PRETÉRITO PERFEITO.

Era dia vinte e nove de outubro de 2009, um dia normal, cheio de agitações, pessoas subiam e desciam escadas, saiam e voltavam cheios de coisas, e assim tudo ficava pronto para o outro dia, o tão esperado dia, aquela noite seria apenas mais uma, todos precisavam descansar muito, para estarem bem preparados pro dia seguinte...

Naquela noite, parecia ter algo diferente no ar, sabiam o que estava diferente, apesar de tudo ser muito novo e duvidoso, o medo tomava conta, tanto de um lado como do outro, e se tentar fosse jogar tudo construído até ali fora? Será que estariam enganando-se?

As horas passavam-se lentamente, conversaram muito naquela noite, jantaram, normalmente, -Penso que bolinhos de queijo, suco, ou talvez iogurte- só que de uma forma diferente, internet, músicas, tudo em comum... Tempos depois resolveram dormir, a TV ligada, a ansiedade era tamanha que não decidiam uma canal ao certo, decidiram desligá-la, o relógio marcava três da manhã, apenas uma luzinha vermelha vinda do computador iluminava aquele lugar... Foi quando quase dormindo os seus lábios tocaram-se, como se algo maior tivesse destinado aquilo, involuntariamente foi acontecendo, certo medo retraído ainda existia, os corações estavam a mil, isso era impossível não perceber, conversaram muito naquela madrugada, a adrenalina ultrapassava os limites, e foi como se tudo aquilo já estivesse destinado a acontecer... Passaram-se alguns dias, os encontros sempre existiam ,era como se tudo congelasse e só existissem duas pessoas, como se mandassem no resto do mundo naquele período, como se todo estresse sumisse , tudo desaparecia, eram mágicos aqueles toques, beijos, abraços... Mas após um tempo, de total entrega das duas partes –era o que parecia – tudo começava a mudar, e foi criada uma enorme barreira, foi como se uma pedra gigante tivesse caído bem no meio do sonho e acordado obrigatoriamente, a distância cada vez tornou-se maior, os pensamentos passaram a existir com muito mais freqüência que os encontros, o coração de uma das partes simplesmente dilacerado , não conseguia pensar em nada, havia de existir um jeito , não poderia acabar assim , sem acabar ... Os meses foram passando, os encontros ainda existiam, mas quando encontravam-se logo após ficava a dúvida se teria sido a última vez... Até que o dia 28 de dezembro chegou, e sim, junto com ele o final também chegava , foi a última vez que sentiam todo aquele prazer, a ultima vez que se olharam fixamente, o último eu te amo acompanhado da mais perfeita sensação... Tudo voltou pro mundo real, às outras pessoas passaram a existir, nada que faziam agora se comparava com a empolgação de antes, os seus mundos tornaram-se diferentes, seus desejos talvez fossem os mesmos, porém a vida não parava mais para encontros incertos, e simplesmente, teriam que continuar, talvez nos pensamentos voltassem a se encontrar...

Karoane Ribeiro
Enviado por Karoane Ribeiro em 25/06/2010
Código do texto: T2340522
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