Quarto 27

Era só pegar a chave e o contralador de ar condicionado

que mais uma noite entraria para aquele livro de

aparentemente contos eróticos.

Digo contos eróticos porque se tratavam de encontros

regados a sexualidade, selvageria, nudez. Mas em cada posição, palavra, gestículo haviam sinais. Sinais de sentimento, de uma história mais concreta, além daqueles simples entrelaçamento de pernas

e gemidinhos alucinantes.

Quando passavam a porta do quarto 27, se entregavam

um ao outro sabendo que se comprometiam, que comprometiam

vontades, desejos, lembranças.

Lá dentro tinha a magia

da música, da cama copulando por horas,

dos movimentos relaxantes na hidromassagem,

os movimentos leves frentes ao espelho,

os carinhos, os beijos intermináveis,

a conchinha, os sonhos..

discretamente, susurrado,

quase que para não escrever aqui

nem para vocês ouvirem.. O amor.

Havia o amor do intenso momento, da vontade de

não acabar, de não desligar a banheira,

de não dar o último beijo,

de não secar os corpos misturados em seus próprios cheiros,

não abrir a porta e olhar uma outra última vez para aquele quarto.

Porque quando se tratava dos últimos, corria-se o risco

de serem realmente os últimos.

Então abriram a porta e sairam, deixaram a marca lá dentro..

Mas quando a porta fechou, não abrira jamais.

O quarto 27 quisera apenas o que era amor, e dali pra fora

não era mais.

La Pimentel
Enviado por La Pimentel em 30/03/2010
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