A paixão e a mãe (miniconto)

O escarro do soldado escorre por sua face. Ela ali aos seus pés chora compulsivamente. O seu menino estremece de dor. Ainda ontem, ela o procurava entre os amigos. “Onde está o menino? Onde está meu filho?” No templo sentado entre os doutores da lei, o menino os surpreendia com a sua inteligência. A mãe orgulhosa o retira pelas mãos. Uma gota de sangue cai do seu pulso chagado, ela a ampara com as mãos. Como mãe, você, Maria, o acarinhou, beijou, ninou, lavou suas roupas,... O que fazem com o seu menino? Nas bodas de Canã, o canto, a dança toma conta de todos os convidados. Você, Jesus está alegre, dança com um copo de vinho na mão. A mãe, na cozinha ajuda na preparação dos alimentos. Esta preocupada, o vinho está no fim e a festa ainda está na metade. “Filho, o vinho está acabando!” “Mãe, não chegou a minha hora.” “Façam tudo que ele mandar.”. A água fica com gosto de vinho. A festa continua pela madrugada. As cãibras percorrem seus músculos. A dor intensa do filho sufoca o peito da mãe. O crucificado respira fundo e grita seu último clamor. "Padre, nelle tue mani consegno il mio spirito!" Um soldado atravessa uma lança entre o quinto espaço das costelas, enfiando para cima em direção ao pericárdio, até o coração. “Meu filho! Meu filho como posso ficar sem você. Quero carregá-lo em meus braços. Meu filho! Não está mais respirando? Meu filho, vocês o mataram! Assassinos!” Maria della Pietà, la Madre Addolorata, Madre di Cristo!” “Maria, Pietá, Mãe das Dores, Mãe do Cristo!”