Cai a Noite.
-Minha mãe sempre dizia: “Pensa bem noque vai fazer menina!”
Sabrina forçou uma voz rouca e nasal, que fez Rafael segurar uma risada, mas que inevitavelmente foi se libertando pelas beiradas dos lábios.
Ela também sorrio, mas por ver uma coisa que sempre a encantava.
Era impossível não gostar do sorriso de Rafael. Tinha uma boca não muito grande mas extremamente bem desenhada, com a parte superior, sutilmente mais carnuda. Devido aos beijos, estava claramente mais avermelhada que o normal, mas isso de uma forma engraçada a deixava mais “sexy”. Tinha dentes claros e rentes. E uma língua que deixava Sabrina louca, toda vez que inocentemente passeava pelos lábios de seu dono, afim de impedir que ficassem ressecados.
-Você nunca foi do tipo que escutava sua mãe né?
Rafael puxou levemente Sabrina para mais perto de seu corpo, oque a fez deitar a cabeça em seu peito.
-Não, sempre tentei conhecer as coisas por mim mesma! -Sabrina se acomodou melhor no corpo do rapaz e respirou fundo.
Ele usava os dedos para criar rabiscos imaginários no pescoço da moça e observava os olhos dela se fecharem devagar.
Sabrina com certeza era uma mulher mais linda que ele já tinha conhecido.
Tinha uma estatura menor que a dele, e um rosto inocente que a fazia lembrar uma menininha, olhos vivos e atentos a tudo, que quase se escondiam quando ela dava um sorriso.
Aquele sorriso.
Podia alguem ter um sorriso tão belo?
Um sorriso que entrava em contraste com tudo a sua volta, mas que se mantinha em perfeita harmonia com seu rosto fino e aquele olhar claro.
-Posso te pedir uma coisa?- Perguntou ela sem abrir os olhos.
-Uhum.
-Canta pra mim?
Rafael fez um silencio de 2 segundos antes de responder.
-E oque quer que eu cante? -Respondeu sorrindo.
-Qualquer coisa. Queria só te ouvir cantar.
Se aconchegou melhor no corpo do rapaz, enquanto ele a abraçava com mais carinho.
-”Cai a noite na cidade. Vinda de lugar nenhum. E o dia vai embora. Indo pra lugar algum...Não sentia fome. Não sentia frio. Sentado num canto. De um quarto vazio... Quando a chuva cai. Nas noites mais solitárias. Lembre-se que sempre. Estarei aqui...”
Sentiu o peito molhar enquanto cantava, mas sabia que não devia parar. A ultima canção que dedicaria a seu amor...Uma canção de despedida.
-Nos não vamos mais nos ver não é?
Respondeu negativamente sem olhar para o rosto de Sabrina.
-Você vai esquecer de mim?
-Quero esquecer só dos dias que não estive com você.
Foram 20 minutos de silencio após a resposta de Rafael. Depois disso tiveram que se arrumar e voltar para a porta do hotel.
Sem olhar um para o outro, ficaram a frente de seus carros.
Rafael olhando suas chaves, perguntou relutante.
-Vai viajar amanhã cedo né?
Sabrina correu em direção a ele e deu um beijo forte em suas lábios.
-Sim.
-Vai sentir minha falta?
-Como já sentia toda a minha vida.
Teve que lembrar de como respirar antes de dizer as próximas palavras...
-To te amando...Te amando como nunca imaginava.
A lagrimas dançavam de novo no rosto de de Sabrina e ela teve que se concentrar antes de responder.
-Também estou...Te amando da forma que te amava nos meus sonhos.
-Não quero desse jeito... Quero você comigo!
-Sonha comigo!...Promete sonhar comigo?
O abraço dado pelos 2 foi o mais forte dado entre duas pessoas.
-Promete nunca me abandonar!
Durante alguns minutos o choro foi a única coisa a se escutar na garagem do hotel. Já era tarde da noite e já não se escutava nenhum carro passando na rua.
-Quando nos encontrarmos de novo, você pode estar casado e eu também.
-Se nos encontrarmos de novo, vamos saber que é pra sempre.
A levou até o carro e esperou que entrasse.
-Posso te contar uma coisa antes de ir?
-Claro.
-Meu nome não é Sabrina.
-E o meu não é Rafael.
-Me chamo Mariana.
-Alex.
-Quando me encontrar de novo, promete se casar comigo?
Alex beijou a testa de sua amada e sorriu.
-Quando te encontrar de novo, será para vivermos juntos pra sempre...
14:37 em um super mercado.
Um rapaz escolhe algo para levar na sua viajem de volta para Londrina.
14:37 em um super mercado.
Uma moça deu seu ultimo passeio antes da sua viajem para trabalhar em outro país.
O acaso criou o mais intenso amor...
Mas o os separou por tempo indeterminado...
[Musica cantada: “Cai a Noite”. Capital inicial]