Insistente Destino

Miriam, vinte anos, dançava na pista de uma casa de eventos, quando percebe a presença de Herbert que também dançava ali na pista a poucos passos dela, ela se encanta e começa a arquitetar um meio de fazer uma aproximação, até que ela vê sua amiga cumprimentá-lo, despertando então uma idéia, pede a sua amiga que faça a apresentação do garoto, e assim foi feito, trocaram cumprimentos, se apresentaram, conversaram, e ele a convida para tomar um drink, ela pede um Martini ele uma cerveja, andam pela danceteria entre goles e sorrisos, conversas e galanteios, resolvem subir até espaço reservado no mezanino aos casais com poltronas aconchegantes, se acomodam, se olham fixamente e sem mais uma palavra se beijam perdidamente.
Herbert diz ser recém formado em engenharia, ter vinte e três anos, trabalhava em uma empresa no centro de São Paulo, adorava conhecer pessoas e também freqüentar a noite paulistana com seus bares, restaurantes e danceterias, teve uma única relação de quatro anos, em que foi muito apaixonado, mas a infidelidade da parceira colocou fim ao sonho dele que era se casar após se formar, hoje sozinho tem seus amigos como companheiros para sair e se divertir, tem esperanças de logo encontrar uma mulher que tenha os mesmos sonhos, de se casar e formar uma família – Miriam cada vez mais encantada diz que também tem este sonho do casamento, assim que terminasse a faculdade de jornalismo que já cumpria o sexto semestre, teve poucos namorados, e com todos não ficou mais de um ano, e tantas conversas mais foram se desenvolvendo e ambos admirados com tantas afinidades acendiam ali as esperanças de uma relação duradoura e quem sabe um casamento futuro, e os beijos quentes, enlouquecidos que surgia em meio às conversas, fazia o coração de ambos bater acelerado e a sensação do corpo levitar daquela poltrona.
Dali de cima observavam toda a pista de dança, observou-se também uma movimentação estranha, o grupo que dançava no meio da pista se abre e no centro do círculo uma jovem passa a estapear um rapaz, Miriam vê que é sua irmã e o namorado, que se agridem ali no meio, desce desesperada para apartar a encrenca, Herbert vai logo atrás perguntando sobre os detalhes de toda confusão e fica sabendo que a irmã sabedora duma traição do namorado ia tirar satisfações nesta noite, mesmo que contra vontade de Miriam, que pediu a irmã para ter racionalidade e serenidade ao lidar com a situação, mas ela muito explosiva e de certa maneira sem responsabilidade, chegando ao centro do furacão, Miriam se coloca entre os brigões no momento que o namorado da irmã ia desferir um soco, que acaba atingindo Miriam na lateral de sua face, desmaiada cai nos braços da irmã, Herbert reage instintivamente disparando chutes e socos contra o agressor, que se vê sangrando contra parede, muitos então passam a apartar aquela confusão, e Herbert vê o namorado da irmã de Miriam saindo apontando e fazendo ameaças, ele não dá atenção e se vira para Miriam, surge uma pessoa ao lado com gelo, ele agachado ali sobre Miriam passa pressionar com gelo local da contusão, os olhos se abrem ainda que não nitidamente, sabia ser Herbert e rapidamente o abraça e ele beijando e muito sua face e seus lábios, agradece a Deus por ela estar bem, ela se levanta, um pouco tonta, mas sendo perfeitamente possível caminhar, o DJ vendo que toda confusão estava controlada levanta novamente o som, todos da pista recomeçam a dançar, e eles vão se retirando do meio da pista, foi então que Herbert dá a sugestão de saírem dali para um local mais calmo que possam conversar e também se recuperar daquela situação, Miriam aceita, já sua irmã pretende ficar mais um pouco com as amigas ainda no salão, quando saem ao estacionamento em direção ao carro, Herbert é atingindo por trás por um golpe dum objeto cortante, Miriam grita apavorada. Herbert vira-se e percebe ser o namorado da irmã que esta com um punhal nas mãos, a dor era insuportável, Herbert se ajoelha sangrando tentando levar as mãos às costas, o agressor foge, e Miriam gritava por socorro, que chegam instantes depois do fato, mas nada mais pode ser feito.

Três anos se passaram, era de manhã, sete horas, Miriam ainda estava deitada quando toca o despertador, já era hora de ir trabalhar numa editora que conseguiu o emprego logo após se formar na faculdade de jornalismo, se encolhe e se acoberta para tirar mais cinco minutos de cochilo, sua mãe entra pelo quarto já abrindo as janelas e estimulando Miriam a levantar-se, sem ter outro jeito ela cria coragem e corre ao banho, se veste toma café despede-se da mãe e vai para o carro novo que comprou com o bom salário que tinha depois da promoção que teve na empresa, quando se prepara para abrir a porta ouve o anúncio do assalto, assustada vira-se para ver e recebe um tiro do assustado marginal que em seguida foge em disparada, sua mãe abre a porta e corre em direção a Miriam que estava estendida ali no chão, coloca a cabeça dela em seu colo e berra por socorro, Miriam a olha de forma doce e amável, em seguida olha para cima vendo um movimento forte de nuvens uma luz forte que ofusca seus olhos, vê os traços de um homem que se aproxima, embora não nitidamente sabia ser Herbert, sente os beijos de sua mãe e os pedidos para suportar até o socorro chegar; é pega pela mão por aquele que se aproxima, e ela fecha os olhos para tua mãe, e se vê no espaço iluminado puxada por Herbert, quando o encara e olha fixamente em seus olhos sente toda energia que teve no encontro daquela noite, se conforta e deixa que Herbert a leve mais para o alto em direção ao céu azul sem fim passando por anjos, que cantarolando, saudavam a sua chegada aos céus do casal.
Noronha de Araujo
Enviado por Noronha de Araujo em 11/06/2010
Reeditado em 28/06/2011
Código do texto: T2312866
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