RAIZES


                Um tronco enorme, dividido, parece ate' que foram
duas arvores nascendo juntas, que se juntaram em algum ponto do tempo e espaco, e no espaco junto 'a terra e' como uma pequena gruta e eu quando menina adorava la' me esconder, na brincadeira de acha e esconde era la' meu esconderijo, ate' as outras criancas descobrirem tambem ,e ai' os meninos passaram a fazer la' '' sessao de fuquefuque''......meninos crescendo, '' virando'' moleques travessos e nos convidando e as meninas '' recusando'' e '' eles'' se masturbando e em '' homens'' se tornando...e as meninas so'
'' olhando''...desejando, e em casa, sozinhas, '' siriricando''...que tudo isto faz parte do '' crescer''...assim eu cresci.

                   Relendo meus textos por aqui vi que em nenhum deles faco mencao a meu '' pai''...Que ingratidao!!!
                  
                   Em muitos dos meus textos brinco, elogio, dou bronca, fico brava , chateada, alegre com minha mae...mas com meu pai nunca...nada!!...filha do pai que sou so' posso ser ingrata mesmo...ou seria tanto amor que nao queria dividir com ninguem...nem com papel, muito menos com computador nenhum ?...pode ser.
                   
                  E hoje me veio esta inspiracao da arvore da minha infancia e que ainda existe la' na casa que nasci, cresci,..la' no bairro do Lenheiro...quando ainda por la' era quase fazenda...e relembrando vi a arvore dividida como dois  corpos se abracando e eu no meio, na pequena gruta de la' saindo...espiando para o mundo como uma pequena andorinha saindo do ovo, quebrando a casca e a cara, e deixando o ninho, quentinho, para enfrentar o mundo '' cruel '' e real...do imaginario nunca sai.
                     
                  E minha mae me ensinando o lado italiano..tutti bona gente!!!...parla figlia mia...parla...manja que te fa bene...e dancando a tarantela, cheia de fitas vermelhas, verdes e amarelas...
                     
                  E meu pai, moreno alto, de bigode negro como as asas da grauna..maos calosas do trabalho duro...cheirando a fumo e vinho tinto...e me ensinando comer bacalhau com batata na casa da avo', portuguesa de Tras-os- Monte, ora pois pois...
                     
                  E dancando o '' vira'', vira vira virou!!!..'' curralhos'' para nao dizer caralho na frente das '' raparigas'' , das mocoilas casadoiras...
                      
                  Era tambem com certeza uma casa portuguesa...cheirava a alecrim, rosas e alfazemas..e tinha broa, e a boa linguica portuguesa...gente simples, gente boa, gente humilde, gente rica de tradicoes e educacao..
                      
                  Portugal, jardim 'a beira mar plantado dizia meu pai....saudades!!! tinha ele, saudades me deixou!!.....

                  Pai...mae....avos....quantas raizes....quantas!!!

                  E como a arvore da minha infancia, quantos ramos, quantas folhas, quantos '' passarinhos'' la' e ca' fizeram seus ninhos...filhotes saindo e voando sozinhos!!!

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AMELIA BELLA
Enviado por AMELIA BELLA em 25/03/2010
Reeditado em 25/04/2010
Código do texto: T2158283
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