O Verdadeiro Amor

PREFÁCIO

As maiorias dos que escrevem fazem o prefácio depois do livro pronto, no meu caso pensei diferente, vou fazê-lo agora. Tenho certeza de que vocês entenderão por que.Não sei se este será meu único livro e nem sei se conseguirei escrevê-lo. O que me leva a tentar é uma vontade muito grande de passar uma mensagem de vida sobre alguns valores que estão nas nossas mãos mas não os vemos. Sinto-me a vontade em escrever, já que concordo com Norbert Wiener que diz em seu livro “ Cibernética e Sociedade” : “ Que o céu nos livre dos primeiros romances que são escritos porque um jovem aspira ao prestígio de ser romancista e não porque tenha algo a dizer”.

Não sei se o que vou contar é uma estória ou uma história, julguem vocês mesmos, mas uma coisa eu garanto, tenho muito para dizer.

Capitulo 1- Um Dia Diferente

Um dia como todos os outros, eu, Renne, pensava assim, só que esse dia seria muito diferente.

Buscar sucesso, dinheiro, posição social, uma bela mulher ou uma carreira promissora, pra que ? Eu já tinha tudo o que queria, porém sentia um vazio horrível dentro de mim. O meu motorista me esperava na porta do edifício, onde tinha o meu escritório. Quando me aproximei, ele fez o gesto costumeiro de abrir a porta, então ficou surpreso quando eu disse: - Não, obrigado. Hoje vou a pé por aí.

Provavelmente ele não entendeu nada e eu também não, a essa altura, não sabia porque agia daquela maneira.

Andei quase uma hora, quando me aproximava da praça, cujo verde das árvores tinha perdido um pouco da beleza por falta de luz suficiente. O trecho em que eu estava não era o mais iluminado, o que estava bem de acordo comigo. Eu também me sentia apagado.

Que desespero, que vazio horrível. Afinal quem eu era? A vida nesse instante tinha perdido todo significado. Amanhã, a repetição de mais um dia chato, as mesmas coisas: reuniões, planos de investimentos, mais lucros, mesmas fofocas, hipocrisia de alguns, invejas, mentiras e falsos agrados. Até no “bom dia”, eu não tinha a certeza do que ouvia, não havia calor humano.

Se você vai me aconselhar um médico, já havia feito isso e não mudou nada. Houve somente um acontecimento que produziu um efeito fantástico, vou lhes contar :

Era uma reunião de negócios como todas as outras, mas nesse dia entrou uma pessoa, uma moça na sala trazendo um envelope, eu já a conhecia, porem havia nos olhos dela e no sorriso uma expressão diferente, me parecia que eu estava vendo um anjo. Fiquei tão impressionado que no intervalo para um café, aproximei-me dela e perguntei:

-Desculpe-me, mas de onde você veio? Ela olhou-me admirada e disse: - Vim da sala de projetos ! - Sou a Ana Carolina, por que ?

Fiquei sem jeito, não sabia o que dizer.

– Não sei como vou lhe explicar, mas quando você entrou na sala, eu senti uma sensação de paz, amor, compreensão, alegria e imediatamente sai da depressão.

Esse fato fez nascer entre nós uma grande amizade. Não se precipitem, não começou nenhum namoro, ela era casada e eu também.

Bem, isso teve e tem importância, mas por razões óbvias dos compromissos de cada um de nós, o dia-a-dia não permitia que se incentivasse muito essa amizade, pois poderia pôr em risco a vida da família de cada um. Eu diria que o remédio foi usado na hora e na dosagem certa. E agora o que fazer. O vazio voltava forte e implacável. A pior coisa é você acordar pela manhã, aflito para a noite chegar. O sono é quando você desliga e mesmo que sonhe você sai, provisoriamente, do mundo.

A saudade de Ana Carolina era muito forte e a razão é simples, quando você toma um remédio que, praticamente te cura, todas as vezes que você tem os sintomas da doença, você vai em busca da solução. Era o que acontecia, telefonava de onde estivesse, aqui ou em outro país, não importava a distância. Ela sempre correspondia com carinho e atenção,

Porém sem se tornar permissiva ou oferecida. Esse sentimento, de amizade foi-se tornando perigoso. Diria que tinha receio que, Ana Carolina, transforma-se o amor-amizade em paixão. Resolvi dar um basta, entretanto tinha que ter cuidado a que só um ficasse magoado, desde de que não fosse Ana. Claro, que só em pensar nisso entrei em profunda tristeza.

Então começa uma longa caminhada pela estrada que não conduz a lugar nenhum e isso me levou, no final do expediente a dispensar o meu chofer, Jorge, e sair andando pra não sei onde.

Realmente, a iluminação, dada ao arvoredo denso, se via pouco. Estava cansado, já havia andado muito, e de repente alguém diz pra mim:

- Eu posso lhe ajudar. Em princípio fiquei meio assustado. Havia na voz, firmeza e doçura e minha resposta foi: - Como?

-Meu caro tenho tentado de tudo para resolver essa situação. Não vejo saída. Quanto mais eu penso, desanimo. Gosto de Ana profundamente, tenho procurado me auto enganar e ai fico mais estressado. Por um lado quero dizer pra mim que tudo isso pode ser esquecido, mas não é verdade. Não quero magoá-la.

Falei com aquela pessoa durante muito tempo, contando toda a minha vida, coisa que não fazia com ninguém. Ele me ouvia atentamente até que disse:

- O amor é um sentimento muito importante. O amor cura doenças, produz paz, traz alegria, é algo divino que aproxima o homem de Deus. Porém para que seja verdadeiro tem de ser puro e não o amor de que tanto se fala no mundo, amor de puro interesse, válido segundo os valores do homem carnal.

Nesse instante ele parou e perguntou:

- Fale-me mais sobre esse sentimento que você diz ter por Ana Carolina.

Comecei a contar-lhe:

- Bem, a nossa amizade foi se desenvolvendo como qualquer amizade só que eu a procurava muitas vezes, principalmente quando não estava bem emocionalmente. Cercava-a de todas as atenções possíveis. Tinha um carinho todo especial, ia além de uma simples retribuição pela ajuda que me dava. Ana, nunca, foi desatenciosa, sempre estava pronta a me ouvir e a demonstrar um real interesse pelos meus planos. Sempre era recebido por telefone ou pessoalmente com amor e um sorriso meigo e amigo. Todo o meu mal-estar desaparecia como por encanto. Viamo-nos quase diariamente até que ela foi para outra área da empresa e aí as coisas ficaram muito difíceis. Eu poderia intervir de modo que ela não saísse do lugar que estava, poderia, mas não deveria, pois essa mudança para ela foi altamente positiva em termos de benefício pessoal e profissional. Quando se ama alguém você quer o bem do outro ainda que isso signifique um sofrimento para você. Então comecei a arranjar motivos para vê-la. Foi bom, mas comecei a sentir ainda mais saudade entre uma oportunidade e outra. Existe um pensamento grego que diz : “ que a tosse e o amor você não consegue esconder”. As pessoas começaram a reparar o meu comportamento e eu não tinha o direito de prejudicar a Ana e nem a mim. Nesse momento, o desconhecido o interrompe e pergunta:

- Me diga você não amava ou não ama mais a sua esposa ?

Resposta difícil de ser dada. Não era isso, eu amava Tereza, mas não entendia o que estava acontecendo e isso me levava a um drama de consciência . Fiz esta declaração à pessoa que falava comigo e ele então me disse: - Entendo o que você está sentindo. É algo assustador para você creio que não para Ana, porque não creio que ela esteja vivendo o mesmo problema seu. A razão dessa sua agonia é que você sabe que esta agindo de uma forma extremamente perigosa.Você esta passeando com um fósforo acesso em um depósito de pólvora. Qualquer deslize tudo pode ir pelos ares.

Imediatamente, concordei com que ele dizia, mas ainda fiquei mais estressado. Ele percebeu pela minha fisionomia que eu estava arrasado e então disse:

- Bem vamos olhar tudo isso por outro ângulo ou de uma forma mais positiva e que vai honrar o sentimento do amor que Deus pôs em teu coração. O sentimento está certo, a forma de vivê-lo é que não condiz com o próprio sentimento. Nunca é errado amar as pessoas, como já lhe disse o amor tem poder de curar muito dos sofrimentos humanos.

Reflita sobre o seu sentimento, veja que você sofre porque não quer renunciar a ele, ao mesmo tempo em que tem a sensação de que está traindo sua esposa. Isto não é verdadeiro, já que não houve de sua parte o desejo de fazê-lo. O fato de amar Ana Carolina, vivendo de uma ilusão, já que você disse que ela jamais se insinua como mulher e sim como uma amiga fiel e sempre disposta a lhe ajudar. Pense, não é melhor manter a amizade do que dar motivos para uma tragédia o que levaria a perda de tudo. Sei que só lhe dizer isso não basta, mas gostaria que você olhasse seu passado e visse quantas vezes você já se interessou por outra mulher até o dia que encontrou Tereza. Essa era a definitiva, mas agora surge outra que você não conviveu e nem convive como esposa, que tem um perfil diferente e que você supõe, criando em sua mente uma imagem falsa da realidade. Você fez o mesmo de Tereza, só que ela é fantástica e está sendo comparada com um sonho, cuidado. Examine-se melhor, veja a realidade. Tereza mãe de seus filhos ama você não dentro de seus padrões. Lute por esse amor e continue querendo bem a Ana Carolina, respeitando-a.

O que ele dizia era absolutamente válido só que ele reconhecia que isso não bastava era necessário ir mais fundo e nesse momento me faz um proposta aterradora, mas ao mesmo tempo genial:

- Bem, você aceita fazer uma experiência?Vamos proporcionar a você a realização desse amor ainda que você diga para mim que não é nada disso. Você vivera durante algum tempo esse amor na realidade.- Você aceita ? Fiquei pensativo, mais a proposta era muito interessante. – Sim aceito ! Disse com muita alegria.

Capitulo 2 - A Experiência

Não sei como me vi no escritório e ao lado de Ana, ela era minha namorada. Ela não era casada e nem eu. Terminou o expediente e saímos juntos para rua para pegar o carro na garagem da empresa. Era um carro bem modesto, eu não tinha chofer e me parecia que tinha um cargo mais simples. Era mais moço, uns vinte anos, aproximadamente. Ana estava linda e sorria feliz pra mim. Eu sentia que não era sonho as coisas estavam acontecendo de verdade, mas ao mesmo tempo me sentia estranho. Mas estava maravilhoso, o namoro era recente. Estávamos ainda nos conhecendo. Saiamos para lanchar quase todas as noites. Todos os dias eu levava até em casa. Bem, o amor foi seguindo seu rumo até que me vi casado com Ana Carolina. Tínhamos um boa casa modesta mas espaçosa, ainda não tínhamos filhos.

Nesse momento, vi que o que acontecia era exatamente as cenas do meu namoro com Tereza e não entendi mais nada.

Meu desconhecido aparece de novo e diz:

-Você não está entendendo? - Não, respondi eu.

-É fácil, você não está apaixonado nem por Ana e nem por Tereza. Você esta apaixonado por uma mulher que não existe, a não ser na sua imaginação. Toda vez que você vê uma mulher, sem fazer nenhuma análise mais profunda, a imagem dela é examinada pelo seu cérebro e comparada com o perfil sonhado por você. Instantaneamente, você se apaixona por ela. Bem, esse não é amor de que falo.

Eu disse : - Ok ! Você tem razão. Afinal de contas de que amor você esta falando ?

- Vamos fazer o seguinte, volte amanhã e nos conversaremos mais. Hoje vá para casa e pense no que falamos, se amor não é o que você disse o que será então ?

Passei o resto da noite pensando em tudo aquilo que aconteceu e confesso que tinha momentos que achava que tinha sido ilusão.

Assim que terminou o expediente fui direto em direção a praça.

Não sei de onde ele surgiu.Não consegui ver o rosto dele, estava escuro como no dia anterior e pensei comigo, amanhã vou dar um jeito de vê-lo.

Com a mesma voz pausada perguntou-me : - Meu amigo, não esta melhor hoje não é ?

- Claro que não, respondi

- É claro que isso aconteceu e foi bom.Houve um conflito entre sua forma de ver as coisas e o que você já está percebendo.

- É! Mas será que Tereza não tem nada a ver com tudo isso?

- Claro que tem. Fale-me sobre ela, pois ela não esta aqui e sim você.

- Existem coisas que tem provocado situações desagradáveis, que tem influenciado o meu sentimento por Ana Carolina.

- Quais são? Perguntou o conselheiro.

- Muitas, por exemplo: amor e preocupação excessiva com os filhos, a rotina da casa, ciúmes tolos, uma incapacidade de perdoar ou talvez ela não me ame.

- Renne, isto me parece uma desculpa para fugir do problema central, porque é mais fácil você corrigir os seus erros do que os de Tereza.

- É verdade! E daí? O que é que eu faço?

- Bem, eu não posso fazer aquilo de que você terá que ser o autor. Seria sentir por você aquilo que só você pode perceber através dos seus sentidos.

- Posso ajudá-lo com alguns conselhos.

- Em primeiro lugar, pense em alguma coisa que poderá ser feita que seja importante e realizadora.Isso afastará sua mente desse sentimento que me parece obsessivo por Ana.

- Me parece que você não tem se preocupado com a vida espiritual, não é ?

- Ora o que tem a ver isso com o meu problema?

- Você crê em Deus?

- Claro.

- Você crê no criador, coloque seu pensamento Nele e peça ajuda antes de decidir.

- Meu conselheiro, você tem sido muito amigo e paciente comigo e por isso vou ser muito sincero com você; sinto uma saudade muito forte de Ana Carolina, chega a ser as vezes insuportável.

- Sempre que possível vou vê-la.

- Que posso fazer? Acredite tenho ficado desesperado num conflito em demonstrar meus sentimentos, porque sei que não tenho esse direito.

- Filho, calma, tenha fé, peça com sinceridade ajuda a Deus, Ele jamais vai desprezar alguém que tem o coração cheio de amor e a razão é simples, porque Deus é puro amor.

- Meu conselheiro, não sou assim tão descrente, quanto você imagina, tenho pedido ajuda a Deus, mas parece que ele não escuta.

- Engano seu, Ele já está lhe ajudando, porém existe um espaço entre o seu pedido e o momento em que Ele lhe dará a resposta. Nesse período Deus está trabalhando em você para que cresça como pessoa. Já lhe disse e volto a repetir, Ele não fará aquilo que só você poderá fazer. Essa é a única forma para que você encontre a verdadeira felicidade. Se Ele fizesse o que você tem que fazer, quando a situação estivesse resolvida, você voltaria a praticar as mesmas ações até piores;

- Como assim?

- Vou lhe dar um exemplo. Imagine que você quer deixar de fumar ou jogar. Se existir no seu coração um desejo sincero de abandonar esses vícios, você terá ajuda de Deus, mas vai ter que fazer a sua parte. Deus vai deixar você sofrer para sentir na própria pele os prejuízos que esses vícios provocam. Quanto ao jogo, problemas de endividamento e quanto ao fumo, tosse ou falta de ar ou até coisas piores.

- Sim estou entendendo até onde você quer chegar. A essa altura o cara pode ter um câncer e até morrer disso

- Pode, respondeu o Conselheiro.

- Tudo bem, você venceu. Disse Renne.

- Não sou eu que tenho que vencer e sim você

- Pare e pense no que conversamos, reflita sobre sua vida. Não olhe para trás com olhar crítico achando o quanto você tem errado, mas olhe para frente vendo quanto cresceu e ganhou através a experiência que esta passando e ainda vai passar

- Veja se não for assim, você jamais mudaria e se isso acontecesse você sofreria e outras pessoas que você ama,

- Está muito perto de você descobrir o verdadeiro significado do amor.

- Quer dizer que eu posso continuar amando Tereza e Ana, ao mesmo tempo ?

- Não sei, respondeu o conselheiro

- Como não sabe?

- Pensei que você tivesse todas as respostas, replicou Renne.

- Não tenho as respostas que você deve dar

- Vamos continuar nossa conversa outro dia, já é um pouco tarde e sua família deve estar preocupada com você.

Capitulo 3 – A Caminho da Mudança

Fiquei contando as horas para ter o encontro com o conselheiro, no final da tarde fui para a praça e fiquei surpreso por ele não estar la .Sentei~me no banco e fiquei esperando, procurei dessa vez ficar numa posição em que havia mais luz e dessa maneira poderia vê-lo.

Esperei mais de meia hora e nada do conselheiro, entendi, ele não viria hoje por alguma razão que eu ainda não entendia porque.

Voltei para casa um pouco tristonho, aqueles encontros tinham me feito muito bem.Começava a ficar mais claro a minha situação com relação a Ana Carolina e a minha esposa Tereza.

Será que o conselheiro não veio hoje para que assim eu refletisse mais e sozinho sobre toda aquela situação? Creio foi exatamente isso que queria, porque sempre insiste que tenho que agir e que Deus vai me ajudar. Eu oro normalmente mas agora era diferente, nessa noite eu implorei a Deus que eu precisava resolver essa situação de um sentimento tão forte por alguém que tinha uma família. Mas entendia que eu não estava errado por amar alguém, o que não ia bem, era a maneira como eu estava conduzindo essa amizade.

Nessa noite fiz um retrospecto de todas as minhas ações com relação a Ana. As palavras que usava quando a via, os presentes que já havia dado. As vezes que disse que a amava e ela sempre com todo carinho, procurava mostrar-me de que se tratava de uma profunda amizade que tínhamos um pelo outro.Eu precisava, na realidade, de uma pessoa que me ouvisse e isso provavelmente me confundia, levando-me a pensar em algo diferente.

Na verdade isso me fazia cada vez mais interessado nela. Acontece que eu estava ficando inconveniente, de acordo com o Conselheiro. Que amor é esse que eu estava tendo, isso era realmente amor ou um ato altamente egoísta para satisfação do meu ego e que podia arruinar a vida de uma pessoa que eu dizia que amava?

-Meu Deus não sei como sair dessa situação sem ferir ninguém, por favor me ajuda !

Comecei a pedir a Deus que criasse impedimentos para que eu identificasse que não deveria prosseguir. Isso não foi suficiente, pois quando havia impedimento eu ainda ficava mais carente da presença da Ana. Isso me fez entender o que o Conselheiro tinha dito : -Se Deus fizer por você aquilo que você deve fazer será pior.

Ele tinha toda razão, não estava funcionando.Eu teria que ter uma participação efetiva.

Pensei comigo, acho que tenho que pedir a Deus que meu relacionamento com Tereza melhore, se modifique, volte como era antes em que nos namorávamos. Saímos, passeávamos, enfim convivíamos mais do que atualmente. Hoje uma rotina horrível, sem graça, sem cor e o pior sem o verdadeiro amor

Sentia-me perdido, precisava encontrar o Conselheiro, urgente,

Não deu outra, fui procurar Ana Carolina. Conversamos pessoalmente por 30 minutos, Disse a ela : - Ana, eu amo você e sinto muito sua falta, gostaria de vê-la mais vezes.

Respondeu Ana:

Renne, fico numa situação incomoda, quando diz isso, pensei que nossa amizade era só amizade.

Ela já me havia dito isso antes, porém eu sempre desconversava. Acabamos por combinar um encontro para outro dia da semana para que pudéssemos conversar com mais calma.

Na véspera do dia combinado, Ana mostrou total impossibilidade de nos encontrarmos, fiquei extremamente chateado e ai foi pior.

Felizmente na tarde do dia do encontro com Ana, que não aconteceu, fui buscar o Conselheiro, lá na praça. Assim que cheguei no local habitual, que me sentei no banco, ele falou-me, não o vi chegar:

- E então como vão as coisas?

-Creio que você tem algo muito importante para me contar, não é ?

-É verdade. Contei a ele tudo que havia acontecido e ele me olhou, não via seus olhos, mas sentia que estava me fitando. Com a mesma calma de sempre, mas com vigor, disse:

- Bem, você esta indo por um caminho difícil que talvez não tenha volta,

Parece que estamos perto de uma grande decepção ou um desastre.

-Como assim? Perguntei.

-Veja Renne, se essa moça se envolver com você, estamos diante de uma dissolução de duas famílias, se ela negar-se ou romper amizade com você, tenho certeza que será uma frustração muito grande e você continuará esse problema procurando outra Ana por aí.

-Meu caro Renne, enquanto não reagir isso não acaba e você continuará procurando você mesmo em outra mulher. Por favor, pare e reflita.Vou voltar ao exemplo do fumante.Ele quer deixar de fumar, mas diminui a quantidade de cigarros por dia ou compra um marca em que o fumo é mais fraco. Mas só deixará de fumar no dia que largar o cigarro definitivamente.

-Ok! Entendi, mas não quero magoar Ana.

-Prometo que vou tomar uma decisão e essa será definitiva, você vai ver.

- Parabéns, agora me parece que você esta perto da solução melhor para ambos, mas aja rápido.

-Me parece que você está atingindo a essência do verdadeiro amor.

-Renne, o verdadeiro amor é auto suficiente. Você se realiza porque ama a pessoa ou pessoas. Você não se preocupa com a posse ou o que o outro esta sentindo a seu respeito, Você quer ajudar, doar-se ao outro para que ele seja feliz, esse é o amor que Deus tem por nos. Quando você é amor, tudo supera pelo bem do outro, a ponto de dar sua própria vida, se necessário for.Veja por exemplo aquele chefe de família que luta, as vezes em dois empregos para sustentar a família, isso é amor. Perdoar , sem permissivismo, sem pensamentos de revanche, é amor.Querer o bem do outro ainda, que isso custe a você a renúncia a algumas de suas vontades o ideais, isso é amor.

- Meu caro Conselheiro, começo a ver que me falta ainda uma conscientização quanto ao meu amor por Tereza e por Ana. Lembro-me, quando você disse que eu não amava nem Tereza e nem Ana Carolina, você tinha razão

-Renne, felizmente você vai encontrando o que o preocupa, sei o que realmente deseja.

-Sabe?

-Sei !

-Então me diga

- Renne, você é uma pessoa extremamente sentimental e cheia de amor de Deus no seu coração. O certo é que você distribua esse amor a todas as pessoas, amando-as. Por outro lado você tem uma carência afetiva por razões de educação e genética. Você necessita de atenção e afeto dos outros e é capaz de amar até aquele que não te ama, isso é bom.

-Por outro lado, Renne, é que você pelas relações afetivas que teve e tem, mistura essa afeição, esse amor tão maravilhoso e espiritual com amor de posse sexual e material e aí tem um grande conflito. Não é verdade que você acredita que Tereza realmente é sua, ainda por alguns minutos, quando esta praticando o ato sexual com ela ?

- É verdade, não é ?

-Não, não é !

-Como assim?

-Renne, Tereza pertence a ela mesma.

-Você não pode ter essa dependência isso não é amor, por isso que você não se sente bem, por que ela não aceita essa dominação, felizmente.

- Sim,Conselheiro, o que faço agora? Você tem razão no que disse.

-Você descobrirá muito breve como canalizar esses sentimentos que estão encobrindo o seu verdadeiro amor pelas pessoas de maneira correta e que trará felicidade para você, Tereza e Ana.

-Nos despedimos e fui para casa, estava me sentindo muito bem.Olhava agora as coisas de uma forma diferente, algo realmente havia acontecido.

Comecei a ver que não era tão urgente ver a Ana ou Tereza.

Dentro de mim surgia uma forma diferente de amar Tereza sem angustia e sem sufocá-la. Ao mesmo tempo vi que podia continuar uma verdadeira amizade com Ana, sem dependências e exageros.

Ana Carolina precisou de um favor de natureza profissional, atendi o que ela queria e me senti muito bem.Normalmente quando isso me acontecia eu procurava um contato pessoal, mesmo que fosse desnecessário, e dessa vez não senti necessidade de fazê-lo. Algo havia mudado e muito.

Capitulo 4 - A Mudança

Tudo parecia muito melhor, sentia que, à medida que eu afastava o meu pensamento de Ana, voltava toda a minha atenção para Tereza. Infelizmente, Tereza não correspondia. Ela nunca foi uma pessoa romântica e reagia negativamente às minhas atitudes de carinho e interesse, se comportando as vezes de forma até agressiva. Imediatamente voltou o estresse e a vontade de procurar Ana Carolina, mas não o fiz. E agora, era urgente procurar o Conselheiro.

Finalmente, chegou o final do dia, quase não pude concentrar minha atenção nos negócios. Fui para a praça e a voz suave e cheia de ternura falou-me:

- Meu amigo está aborrecido e triste com a batalha que esta travando entre você e as coisas que estão acontecendo, não é? -É isso aí !

-Por um lado você quer superar a dependência que tem de amar alguém que retribua o seu amor e não está conseguindo resultado.

-Exatamente, é o que está acontecendo.

-Muito bem, vamos olhar outra vez o problema e analisá-lo.

-Você ainda não está liberto, você continua buscando fora de você o amor que esta dentro de você. Ame, ame, ame, e não espere nada de fora, deixe que o amor que você transmite crie uma atmosfera de paz e verá uma coisa fantástica acontecer, esse será o momento em que estará liberto.

-Esse amor de que você fala envolve Ana?

-Envolve tudo, envolve o mundo.

-Veja, vou lhe dar um exemplo. A mãe não precisa do amor do filho para amar o filho. Quantas vezes vemos filhos que são rudes com suas mães, chegando a ponto de até maltratá-las. Nem por isso deixam de amar os filhos.

-Conselheiro, mas elas sofrem com isso?

-Claro, mas não deixam que o amor se apague, e se recuperam e perdoam com muita facilidade, porque o amor tem a grande propriedade de superar o que é pequeno.

-Entendo Conselheiro o que você quer dizer. É claro que isso acontece quando a gente esta possuído do verdadeiro amor!

-Aí você acertou em cheio. Esse é o amor que Deus tem pelos homens.

Parecia que tudo estava resolvido e finalmente Renne tinha descoberto o verdadeiro amor, mas não foi isso que aconteceu.

Passado alguns dias, após sufocar o sentimentos por Ana, ele se sentia outra vez perdido e aflito, sem saber o que fazer.

Busca, desesperado, o Conselheiro e diz:

- Conselheiro, não estou entendendo mais nada, consegui por alguns dias contornar o meu sentimento por Ana Carolina, falei com ela somente o necessário, sem demonstrar nenhum sentimento de outra natureza. Estava tudo uma maravilha. Eu achei que estava livre de ações que não eram boas, isto é, estava sendo capaz de continuar gostando de Ana sem comprometer ninguém.

Mas, não esperava que Tereza, continuasse difícil de entender. Há momentos que se mostra extremamente meiga, parece que realmente gosta de mim, de repente ela muda da água para o vinho.

-Conselheiro, há algo errado que eu ainda não entendo.Acho que o meu sentimento de amar alguém é um embuste, estou enganando a mim mesmo.

-Calma, a mudança de uma forma de sentir e ver as coisas não é assim tão fácil. Não confunda uma mera atração por uma mulher, com o amor de que falamos. Tenho certeza que a pessoa que você realmente ama é Tereza, por tudo que você já me contou.

-Renne, busque a Tereza, namore e se relacione com ela o máximo possível. Force até, mas busque um relacionamento íntimo com mais freqüência. Ao mesmo tempo diminua quanto puder, ver ou falar com Ana e verá que as coisas vão voltar ao normal.

-Renne você vai amar a Ana Carolina de uma forma diferente, talvez com o verdadeiro amor que devemos ter por todos.

-Conselheiro, que dizer que o sentimento que eu vou ter por Tereza não é o verdadeiro amor?

-Você já tem por Tereza o verdadeiro amor, só que ela não retribui da mesma maneira.

-Renne, Ana Carolina ama você dessa forma e é por isso que você gosta muito dela.

-Quando você tiver consciência disso será muito mais feliz.É claro que Tereza também precisa chegar a esse nível.

-Quer dizer que se Tereza não atingir esse mesmo nível do verdadeiro amor, teremos dificuldades?

-Creio que sim, você terá carências e irá procurar Ana.

-Meu caro Renne, se você fosse casado com Ana Carolina, provavelmente estaria buscando uma Tereza. Não existe uma pessoa que só tenha as qualidades que nós desejamos.As pessoas possuem qualidades de que gostamos e alguns comportamentos que preferíamos que a pessoa não os tivesse.Quando se tem o verdadeiro amor, ele supera o negativo, o negativo desaparece como por encanto. Quase não enxergamos as falhas e defeitos, dado o amor e amizade que temos pelo outro.

Voltei naquele dia com a esperança de ter atingido o equilíbrio emocional que precisava. Só foi esperança, as coisas não correram bem, nem em casa e nem no trabalho, foi um desastre total, tudo saía errado.

Isso foi o suficiente para eu sentir a necessidade de falar com Ana.

Liguei para Ana:

- Ana, como vai? É Renne !

- Oi! Quanto tempo, que aconteceu?

- Nada, tudo bem, só não tenho ligado para não estar atrapalhando o seu trabalho.

O diálogo foi curto e sentia na voz dela que havia saudade. E agora?

Era melhor que não tivesse telefonado, todo um sentimento de culpa imediatamente me aflorou.

Por coincidência, em função de nosso trabalho, no mesmo dia precisei falar outra vez com Ana, por telefone.

Na final da tarde desse mesmo dia estive, na praça, com o Conselheiro e contei o que havia acontecido. Ele ouviu-me com muita atenção, deixando que falasse tudo, sem me interromper.Eu estava muito nervoso.

-É Renne ! Você esta vivendo um momento muito difícil, porém extremante importante. Calma, deixe as coisas acontecerem, tenho certeza que quando você falou com Ana pela segunda vez, foi diferente, você se sentiu mais a vontade, não é ?

-É, como você sabe disso?

-Renne, você sentiu mais tranqüilo porque nesse momento você vivia o verdadeiro amor, isto é, falava com a pessoa que você tem amizade e quer bem e sem se sentir culpado, já que era um contato necessário.

-Pera aí! Volto a não entender nada. Realmente estava me sentindo tranqüilo, não havia ansiedade, me dava a impressão que tudo estava sobre controle.

-É isso aí, Renne, você não se sentiu de culpado que estivesse fazendo algo errado e o amor que você tem por Ana fluiu. Isso o realizou provocando a satisfação de sua necessidade. Tenho certeza de que Ana lhe atendeu com alegria, passando para você aquela Ana do sorriso que tirou como mágica todo o teu estresse no dia da reunião lá no escritório.

-Renne, vê se você, ou melhor, peça a Deus que ti dê esse sentimento que Ana tem por você.

-Conselheiro, não devo romper minha amizade com Ana?

-Não, porém, deve cuidar da maneira como esta conduzindo essa amizade. Enquanto é um sentimento puramente material, carnal, em que você quer apenas alimentar o seu ego, as coisas não irão bem. Mas, se nesse sentimento houver a virtude de servir o outro, estamos diante do verdadeiro amor.

-Conselheiro, será que é isso que esta faltando na maneira de eu agir com relação à Tereza?

-Eu me lembro de que a tratava com mais carinho e era super atencioso com ela, depois com a rotina da vida em comum, isso foi diminuindo.

-Aí, Renne você chegou lá, parabéns!

Capitulo 5 - O Começo

-Agora é só começar, devagar, colocar em prática e com sinceridade os momentos de doação, porem sem cobrança e você verá que ela volta a ser Tereza.

-Conselheiro, eu devo pedir desculpas pelas coisas erradas que fiz...e comentar sobre esta descoberta?

-Nunca, não volte para traz, tenha paciência e espere porque ela não vai voltar imediatamente, eu diria que ela precisa confirmar se o que ela esta vendo é verdadeiro.

-Mais cedo do que você pensa o verdadeiro amor vai voltar ,ou melhor, ele nunca deixou de existir, apenas estava encoberto pela rotina do casamento.

-Fantástico Conselheiro, agora tudo esta ficando mais claro.

-Renne, gostaria de falar com você sobre mais algumas coisas que acho que irá ajudá-lo.

-Por favor,fale!

-Renne, daqui para frente procure entender que a mulher não é igual ao homem,ela tem diferenças de comportamento e um enfoque quanto ao que sente ao ver as coisas, ou seja, os seus sentidos são mais apurados em alguns casos. Por exemplo: quanto as cores, aromas, os filhos, o sexo e o amor. Respeite isso, não queira que Tereza pense como você, inclusive a própria formação, o como foi ela educada e a herança genética é diferente da sua, podendo haver alguns pontos de coincidência.

- É, Conselheiro, você sempre certo no que fala, mas o que isso tem haver agora com o problema?

-Muita coisa, Renne, se você não atentar para essas coisas provavelmente terá dificuldades em manter um relacionamento sadio.Você, não vai poder forçar um bom relacionamento pondo tudo por goela abaixo, ficará estressado em pouco tempo.

-Renne, quanto a Ana Carolina, você lembra de algumas coisas que você viu nela e que discorda ou discordou?

-Vi. É verdade, ela tem uma mania de perfeição, por exemplo.

- Ah! Entendo, mania de perfeição?

- Vamos olhar de perto.Quando você diz que ela tem essa mania é porque você discorda do enfoque que Ana dá, pela sua maneira de ser,não é?

-É isso aí!

-Bem, Renne, se você criticá-la quanto a isso, ela não vai gostar, vai?

-É, ela realmente não gostou quando eu disse que ela era muito exagerada com essa coisa que tudo tinha que ser perfeito.

-Bem, esse pequeno exemplo nos mostra o quanto mais você encontraria nela que não te agradaria. Claro que precisaria haver uma convivência maior.Tenho certeza que você pensando com calma vai encontrar outros pontos no comportamento dela que não batem muito com você.

-Renne, por que você acha que um homem acaba por ter uma amante? O que não é o caso de vocês, graças a Deus, felizmente, pelo comportamento dessa moça.

- A razão é simples, os amantes se vêem por pouco tempo, vivem só os momentos de delícias, não tem tempo de se revelarem melhor.

-Renne, você já deve ouvido falar de casais que eram felizes enquanto eram amantes ou namorados e depois que passaram a morar juntos acabaram por se separar?

-Conselheiro, é verdade, eu mesmo conheci um colega de trabalho que era muito feliz com a namorada e não podia casar porque tinha que cuidar da mãe que era muito doente. A mãe morreu, aí eles se casaram, o casamento durou pouco tempo, o que foi que aconteceu?

-Claro que precisaríamos fazer uma análise mais profunda do que aconteceu, que levou à dissolução dessa união, mas pode ter havido um desgaste dos dois pela espera ou também o convívio íntimo de , agora, marido e mulher. Quem nos diz que esposa ou o marido puseram pra fora coisas que estavam guardadas, por exemplo:

- Fulano, puxa até que enfim!

- O marido pode ter respondido: Ué, você estava torcendo para minha mãe morrer? E aí surge uma pequena discussão. Creio que ela se sentiu aliviada e agora como esposa, mais íntima, botou pra fora algo que realmente não deveria ter dito. Talvez, ele pensasse a mesma coisa, porém foi ela quem disse e isso faz uma grande diferença.

- Que mais você me recomenda?

- Renne, não existe uma receita, já comentamos muito sobre isso, vivendo um amor verdadeiro fica muito mais fácil ter um relacionamento que trará felicidade.

-Outro ponto importante é sempre que surgir uma diferença, conversar a respeito para chegar a um consenso.Não se trata de concordar, mas abrir mão do egoísmo e aceitar. Apesar de divergir, mas entender que aquele é o ponto de vista do outro e que você, ao ceder, não esta perdendo e sim ganhando o outro.

-Cuidado com as criticas, por exemplo:

-Fulana, você fala de mais!

-Essa maneira de criticar magoa o outro e não produz o efeito de ajuda.

-Fulana, o que esta acontecendo e que você está falando já algum tempo e eu gostaria de ajudar. Descanse um pouco, relaxe e vamos olhar essa situação com calma.

- É possível, que a pessoa, às vezes, necessite da ajuda de um médico terapeuta.

- Renne, fundamental é você pedir, como pediu a ajuda do seu criador, DEUS

Renne sai renovado e confiante e acredita que descobriu o verdadeiro amor e que agora acabaram os problemas de relacionamento dele com a esposa, Tereza e a amiga Ana Carolina.

Infelizmente não foi isso que aconteceu. Com o procedimento mais equilibrado e o afastamento proposital dele, de Ana Carolina, houve algo que ele acreditava ser possível, mas não que acontecesse, Ana demonstra saudade dele e pede a sua presença. E agora?

Renne vai ao encontro do Conselheiro pedir ajuda.

-Conselheiro, não sei o que faço, o momento é muito difícil, Ana Carolina estava acostumada a falar comigo e as vezes até a me ver, quase diariamente.Agora, pelas razões que você conhece, procurei espaçar os nossos contatos.

-Renne, claro que ia acontecer isso, deveria ter feito lentamente, sem dar a perceber. Entendo o teu receio porque você vê tudo isso com os seus sentimentos, creio que Ana, por gostar muito de você como amigo, como um irmão mais velh, sentiu saudade da atenção desdobrada que você dava a ela.

-Renne, o momento é difícil e você terá que ter muito autocontrole para se aproximar dela, já que não quer que ela sofra.

- Esse afastamento brusco não foi bom e você tem que ser muito sábio para conduzir tudo daqui para frente. Quando você tiver a capacidade de amar as pessoas com o verdadeiro amor, não haverá mais problemas. Você amará a Tereza como esposa e amiga e amará a Ana Carolina como amiga, dando apoio, amizade sem nenhuma consequência desastrosa.

Renne sai com alguma esperança, mas não muito confiante no dias que se seguiriam.

Ao falar com Ana Carolina , por telefone, ele marca uma visita ao escritório dela e ao encontrá-la não controlam a emoção e dão um prolongado abraço.

A saudade era muito grande e ele expressa com palavras. Ana recebe Renne com muito carinho e conversam por breve período, já que ele tinha se atrasado muito em virtude de compromissos de trabalho.Ana já estava na hora de entrar

para sala de reuniões e então se despediram.

E agora o que fazer, procurar o Conselheiro ou pedir socorro a Deus?

Capitulo 6 - O Verdadeiro Amor

Seria o verdadeiro amor que o Conselheiro falara ou não era nada? E Tereza como ficava nessa historia ? Não havia jeito a única saída era procurar o Conselheiro, imediatamente.

-Amigo Conselheiro, a coisa ficou preta, e Renne conta tudo sobre o encontro com Ana Carolna.

-Renne, calma as coisas não estão mal como você imagina, a alegria que vocês sentiram ao se encontrarem, pela emoção de que foram tomados é resultado do encontro do seus espíritos.Lembra quando Ana entrou na sala de reunião e você ficou curado do seu estresse?

-Sim, claro! Jamais posso esquecer desse momento!

-Pois bem, Renne, isto é produto da graça de Deus que a envia através de uma pessoa, mulher ou homem, não importa, faz com que o espírito de um se comunique com o espírito do outro.

-Pera aí, você tá falando de religião?

-Não! Estou falando de Deus que você me disse que acreditava.

-Renne, creio que você conhece uma passagem bíblica que esta em Lucas 1;40-42, diz:

-“Maria entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Ouvindo esta saudação de Maria a criança lhe estremeceu no ventre; então Isabel ficou possuída do Espírito Santo.E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre!”

-Sim, lembro-me dessa citação e daí?

-A alegria de Izabel e Maria foi a comunicação entre os espíritos que ambas as mulheres possuíam, João em Izabel e Jesus em Maria.

-Conselheiro, você quer dizer que houve entre eu e Ana Carolina uma alegria proveniente dos nossos espíritos?

-Olha Renne, agora fica um pouco complicado, porque vejo que você pouco ou quase nada se preocupa com sua alma e espírito.

-Será que você pensa que nós só somos carne e mais nada?

-Não, claro que acredito que exista além do corpo alguma coisa mais.

-Ainda bem, disse o Conselheiro.

-Renne, você sabe o que significa alma e espírito?

-Mais ou menos.

-Mais ou menos, não serve. Bem, vamos lá: o corpo se comunica com as coisas do mundo através dos sentidos. A alma está ligada também ao corpo, se comunica com as emoções com o nosso psiquismo, porém o espírito que está dentro de nós se comunica com outro espírito e só ele pode se comunicar com Deus. A nossa carne e a nossa alma não se comunicam com Deus.

-Claro que existe toda uma caminhada espiritual para que um crescimento nessa área do homem aconteça. Tanto Maria como Isabel eram pessoas espirituais, ou seja tementes a Deus e judias que professavam sua fé.

-Renne, eu lhe aconselharia procurar alguém versado nesses assuntos, uma igreja para que você comece a sua jornada.

-Conselheiro o que você me diz é incrível, estou maravilhado.

Nesse, momento o conselheiro se levanta e simplesmente desaparece, como por encanto.

- Ué! O que aconteceu? Será que eu estava sonhando?

Renne volta em direção ao escritório para pegar o carro, pois já havia dispensado o seu motorista. No caminho ele passa por uma igreja e lembra do que o Conselheiro lhe havia dito:

- Renne, busque uma igreja para iniciar a sua caminhada.

-Bem, o que tenho a perder? Vou dar uma olhada .

Renne entra na igreja e o coral cantava como se fossem anjos, era uma música maravilhosa e ele se sente envolvido, busca um lugar e se senta.

Após alguns minutos de música o presbítero sobe ao púlpito e começa a falar.

Renne, fica impressionado porque o que ele dizia era a respeito da situação que ele estava vivendo,e é claro que o presbítero não o conhecia e nem sabia nada a respeito dele.Como então aquelas palavras caíam como luva? Isso o impressionou muito, ele ficou até o fim e saiu um pouco confuso.

No dia seguinte, no final da tarde ele encontra o Conselheiro e conta o que havia acontecido.

- Renne, ótimo, você tomou uma das melhores decisões da sua vida ao entrar naquela igreja.

- Você quer dizer que Deus queria falar comigo?

-Por que não?

-Ora que importância eu tenho para Deus?

-Renne, nunca mais repita isso, Deus ti ama e muito.

-Por que você acha isso?

-Eu não acho, eu tenho certeza.

-Renne, se Deus não ti amasse não lhe teria dado essa caminhada que você está vivendo. Ele quer que você descubra, mesmo sofrendo, as vezes, a maravilha que é o verdadeiro amor.

-Renne, você me disse que desde criança você tem uma sede muito grande de entender o que é o amor, não é verdade?

-Pois bem, Ele quer que você descubra que esse amor na grandiosidade que você imagina, só existe no campo espiritual.

-Conselheiro, tomara que eu venha a descobrir, definitivamente, o que significa amar alguém, me sinto angustiado cada dia que passa. O que eu sinto por Tereza e Ana Carolina, o que é ?

- Renne , só você poderá responder a essa pergunta. Não tenha tanta pressa.Peça a Deus ajuda, essa dúvida você sozinho não vai resolver em pouco tempo ou talvez nunca.Peça a Deus discernimento.

-Conselheiro, a ultima vez que estive com Ana, senti alegria ao vê-la, não há de minha parte nenhum desejo de sexo ou algo nesse sentido.Sinto por ela um carinho muito profundo e gostaria, se pudesse , de vê-la todos os dias; me sinto muito bem quando estou do lado dela, sinto paz e tranqüilidade.

-Conselheiro, isso é errado?

-O que diz o seu coração?

-Renne, o que você sente quando esta perto de Tereza?

-Boa pergunta. Na verdade são sentimentos diferentes.

-Como assim?

-Bem, que eu me lembre no passado eu tinha por Tereza um sentimento igual ou semelhante, não sei o que aconteceu, se isso existe ainda, eu não consigo ver.

-Renne, o seu espírito não está se comunicando com o de Tereza, talvez porque com o casamento vocês desenvolveram mais os valores materiais, da carne e não os do espírito.

-Conselheiro, acho que você tem razão. E como é que eu faço agora ?

-Veja, você já está no caminho certo. Busque a Deus e peça a Ele que o ajude a descobrir a resposta.

Capitulo 7 - A Descoberta

Voltei para a garagem e peguei o carro e fui para casa. Na realidade eu me dirigi para casa, mas o meu eu ficou ligado no que o Conselheiro me havia dito.

Nessa noite dormi com facilidade, antes de deitar pedi a Deus que ajudasse a descobrir a resposta ou as respostas.

Normalmente não costumo lembrar-me dos sonhos, mas o que sonhei essa noite vou me lembrar para sempre.

-Conselheiro eu tive um sonho a noite passada, maravilhoso.

-Conte, Renne.

-Bem, eu estava voltando para casa e entrei naquela igreja que eu lhe falei.

-Sim, me lembro!

-Bem, a igreja por dentro era um pouco diferente. Era bem maior e estava cheia de pessoas de branco, que cantavam ao som de uma música linda. Sentei-me ao lado de uma moça e logo depois, vi tratar-se de Tereza, ela estava linda, bem ela sempre foi e é muito bonita.

- Assim que pararam de cantar, a igreja toda louvava a Deus, e creio que eu também . O presbítero começou a falar. Uma coisa engraçada que os únicos rostos que via eram o meu e o de Tereza. Não conseguia ver o rosto das outras pessoas e nem o do presbítero

- Então ele disse,parece que falava diretamente comigo:

- A você que busca uma resposta para o seu casamento, eu digo : essa resposta está dentro de você, só que você não quer ver. Mas eu vou tirar a venda dos seus olhos.

-Não se pode ter o verdadeiro amor da esposa ou de outra pessoa quando deixamos de amar Deus em primeiro lugar e se é egoísta, buscando só se alimentar do amor do outro. Se você verdadeiramente ama, você da até a sua vida pelo outro. Mude sua conduta e sua vida vai se transformar.

-Disse mais algumas coisas que eu não me lembro bem.

- Tereza chorava e eu também, nós nos abraçamos e aí não estávamos mais na Igreja e sim em casa.

- Conselheiro o que esta acontecendo? Esse sonho tem algum significado?

- Renne, sim, todo sonho tem algum significado mas nem todo sonho foi algo que Deus quisesse dizer a você . Creio que Deus esta advertindo você de que ele é nosso primeiro amor, depois viriam os outros amores: pelos pais, esposa, filhos e amigos.Amai a Deus sobre todas as coisas não é um pedido é uma ordem do Criador.

-Conselheiro, por quê?

-Na realidade não precisamos fazer essa pergunta quando conhecemos a palavra de Deus. Se você colocar o seu pensamento em Deu, vai evitar muitas decepções, porque Deus tem por você um amor infinito, você sentirá uma paz que o mundo não dá. Quando você ama uma pessoa, o que é muito bom, desde que seja sem esperar retorno, ama por amar, você não perderá a paz. Para ter esse tipo de amor,o verdadeiro amor, você primeiro tem de amar a Deus e Ele pela sua Graça lhe dará esse dom, que eu diria divino.

-Entendo o que você quer dizer, por isso que o amor comum é frágil e tantas pessoas dizem que amam e na realidade não amam nem a si mesmas. E, péra aí, eu estou falando de mim mesmo, não é?

-Renne eu não quero criticá-lo, você já atingiu a essência do amor que Deus queria que todos tivéssemos. Infelizmente misturamos, amizade, sexo, orgia, egoísmo, usar o outro, dizendo que isso é amor.

-Conselheiro, acho que eu estou enganando você e me auto-enganando, creio que voltei a ficar perdido, não amo nem Ana e nem Tereza com esse tipo de amor.

-Eu peço a Deus uma resposta ou vou acabar por ficar maluco com essa dúvida.

-Calma, Renne, você nunca esteve tão perto da resposta.

-Como assim?

-Veja, você ainda não percebeu que quando a gente ama alguém, por exemplo o amor do esposo pela esposa ou vice-versa, para que haja a verdadeira e duradoura felicidade desse casamento há necessidade que paralelo ao amor heros,amor carnal, haja também o verdadeiro amor, ágape, dado a pessoa pela Graça de Deus.

-Entendo, Conselheiro, isso quer dizer que paralelo ao amor pela esposa, pelos filhos tem que haver, correndo junto, paralelo, o verdadeiro amor, é isso?

-Ai, Renne, essa é a resposta, se não houver junto ao sentimento de amor do homem, seja ele Eros( amor sexual) , Philos ( amor fraternal) a presença do amor Ágape (amor divino) esse sentimento é vazio e tende a desaparecer ou até se transformar em ódio ou indiferença.

-Por que, Conselheiro?

-Porque ele perde a parte espiritual de que já falamos e que transcende a compreensão humana.Esse é o amor que Jesus pediu que tivéssemos uns pelos outros. Jesus não poderia dar a vida pela humanidade se não tivesse o verdadeiro amor por nós no seu coração.

-É amigo Conselheiro, que diferença o que você diz do que eu pensava a respeito do amor.

- Acontece que o homem não tem capacidade de ter esse amor, que tem tudo de espiritual, se ele vive somente os valores da carne, esquecendo que temos um espírito.Por ter um espírito nos temos que alimentá-lo, cuidar dele.

-Como assim?

- Você cuida do seu corpo, comendo, vestindo, praticando esportes, se divertindo,etc. O espírito precisa que você se alimente de Deus pela palavra,exercitando a fé que Ele lhe deu, na verdade fazendo como Jesus fazia.Jesus disse : “ Eu não vim para ser servido eu vim para servir”. Isso é maior prova de amor que o Senhor nos dá.

-Mas uma vez volto ao exemplo da mãe, que é o amor que mais se aproxima do amor que Deus tem pelo homem.A mãe ama o filho de maneira incondicional, sempre perdoando e desejando o melhor para o filho, sendo capaz de dar a própria vida para salvar a do filho.

-Puxa! Que maravilha de amor!

-Sim, é realmente maravilhoso se a humanidade vier a compreender a mensagem que Jesus deixou para nós.Um dos nossos trabalhos é levar essa mensagem para as outras pessoas.Jesus pediu, ou melhor, mandou: : -“Ide e levai a palavra a toda criatura”

-Amigo Renne, a única maneira de você entender melhor tudo isso é conhecer melhor o seu Criador.

-As pessoas comemoram o Natal, a Páscoa, mas não entendem que, na realidade, todos os dias são Natais e Páscoas. A gente tem que, em espírito, estar ligado o tempo todo com Deus.

-Entendo Conselheiro tudo que você falou e vou procurar me inteirar mais das coisas de Deus.

-Boa idéia Renne, continue a pedir a Deus que Ele se revele mais a você e tenho certeza que você conhecerá o verdadeiro amor que traz paz e alegria.

-Conselheiro, eu já fiz essa pergunta, mas vou fazê-la de novo: - Me diga não importa o que a Tereza faça ou fale, se ela me ama ou não?

-Não, não importa nada, se você já atingiu ou já possui o verdadeiro amor.

-Vou repetir: o verdadeiro amor basta a si mesmo, não importa o sentimento do outro. Se fosse diferente como poderíamos ser amados por Deus?

-Como Deus perdoaria o homem? Lembra que Pedro perguntou a Jesus quantas vezes deveria perdoar uma pessoa, se seriam sete vezes e Jesus respondeu : -“Setenta vezes sete”, isto é,sempre.

-Renne, a caminhada é dura, as vezes exaustiva, você vai ser tentado a desistir,mas tenha coragem, busque a Deus e Ele vai sempre lhe ajudar.

-A medida que você for conhecendo a palavra do nosso Criador verá que as coisas ficam mais claras e terá mais força espiritual e física.

A essa altura os olhos Renne estavam cheios de lagrimas e ele se abraça com o Conselheiro e chora copiosamente por alguns minutos.

-Conselheiro, estou me sentindo leve e uma alegria que vem de dentro, eu não estou triste, pelo contrário, nunca me senti tão bem na minha vida.

-Oh graças a Deus! Você está liberto. O que você esta sentido é o verdadeiro amor.

FIM

R.SOUZA DA:308.974