Amor passageiro
A Felicidade, depois de sofrer com a Desilusão, disse nunca mais querer dividir sua vida com alguém; que seguiria sozinha rumo a eternidade. No trajeto, encontrou a Paixão pedindo carona pra todo mundo e, mesmo com um certo receio, resolveu parar. A Felicidade abriu a porta para a Paixão e perguntou:
- Vais pra onde? Vou em direção a eternidade.
A Paixão olhou bem para a Felicidade e num tom de ironia disse:
- Ah, você está sozinha, bem que podia me dar uma carona. Não pretendo ir tão longe; o caminho rumo a eternidade é longo e pretendo percorre-lo aos poucos.
- Pois bem, entre!
A Paixão sentou-se ao lado da Felicidade e se apresentou:
- Olá! Chamo-me Paixão, mas os íntimos me chamam de Amor.
- Hum... Chamo-me Felicidade.
Feita às apresentações, o silêncio tomou conta do recinto; e a Paixão, por mais que quisesse puxar assunto, não o fez. Até que a Felicidade resolveu romper o silêncio e contar o que aconteceu quando deu carona para a Desilusão.
A Paixão, mesmo sem entender porque, sentiu a necessidade de permanecer em silêncio e escutar a Felicidade – permanecendo mais tempo junto com ela.
A Paixão estava ficando preocupada, pois dificilmente passava tanto tempo ao lado de alguém; seu maior medo era de acabar se transformando em Amor para a Felicidade.
O tempo foi passando e a Felicidade, muito risonha, não cabia em si, pois a Paixão no início estava muito quieta – como se estudasse o terreno – mas com o passar do tempo, a “tímida” Paixão se transformou em Amor e de forma avassaladora abalou a Felicidade. Porém de forma positiva!
Hoje, o Amor não pega carona com mais ninguém. Hoje, o Amor e a Felicidade caminham de mãos dadas e lado-a-lado vão rumo a eternidade.