REDEMOINHO DE EMOÇÕES.

De todas as coisas que imaginava e eram paradoxalmente muitas e poucas o que mais gostava era de pensar em estar ao lado dele em um fim de tarde/dia.

Não que não pensasse em amá-lo por momentos infinitos ainda que breves. Almejava aquela sensação que podia pré ver/prever de descer do infinito ( tempestade de estrelas) e pousar,repousando entre pernas,braços e silêncio, aguardando coração,respiração e mucosas voltarem lenta e pacificamente ao ritmo normal.

Os encontros ainda que planejadamente ao acaso, aqueceriam corpo e alma, levariam a sorrisos e doces recordações de como as coisas aconteceram desde que se (re)conheceram.

Os olhos, aquelas telas vivas do espírito do tempo neles guardado/ aguardando,precisavam se disfarçar para ninguém perceber o que se agitava/pulsava no momento em que se cruzavam casualmente e quase sem querer se afastar um do outro.

Tentar se esquivar dele/sentimento novo/velho conhecido com

barricadas,protestos,trincheiras e planos de fuga havia sido tentado, e de fato ele também tentou,se afastou, mudou e quase silente voltou aos poucos com sorrisos e beijos roubados á cada manhã.

Pensara que conseguiria fugir e surpreendida cedeu ao seu grande adversário,que como armamento pesado levava charme e olhares profundos que sorriam e se debruçavam sobre ela buscando o fundo da alma.

Não entendera ao certo a razão de ter o destino o (re)colocado em seu caminho já abatido de muitas guerras travadas ao longo de uma busca emocional com resultados de guerrilhas/dores/lágrimas.

O fato é que ele (re)tornou ao alcance de seus olhos/passos e

soube disso imediatamente ao vê-lo no primeiro novo momento.

Não teve uma explicação. Apenas sabia já não ser mais a mesma e

podia intuir que ele de alguma forma( ao menos em relação a ela) já não era mais o mesmo.

Sentia uma mistura conflituosa entre querer saciar o desejo forte e doce e o receio de perder a amizade com raízes que conquistavam á cada dia,inegável/inevitávelmente.

Havia uma conquista medrosa á cada gesto inesperado,á cada palavra sem sentido.

Do destino senhor de tudo e de todos não sabia nem ousara buscar respostas nas antigas runas,tarôs ou cartas ciganas,oráculos que silenciosos permaneciam na seda azul do misticismo,para não soltar a voz.

Seria encontro ou perda?

Não sabia ou queria prever se estava destinada a encontrá-lo ou a perder-se ao perdê-lo.

Mas havia certeza em sua mais profunda molécula da alma: suas vidas não se (re)encontraram apenas para deixarem essência do que poderia ter sido se fosse,além de uma amizade.

Havia um encontro ímpar com o universo por testemunha e terá sempre o tempo como fiel escudeiro e grande expectador.

E na lembrança um beijo quase concretamente roubado, as pernas trêmulas,o peito arfando, o coração quase explodindo em gritos e gemidos silenciosos...

... e a imaginação de um fim de tarde com redemoinhos de emoções.

Márcia Barcelos.

P.S: Em um dia qualquer em que a alma solitária e deixada de lado se encontrou em versos e rabiscos em pedaços de papel/vivências e emoções e em si se completou ainda que desfeita naquele momento.

Márcia Barcelos
Enviado por Márcia Barcelos em 09/07/2010
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