Esta pode ter sido a nossa história

Tudo começou como uma chuva de verão, calma e serena, e aos poucos tornou-se uma tempestade de todos sentimentos possíveis. Quando vi-o passar pela cozinha não imaginava que nossos caminhos se iam cruzar. Olhei-o e pensei “bom! É um mocinho bonitinho!”. Mas na verdade, ele não era só bonitinho. Ele tinha o perfil que todas miúdas da minha idade procuravam. Um rapaz alto, bonito, apresentável. Naquele momento, não pensei em tudo isso, simplesmente olhei-o e continuei com os meus afazeres.

Uma hora depois estávamos todos reunidos na sala da minha prima para mais um social entre amigos. Entre palavras soltas e conversas mal terminadas descobri que frequentávamos o mesmo site de relacionamentos na net. De forma indiscreta pedi para que ele adicionasse-me e naturalmente ele aceitou. Palavras foram, palavras vieram outras ficaram e a noite acabou.

Dois dias passaram-se e nós já estávamos envolvidos com inúmeras coincidências. Estudávamos praticamente na mesma escola, gostávamos das mesmas coisas, tínhamos amigos em comum e até a data de nascimento partilhávamos. Todo era muito perfeito, era como se fossemos peças do mesmo puzzle e estávamos formando a imagem pretendida. Não tardou e o corpo respondeu ao estímulos da mente. Aquele que até uma semana atrás era um anónimo havia ganho o papel de protagonista no filme em que a minha vida se tinha transformado.

Era incrível o nosso envolvimento. Eu sentia-me a outra metade da laranja dele. Em menos de uma semana aquele mocinho que conheci num social transformou-se no homem que procurava. Ele era simplesmente o homem, o meu homem!

Passou-se uma semana e eu já estava completamente apaixonada por ele. Eu não capaz de definir o que sentia. Desejava-o e queria-o só para mim. E aquilo não era só desejo carnal. Eu queria estar com ele, contar com ele, dividir momentos...

Na segunda semana, estava eu ali ainda apaixonada pelo desconhecido conhecido. Como num filme, não se passaram três dias e estávamos alí. Eu e ele. Naquele momento desejei tudo. Corrompida pelo momento fui me arrastando ao principio do meu fim. Eu sabia que o sentimento nunca venceria a barreira do preconceito mas naquele momento, por ele, eu venderia até a minha alma. Aos poucos tudo foi acontecendo, numa varanda, expostos ao sol, entreguei-me a ele do mesmo jeito que desejava fazer quando pensava nele antes de dormir. Foi tudo tão bom, tão mágico, tão perfeito. Naquele momento eu era quem eu queria ser e estava feliz porque ele estava ali comigo. Sentia-me uma criança e ele fazia-me sentir mulher. Naquele momento o mundo podia acabar e se fosse para morrer eu morreria feliz. Eu sabia que tudo aquilo era um erro, mas era um erro justo, com sentido. Eu sabia mas entreguei-me e naquele momento não faria nada diferente daquilo.

Tudo que se passara naquele dia dia não sairia mais da minha vida. Na noite daquele mesmo dia caiu-me a ficha. Provavelmente eu estivesse me precipitando. Mas aquele homem perfeito se tinha ido embora. Ingénua! Como pude deixar-me levar por um momento de prazer? Senti-me pequena, minúscula, insignificante. Por uma paixão deixei de lado todos meus princípios e ao invés de ganhar sentia que perdia a única pessoa que me interessava. Eu não podia culpa-lo, ele não tinha culpa de nada. Mas só por ele eu estava ali. E quando tudo parecia terminado, o príncipe e a princesa no final felizes para sempre, ele não estava ali. Eu não podia ter-me enganado tanto assim mas tudo levava-me àquela conclusão. O meu homem perfeito não estava ali comigo para saber como eu estava, como me sentia e se eu ainda o queria. Ele havia deixado de existir. Lágrimas encheram meus olhos. Uma delas atreveu-se a molhar meu rosto e daí as outras seguiram-se e inundaram meu coração.

À medida que eu enxugava as lágrimas, apercebi-me da presença de um vulto que de seguida abraçou-me. Eu reconhecia aquele abraço. Sorri. Mas antes que eu identificasse a pessoa que abraçava-me meu despertador tocou e acordei de um sonho que desejo um dia viver e que tenha um final feliz.

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Tee
Enviado por Tee em 22/04/2010
Código do texto: T2213071
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