era a radiante cor indicativa de vida e sua aparência rosada. Escondia-se nela acondicionado o pólen da vida como algo a clamar por amor. A “rosadinha”, como foi apelidada tinha alguma coisa iluminada por Deus.

A pequena flor, tão logo desabrochou na transformação de seu botão, não encontrou condições plenas para seu desenvolvimento e pujança naquele cantinho de jardim, onde brotara de surpresa. Entretanto, com apenas alguns dias de florescência algo de diferente fora constatado nas curvas de suas pétalas, no seu caule e nas suas sementes.

Vinte e cinco pares de pétalas, circunvizinhas, enfeitavam a auréola rósea da sementeira. Não eram harmônicas, porque um dos pares exibia uma terceira pétala que quebrava a harmonia. Partes do conjunto da plantinha era afetada, por causa da genética da planta, e cada uma era um pouco diferente da sua vizinha. Mas, ao contrário de parecer uma anomalia era, na verdade, nova forma de beleza, de pureza e de candura. Por isso cativou não somente o jardineiro, sua esposa, mas todos os que, ainda que de longe, a viam ou dela ouviam falar.

Bastaram alguns exames e testes por parte de especialistas em botânica para se lograr a confirmação de que a pequena flor, comum, sem nada de especial era na verdade incomum porque tinha muito de especial; aliás, especialíssima. Incomum, porque era diferente quanto a alguns aspectos da forma; diferente, dado que não guardava relação de semelhança com outras da mesma espécie. Não se escondeu, entretanto, certa fragilidade de vida da bela flor, com o que todo o cuidado foi recomendado.

Houve necessidade de cuidados especiais por parte do jardineiro e de sua mulher Georgia. A flor sinalizava a impossibilidade de sobrevivência se fosse colocada longe dos olhos do casal, visto como alimentava-se de um fluido denominado amor o qual, somente o jardineiro revelava profundo poder de dá-lo. No entanto tanto o jardineiro, sua mulher e familiares próximos, se convenceram de que não sobreviveriam sem a presença da “rosadinha”, ao menos como pessoas conformadas.

A maneira de conciliar essa relação de dependência mútua foi a de se enaltecer o amor recíproco, talvez incompreendido por quem ouvisse a explicação do casal.

O casal de jardineiros a tudo colocou em segundo plano e elevou como nunca se vira antes a figura do amor à flor. Esta, de sua parte, no seu cantinho de jardim, sobre o qual se ouviam os trinados dos pássaros visitantes, comprovou ter qualidades para amar o casal, na mesma intensidade. O entrelaçamento de amor expandiu-se e alcançou os demais familiares do casal jardineiro, tecendo-se com as linhas iluminadas do amor o tecido mais puro do universo.

Os amigos também foram tocados pela forte corrente de amor. Nuvens brancas com clarões violeta anunciavam no som das cornetas angelicais, para outros grupos, a existência de um grande amor.

O amor tomou o lugar da pequena flor. Já era impossível referir-se à flor sem estar presente o amor. Seu nome foi dado com amor e todos a acolheram. Criou-se então uma situação inusitada: a pequena flor deixara de ser mera plantinha para ser o verdadeiro grande amor. A partir de então flor e amor identificaram-se e formaram uma só entidade: FL de flor e OR de amor.

Não se cuidava mais da flor, como belo ornamento, mas comprovava-se a existência de um grande amor. As doenças, as pragas, os ácaros, as cochonilhas, as tesourinhas e outros elementos adversos à integridade das flores cederam lugar e abdicaram da provocação de sofrimentos. Se algum sofrimento havia de ser enfrentado que o fosse com muito amor. E o fenômeno do crescimento amoroso cada vez mais ocupava o lugar, os pensamentos, as conversas das pessoas.

Bastava uma leve brisa que pusesse em perigo a flor, em perigo estava o amor e ninguém desejava perdê-lo. A flor encarnou o amor e este passou a viver em lugar da flor. Até hoje esse quadro se mantém, porém a flor, sem plausível explicação que pudesse ser dada pela ciência botânica, cada dia tornava-se mais bela e a cada momento desafiava as leis que regem a existência das flores pequenas, sem expressão, quase ramagem mas que, por obra de Inteligência Superior e Una transformara-se em amor e como tal nunca mais desapareceu.

aclibes
Enviado por aclibes em 10/07/2010
Código do texto: T2369157
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