Um dia especial com Nicole

Eu havia acabado de chegar com meu marido Nick em um hotel com meus filhos e tínhamos combinado de passar um final de semana tranquilo, ao chegar na recepção reparei uma bela garotinha no rall de entrada com um homem que parecia seu pai, estava ao telefone e ela sentada no sofá. Aquela garotinha não tinha mais que sete anos de idade, aparentava estar muito triste , senti uma enorme vontade de estar perto dela e perguntar porque aquela carinha tão desanimada? mas me contive, nem conhecia aquela garotinha e aliás, tinha um homem cuidando dela.

Fomos para nosso quarto, depois descemos para o jardim, não imaginei que fosse tão lindo, a maioria dos hoteis não tem muita natureza para mostrar aos hóspedes, somente algo para lazer e outro para entretenimento, mas, estava lindo, e avistei uma pitangueira que já havia frutos e fui mais perto e peguei umas pitangas, dei aos meus filhos Hághata e Lucas que estavam comigo, Nick tinha que sair, aquela manhã estava muito linda, mas, e Nick interrompeu aquele momento falando sobre negócios.

"Querida, sinto muito, mas terei que sair uns instantes." Nick falou com um cenho na testa.

"Onde você vai? Achei aproveitaríamos esse final de semana com as crianças, lembra?". Disse Gisa já magoada.

"É negócios querida, não demoro e não me espere para almoçar." "Fale isso para as crianças."

Nick foi até as crianças, mas eu já sabia que elas ficariam tristes e então ele veio me dizer que também não queria se separar das crianças e levaria elas junto com ele, uma coisa eu não podia negar, Nick amava demais as crianças e faria qualquer coisa com para vê-las felizes.

"Querida, vou na casa de Gerson e lá tem crianças, vou levá-las comigo, posso? Você quer vir conosco?"

"Não, prefiro ficar no sossego aqui, vocês não vão demorar mesmo, não é? Você querem crianças?

Juntas não pensaram duas vezes e logo aceitaram, eu não estava com vontade de ficar ouvindo sobre negócios, ficaria no hotel, já que eles voltariam logo.

"Tchau mamãe, voltamos logo." Assim, disse Hághata

"Está bem filhinha, mamãe estará esperando vocês."

"Desculpa querida, mais negócios são negócios, mas as crianças se divertirão, disso eu garanto, voltamos mais tarde.

Peguei um livro para ler e sentei no jardim do hotel perto da pitangueira, lia um romance muito emocionante. De repente avistei a garotinha que vi quando cheguei ao hotel, ela e seu pai estavam vindo ao jardim, ela se aproximou de um banco e sentou segundo as ordens de seu pai para esperar. Ele novamente estava ao telefone, parecia tão ocupado que não se divertia com a filha, logo imaginei que ele levava aquela pobre garotinha para qualquer lugar por causa dos negócios e não para se divertir com ela.

Ouve uma confusão por um instante, eu estava usando calça jeans clara e um casaco lilás com uma camiseta branca e sem querer deixei meu livro cair e me levantei para pegá-lo, neste momento o pai desta garotinha disse pra eu a olhá-la que ele já voltava, mas, ainda ao telefone, talvez ele deve ter me confundido com umas das recreacionistas do hotel, elas usavam uma roupa perecida com a minha

mas sem a camisa branca, ele só me viu de costas e saiu sem olhar para trás, então me aproximei da garotinha.

"Olá garotinha, tudo bem com você?"

"Não muito senhora, meu pai nunca tem tempo para brincar comigo e minha mãe morreu quando eu nasci"

"Seu pai me confundiu com uma das tias da recreação, eu estou hospedada aqui com meus filhos e meu marido, e vi você hoje de manhã"

"A senhora tem filhos? E qual o nome deles?"

"Hághata tem sete anos e Lucas tem cinco, e você, qual seu nome e que idade tem?"

"Nicole e tenho sete anos"

"Que nome mais lindo e você também é muito linda, viu?"

"Brigada"

Consegui arrancar um sorriso de Nicole. já que parecia que ela não sorria há muito tempo, conversei mais com ela e a convidei para um passeio dentro do hotel é claro, informei na recepção que o pai havia se enganado pensando que eu era uma das meninas que trabalhavam na recreação , embora eu só tivesse trinta anos, não tinha mais cara de menina de vinte, mas , deu nisso.

Levei Nicole para um "tour" no hotel, ele era grande, decidi que aquela menina seria muito feliz naquele dia e fomos para sala de jogos, pois Nicole parecia muito inteligente para querer ir à recreação brincar de boneca. Ela jogava pingue-pongue muito bem e havia me dito que na sua escola já participava muito dos esportes como: Balé, tênis, natação, e outros, estes em especial. Seu pai de certa forma a fazia ficar muito ocupada para que ele trabalhasse, coitada de Nicole, ficava muito tempo sem o pai e talvez nem sabia como era brincar com ele.

"Hoje é o dia mais feliz da minha vida". Disse Nicole com uma brilho nos olhos enquanto eu balançava ela no balanço.

"Que bom querida, então vamos aproveitar mais, antes que seu pai volte."

Eu não sabia o quanto aquela garotinha estava feliz, mas eu havia proporcionado para ela um dia em que ela esperava há muito tempo, seu pai não tinha tempo para nada, vivia enfiado no telefone. Eu imaginei meu Nick, sempre dava um jeito de ter as crianças perto dele e elas sabiam como era se divertir com o pai, ele até lia para as crianças quando chegava mais cedo em casa e nós dois ficávamos juntos com elas, eram momentos únicos. Em pensar que a garotinha não tinha mãe e o pai não parava em casa, que triste vida que ela não tinha!? Sem o amor fraterno por perto.

Eu estava muito feliz , Nicole estava radiante. Eu pensava em meus filhos e pensava no pai dela, porque aquele pai deixava essa jovenzinha sózinha? Ele não sabia o valor que ela tinha, muito educada e sabia obedecer.

"Eu estou feliz que você esteja aqui comigo, nunca conheci minha mamãe, mas, ás vezes sonho com ela, consigo vê-la porque tenho uma foto dela no meu quarto, ela era tão linda, eu sou muito parecida com ela"

" E como é sua relação com seu pai Nicole?"

"Eu fico na escola o dia todo e de noite com a babá, meu pai nunca está em casa e quando está fica no escritório"

"É assim mesmo querida, meu marido também é bastante ocupado e quando o celular dele toca ele tem que sair correndo"

"E onde está seus filhos agora?"

"Estão com ele, ele recebeu uma ligação e resolveu levá-los junto."

Eu não queria falar muito de laços de família, pois ela havia ficado triste novamente, pois lembrara do pai ausente. Mas porque ele demorava tanto?

"Seu pai viaja muito Nicole?"

"Sim, ás vezes ele me leva só para não se sentir culpado em me deixar sozinha, mas acaba me deixando, veja onde estou ,ele não está aqui"

Eu não conseguia dizer nada à ela, pois o pai era ausente demais, aposto que ele não sabia a sua cor preferida, ou filme, coisas assim, e tudo o que ela falava era um aperto no meu coração.

A levei de volta para o jardim perto das pitangueiras, e começamos a correr por elas, peguei algumas pitangas e dei a ela e depois ela me abraçou tão forte que uma lágrima correu pela minha face e quando olhei para ela, também havia jogado algumas para fora e então eu a abracei novamente, confortando-a , dizendo que isso tudo ia acabar logo, seu pai só teria que passar mais tempo perto dela para descobrir o quanto aquela garotinha era especial, eu já estava ficando com saudade dela ao pensar que depois não veria mais.

O tempo passou e convidei-a para almoçar comigo, fiz ela comer o que meus filhos gostavam de comer. Nicole parecia uma moça já, era muito educada, mas, precisava se divertir mais.

Após o almoço, levei Nicole até a livraria do hotel e lá peguei um dos livros que Hághata mais gostava que eu lesse para ela, sobre as princesas. Ele era pequenino e dava para ler todo ele, peguei o livro e fomos para o jardim e lá, Nicole se sentou em meu colo e eu comecei a ler para ela, ouve muito silêncio, ela estava com muita vontade de escutar. Contei a história da bela adormecida a qual ela não conhecia.

"Era uma vez, há muito tempo, um rei e uma rainha jovens, poderosos e ricos, mas pouco felizes, porque não tinham concretizado maior sonho deles: terem filhos.

— Se pudéssemos ter um filho! — suspirava o rei.

— E se Deus quisesse, que nascesse uma menina! —animava-se a rainha.

— E por que não gêmeos? — acrescentava o rei..."

Contei a história até o final, e depois conversamos sobre o livro e de como ela gostava de histórias assim. Seu pai chegou de repente sem Nicole perceber, ele reparou que Nicole ria com muita vontade e me abraçou por uns minutos e eu fiz sinal para ele chegar mais perto.

"Oi filha, desculpe a demora."

"Eu me divertir como nunca hoje papai, esta é Gisa"

Nos apresentamos, e eu disse a ele que tinha uma menina encantadora, e também comentei sobre a confusão que ele fez comigo pensando eu ser uma recreacionista, mas, disse que eu adorei passar o dia com Nicole, que ela era uma garotinha tão inteligente e educada, mais que precisava mais do amor do pai, já que não tinha o da mãe.

"Nicole se divertiu? Que bom, me sinto culpado demais por não estar tão presente. Agradeço muito a você". Disse Greg agradecido de verdade e com lágrimas nos olhos.

" Para eu foi mais que isso , foi algo especial, ela é tão forte e decidida, acho que puxou ao pai."

"Que bom, e tenho uma notícia boa para ela, consegui uma semana de férias e vou levar Nicole para ver os avós maternos."

"Este é o melhor momento para você dizer a ela isso, a alegria dela está em alta."

"Não sei como te agradecer, mas, obrigada."

Quando Greg se aproximou da filha, ela deu pulos de alegria, já imaginei que havia dado a notícia e ela veio correndo me abraçar chorando, dizendo que nunca ia me esquecer e que sentiu que tinha uma mãe por alguns minutos.

"Gisa, você é maravilhosa e linda, obrigado por este dia, e já pedi ao meu pai que compre todos os livros de princesas para eu ler"

"De nada minha querida, o prazer foi todo meu, também adorei."

Ao abraçar Nicole senti um dor ao vê-la partir com seu pai e nesse momento ela voltou correndo e eu a peguei no colo chorando, depois levai-a até o pai e disse meu endereço para ela me visitar.

Eu nunca esquecerei este dia, Nicole tinha me dado tanta alegria que eu só queria ver meus filhos e abraçá-los muito.

"Querida, somos nós, já chegamos". Nick informou.

Nick bateu no quarto e quando vi as crianças eu as abracei com tanto força que chorei, senti tanta saudades.

"Oi meus amores, mamãe sentiu saudades de vocês, da próxima vez eu vou junto."

"Eu te amo mamãe." Disse Lucas de cinco anos.

"Mamãe também te ama meu amor"

"Oi querida, porque está chorando?" Disse Nick beijando-a na testa.

"Hoje tive um dia especial, tinha uma menina chamada Nicole...."

Contei a história e meus filhos filhos queriam conhecer a Nicole e Nick ficou pensativo e eu já imaginava porque, mas, acalmei-o dizendo que a vida é assim, mas, que quando temos oportunidade de melhorar não devemos desperdiçar tempo.

Nicole havia mudado minha visão, eu entendia os dois lados, seu pai tinha que trabalhar para sutentá-la, mas, também, tinha que saber o que é viver em família, como era gostoso fazer as refeições juntos, se divertir juntos, enfim, proporcionar momentos que só o amor sabe que é válido.

Greg havia combinado que viriam nos visitar e eu aproveitaria para convidar a irmã de Nick e apresentaria a Greg, assim, quem sabe, os dois se entenderiam e Greg soubesse o que é o amor novamente.

Fim!!!

Belly Regina
Enviado por Belly Regina em 24/06/2010
Reeditado em 24/06/2010
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