Melhores Amigos

PS: Só uma obs... Eu nem sou tão fã assim de Yaoi. Na verdade, eu sou mais "conhecidinha" por ser uma escritora de Yuri Original. Mas sou do tipo de pessoa que ama um bom desafio. E vou dizer, além de ter sido um certo desafio mesmo escrever uma fic Yaoi - sendo novata no assunto, e u gostei bastante de fazê-lo. Bom, por ser minha primeira fic no estilo, "peguem leve" comigo. E... Espero que gostem! ;D

- Ugh... Ah... Huh... Ahn...

Ele continuava atrás de mim, fazendo seu corpo pesar sobre o meu... Enquanto eu podia sentir sua respiração descompassada em minha nuca, que a esquentava, e ao mesmo tempo, fazia meu coração palpitar sentindo algo bom e "doce". Eu podia sentir algo dentro de mim queimando feito fogo. Era violento, e rápido, e selvagem, e intrusivo, mas ao mesmo tempo... Eu me dividia entre sentimentos dúbios de dor e prazer. Amor e dúvida. Eu não sabia porque, mas eu sabia o porquê. E foi assim que eu percebi os sentimentos que a gente não podia esconder, e nem evitar sentir.

...

Eram sete horas da manhã, quando Denver passou na minha casa. Minha mãe me alertou que lá ele estava, no portão, esperando pra gente andar junto pro colégio. Encontrei-o e como sempre, com aquela expressão de dureza que ele mantinha como sua marca registrada, forte e masculina, apertou minha mão com tanta bruteza quanto, e eu tentei segurar uma leve dor que emplacava meus dedos, enquanto ele ria. Não fazia por mal. Era mais ou menos como uma espécie de extração de dúvidas. Se éramos homens, éramos fortes. Fazia algum sentido... Só que, não funcionava bem na prática pra mim.

Íamos andando um ao lado do outro, enquanto eu lhe ouvia falar de bico calado. Ele, com sua voz grave de quem já estava crescido (antes de todos os outros da nossa idade, diga-se de passagem), dizia que havia conhecido uma garota. Disse ele, bonita, com um "corpão escultural", seios fartos, loira... Coisas assim. Eu ouvia e mastigava mentalmente todas as informações. Sentia-me como um ruminante, ou coisa que o valha. Sei lá... A sensação de vazio se preenchia no meu interior. Eu tentava apagar da minha mente a sensação de estar sendo acometido por um sentimento dúbio e esquisito. Onde, eu não sabia o que realmente podia esperar de mim, ou mesmo daquela conversa "comum" dele.

- Ahn... - Disse eu, inconclusivamente. Era assim que eu lhe mostrava que era "todo ouvidos", enquanto tentava perder o assunto na minha cabeça.

Às vezes, era pego por acessos de raiva. Lembranças de momentos ruins... Coisas como, quando Denver me contou seu primeiro beijo. Ou como fodeu pela primeira vez uma garota. Ou também quando aquela professora vadia lhe pagou um boquete. Coisas assim... Coisas que eu preferia esquecer, porque novamente aquele sentimento abrupto, absurdo e humilhante percorria minhas veias e meus neurônios. Dava vontade de quebrar o computador das lan houses, quando conversávamos pelo msn, onde ele me contava que ia sair com uma garota morena e gostosa no final de semana, e que por isso, não íamos mais ficar na minha casa, sozinhos, juntos, jogando vídeo-game. Era obsessivo-compulsivo, entende? Era doentio. Eu não conseguia conter aquilo... Era completamente surreal.

E todas as noites, eu tinha o mesmo sonho...

Via e revia as imagens de Denver na minha cabeça, como se fosse um mantra "auto-mutilatório". Denver trocando de roupa no vestuário. Seu corpo bem mais estruturado e evoluído que todos da nossa idade. Denver com aquele novo corte de cabelo, que deixava seus olhos ainda mais azuis, e seus fios ainda mais dourados. O boquete que aquela maldita mulher lhe aplicou numa sala de aula, mas que, apesar de toda a loucura de ódio que me acometeu aquela cena, também me proporcionava bons momentos de voyeurismo e auto-coito. E de novo, e de novo, e de novo... Até os altos sonhos eróticos. Com meu corpo ardendo em chamas, e eu sentindo dor, prazer, sangue, gozo... Tudo junto. Não fazia sentido. Eu era uma bomba. Um explosivo atômico, prestes à estourar.

Tinha que me conter. Tinha que não revelar.

- Você tá muito quieto, Saul... - Disse Denver pra mim, me olhando com uma cara estranha, e perguntando com a voz grave e alta.

- Ah... D-desculpe. Mas você sabe que eu sou quieto, não é? - Digo, tentando disfarçar que mais uma vez me perdi observando-o.

- Pois é. Você sempre foi tímido, mas comigo, você até conversa bem. Só que agora, você ficou calado demais, por alguns minutos... - Disse o loiro, e eu olhei pro chão meio envergonhado e sem saber o que dizer.

- D-desculpe. E-eu sei lá... Acho que só estava meio perdido em pensamentos. - Disse, e disfarcei meus olhos verdes, vendo os carros passarem na rua.

Chegamos ao colégio. Denver já foi abordado por várias garotas. Elas viviam em cima dele, bando de putinhas. Se esfregavam, usavam mini-saias, convidavam-no pra sair (vez ou outra, ele aceitava), puxavam seu saco, chamavam-no de gostoso... Coisas assim. Coisas estúpidas. Eu gostava mais quando ele as ignorava, e ia conversar comigo mais uma vez. Afinal, eu era seu precioso amigo de infância. Precioso...

Assistimos a aula. Tentei não ficar olhando pra ele como um idiota o tempo todo. Vez ou outra, ele me dizia algo como "Você não estava olhando pra mim na aula, né? Acho bizarro quando faz isso, cara! As pessoas podem achar estranho... Podem pensar mal de você!". "Pensar mal"? O que seria isso, exatamente? Eu sei que o próprio questionamento da minha mente me fazia perder-me em devaneios, e culpar a mim próprio, e que isso era um martírio na maior parte do tempo, mas... Eu queria viver no sofrimento. Acho que era meio masoquista, ou sei lá. Tinha as dúvidas de mim. Mas era algo conclusivo, veja bem, ou viveria a vida toda infeliz, pesaroso e desejoso, por um doce negado (e sairia por aí, catando mulheres para foder, como ele). Ou então, eu me entregava às noites de sonhos eróticos, aos momentos de observação "voyeurica" solitária e punhetas aleatórias. Veja bem, eu não tinha uma terceira opção, que seria algo como "Viver feliz para sempre". Isso, como é bem entendido, só cabia em contos de fadas, e não na vida do Saul aqui...

Na hora do intervalo, Denver dividiu seu lanche comigo. Sabia que minha família não tinha tanto dinheiro quanto a dele, mas nem tocava nesse assunto. Simplesmente, perguntava se eu queria um pouco do seu lanche, e eu aceitava. Eu mal tinha dinheiro para pegar um cineminha com ele, quando ele queria ver um novo filme de ação. Por causa disso, ele baixava os filmes na internet e víamos em sua casa. O meu vídeo-game, quem deu, foi ele. Presente de aniversário. Disse a ele que era muito caro, e ele disse que valeria a pena, pois ele jogaria também. Foi um dos dias mais felizes da minha vida. Não por causa do vídeo-game, mas sim, porque eu ganhei uma desculpa oficial para ele ficar sozinho comigo.

Os dias de vídeo-game eram... Quase todos os finais de semana. Mamãe - meu pai é sumido - saía de casa, e ia à igreja, e por isso, ficávamos só nós dois, e os jogos eletrônicos. Denver era bom em quase tudo, falei isso? Era ótimo em esportes, era o maior "pegador" de toda a sala, era bom em matemática e física e era melhor ainda em jogos. Perdia horas e horas, sobre minha cama, tentando entender como alguém poderia ter todas essas qualidades em uma pessoa só. E apenas por um instante, eu tinha a falsa impressão, quase uma desculpa infeliz da minha mente, para a questão dos meus sentimentos inconstantes... Fazia sentido sentir-me dessa forma, já que ele era isso "tudo", não é mesmo!?

Mas na verdade, eu sabia que não fazia.

Os momentos da minha auto-negação, eram os momentos da negação de Denver. Momentos em que ele me mostrava que o normal era não ser assim, ou pensar assim. Que o normal era ser daquele jeito... Do jeito dele. Pegador, mulherengo, adorador de sexo heterossexual, seja ele compromissado ou não... Mas era uma coisa que não entrava pela minha cabeça. E por isso, tantas broncas...

Quando olhava para seu corpo fisicamente perfeito, durante o banho dos times, na Educação Física. E ele me olhava de volta, com uma cara meio irritada. E eu acabava encarando meus próprios pés, de vergonha. O mais hilário (estou sendo sarcástico, claro) era que depois, ele agia como se nada tivesse acontecido. Nem tocava no assunto. Era como um pecado... Um palavrão feio, que a gente nem pudesse mencionar, só pra não dar azar.

Ou quando, por ironia do destino, acabava roçando em si, sem querer, no jogo de basquete. E por mais ironia do destino ainda, no mesmo jogo, levasse uma trombada violenta, quase (estou sendo bondoso) sem motivo do meu melhor amigo, como se ele dissesse, indiretamente, algo como "Nunca mais encoste em mim assim, seu viado pervertido!".

Ou quando ele dizia coisas como "E aí...? Vai ser eternamente virgem? Nunca vai arrumar uma namorada, não? As pessoas estão te estranhando, viu? E eu não vou querer ficar ao seu lado, caso elas fiquem dizendo por aí que você é viado, porque senão, vão achar que eu sou viado também!". Sim, exatamente com essas palavras. Eu ficava me questionando tantas coisas, sabe?

Coisas como... Não era possível que ele ainda não havia notado! Ele ainda não havia notado!? Mas não era possível! Olhares, timidez anormal, momentos de puro "absortamento" perdido em seus olhos azuis... Acho que todo mundo já notava. Podia escutar-lhes, falando pelos cantos, pronunciando meu nome "Saul" e o nome de "Denver" de formas erradas, incertas e vilipendiosas...

Eu tinha um diário. Um diário o qual eu escrevia tudo. Todas as coisas. Os sentimentos, os pensamentos, os sonhos eróticos... Exatamente tudo, tin-tin por tin-tin. E tudo com o melhor nível de detalhamento o possível... Afinal, eu não precisaria ter uma boa imaginação para o próximo impulso sexual das minhas madrugadas... Era só reler toda aquela parafernalha. Sentir como se toda ela fosse tão proibida quanto realmente era, dar mais uns ataques de masoquismo, e finalmente, chegar ao ápice.

E os anos se passaram... Mais e mais... Dia após dia... Até mais um dia de final de semana, de vídeo-games.

Denver estava virando pela enésima vez um jogo de luta. Já tinha virado o jogo e derrotado o chefe com pelo menos 20 personagens diferentes! E já tinha aberto vários jogadores escondidos, que eu não conseguiria abrir sozinho... E mais uma vez, eu apenas observava-o lá, jogando. E é interessante citar que, esse era um dos momentos mais maravilhosos pra mim. Porque, quando um garoto está preso em seu jogo, ele não nota droga nenhuma ao redor. Então... Se ele passasse 2 horas seguidas jogando, sem pausar, eu podia passar 2 horas seguidas olhando para todo ele, sem ele ao menos saber disso, reclamar ou me olhar de cara feia.

Só que...

Nesse dia, a coisa toda foi completamente diferente. Denver pausou, depois das minhas 2 horas de observação, e olhou pra minha cara, tão brusca e fortemente, que eu cheguei a tomar um susto, naquele momento.

- 'Cê tá olhando pra mim ou pro jogo, Saul? - Disse o garoto loiro, mais alto que eu. Eu engoli seco. O que diabos ele estava dizendo!? (Eu sabia o que era, mas eu sou um puta dum hipócrita de merda...).

- E-er... E-eu estou vendo o j-jogo, é claro! - Disse, e diferente de todas as outras vezes, em que ele suspiraria, pensaria algo como "Meu amigo é maluco!" e continuaria a jogar... Ele continuou insistindo naquela conversa.

- Então, por que está nervoso? Você até gaguejou quando respondeu! - Disse Denver, ficando ainda mais incomodado com aquela situação. Mas não tanto como eu... Minha barriga doía, só de nervoso, e eu também sentia como se fosse ter um ataque e começar a tremer, do nada. Sabe aqueles momentos ápices da sua vida? (Não, não os sexuais, pô...!).

- E-e-eu... E-eu não estou nervoso! - Tentava me recompor, mas não dava uma dentro.

- Porra, Saul! - Ele largou o controle no chão (Estávamos sentados no chão do meu quarto, entre a tevê e a cama), e me olhou parecendo puto da vida. Ele estava puto da vida. Eu no lugar dele, também estaria. Se eu fosse... hétero. - Você ou tem algum problema, ou você é viado, porra! Você fica o tempo todo com vergonhazinha quando fala comigo! Sendo que você não era assim, quando éramos pequenos! Você fica me olhando o tempo todo com cara de peixe-morto! Fica me vendo obsessivamente na sala de aula, na Educação Física, e até agora, jogando vídeo-game! Nunca te vi com uma minazinha sequer! Você disse que perdeu o BV, mas nem isso eu sei! Tem quase 17, e ainda é virgem! Você deve ter algum problema mesmo, ou então é gay, porra!

- E-er... E-eu... E-eu... - O que eu ia dizer? "Eu não sou gay"? Depois de todas essas provas, ficou difícil encontrar uma boa defesa.

Na mesma hora, Denver levantou-se de súbito, e saiu pela porta do quarto, me deixando lá sozinho com meu vídeo-game, e seu jogo pausado... Merda.

...

Dias seguintes, era como se eu tivesse perdido meu melhor amigo. Eu tive de ir a escola sozinho, porque ele não apareceu lá em casa de manhã. Encontrei-o na sala, tentei dar "oi" pra ele, mas ele me ignorou. Passou o dia todo sentado longe de mim, sem nem me olhar nos olhos. Nos intervalos também. Educação Física, nem pensar. Ele pegou suas roupas e disse que aproveitaria, como era o último tempo, para tomar banho em casa. Disse isso para outros rapazes, e me ignorou completamente. O vi ir embora com uma garota, de mãos dadas. Eu sou um trouxa mesmo...

Estive pensando... Se eu não tivesse dado tanta bandeira assim, provavelmente, eu poderia continuar com a minha vida "normal", ao lado dele, sendo seu amigo, pelo menos. Eu não teria de viver nessa solidão absurda, e falta dele, ao menos de sua amizade. Os finais de semana de vídeo-game passaram a ser um tormento. Eu chorava como uma criancinha estúpida, enquanto jogava o jogo de luta que ele virou várias vezes (e que, diga-se de passagem, era muito ruim d'eu conseguir virar!). O jogo me lembrava ele, o vídeo-game me lembrava ele, minhas lágrimas me lembravam ele... Puta que pariu! Tudo me lembrava ele! Eu não aguentava mais... Acho que estava entrando em depressão ou coisa do tipo.

E finalmente, depois de meses de sofrimento e ignorância... Aconteceu algo supreendente, que mudou tudo o que eu pensava, esperava, sentia e compreendia... Denver surgiu na minha casa, num final de semana de jogos!

Olhei para ele, dos pés a cabeça. Estava usando roupas novas e bonitas, pareciam de marca. Usava também um perfume masculino cheiroso, que me deixou meio desnorteado (mais do que eu já estava!?). Seus cabelos estavam arrepiados com gel, do jeito que eu gostava, e ele mal sabia. E seu rosto estava ostentando uma expressão de seriedade, e ao mesmo tempo, arrependimento.

- Saul... Foi mal aí, cara! Eu fui um escroto contigo, né? Desculpa aí, de verdade, amigo! - Disse ele, e só aquele "amigo" me fez pensar se realmente valia a pena voltar ao sofrimento do amor platônico, ou se era melhor continuar tentando me livrar daquele amor sozinho. Báh... Que ideia estúpida! Era claro que era melhor voltar as velhas favas!

- T-tudo bem, Denver. Aliás... A culpa foi minha, né? Eu... Eu te deixei pensando bobagens sobre mim, né? Eu que peço desculpas. - Eu disse, sem saber bem se ele acreditaria ou não nas minhas palavras. Se ele gostaria ou não, de FINALMENTE, me ouvir desdizendo aquele acaso todo.

- Tudo bem... Aí, vamos jogar, então? Como nos velhos tempos? - Claro que ele conseguiu o que queria. Não sou o tipo "namorada ciumenta" que manda o cara pra fora, só porque ele quer se aproveitar um pouquinho, depois de ter dado uma fora bem infeliz... Eu definitivamente me deixaria ser usado por ele, se eu pudesse ter um pouquinho dele pra mim. Ao menos, o ar que ele respira.

- Claro! - Eu disse, deixando-o entrar, e fomos ao quarto, voltar para os vídeo-games. Mas não foi bem isso que aconteceu, não...

Como eu disse, minha mãe nunca estava em casa, aos finais de semana. Ela tinha uma religião pra seguir, uma igreja pra ir, e um pastor para dar o quase nenhum dinheiro que ela já tinha... Er... Tirando essas divagações, volto ao momento "atual".

Levei Denver pro quarto, e já ia arrumando o vídeo-game, conectando-o na tevê, pegando os CDs... Quando o rapaz mais alto e forte, loiro, me pegou pelos ombros, me "girou" (ele estava atrás de mim) e me jogou contra a parede do quarto. Senti minhas costas baterem na parede com tanta força, que pensei "Fudeu! É agora que eu vou morrer!", e então, senti os lábios dele pressionarem-se contra os meus... Foi então, que refiz meu pensamento, tentando voltar pro planeta, mas sem conseguir muito...

"ELE ESTÁ... ME BEIJANDO!?!?!? M-MAS... POR QUÊ!?!?!" sim, foi basicamente isso.

E não só isso... Rápido como uma flecha, a mão de Denver pegou na minha, e colocou-a sobre sua calça... Onde um enorme volume já se formava. Ele dizia "Cuide disto pra mim", e eu como um bom "escravo" já obedecia. Abria suas calças, e apalpava o volume duro feito rocha, sobre a cueca. E ele já foi pior, saiu retirando o meu, claramente menor que o dele (Ele era um verdadeiro monstro!), porém, tão duro quanto, da calça, e alegrando o meu "mascote".

Ficamos naquela brincadeira sensitiva, até que ele fosse ainda mais bruto que antes... E me jogasse sobre minha cama, e deitasse seu tronco nas minhas costas. Ele então, arrancou, praticamente, minhas calças fora, jogando-as no chão... E então, meteu de primeira e com força... E eu juro por Deus, que pensei que eu ia ser rasgado no meio!

Doeu como o inferno, e eu achei que eu... Não poderia estar mais feliz do que aquilo. Sim, completamente confuso e contrário... O movimento era acelerado, e a queimação também... E o tesão mais ainda! Era Denver! Ele estava ali, em cima de mim, forte, cheiroso, amável, destruidor...! Tudo num só, mas ele estava ME COMENDO!!! Era como nos meus sonhos eróticos, só que incrivelmente melhor, porque era real!!!

- Denver... Denver... Denver... - Eu ficava repetindo seu nome, em meio a gemidos de dor e prazer ostensivo. E enquanto isso, ele dizia, às vezes, coisas desconexas em meu ouvido... Coisas como "Vou te fazer virar hétero, seu viadinho"... Que naquele instante, que ele beijava a minha nuca, enquanto metia forte daquele jeito, não faziam o menor sentido. Eu sabia que ele sentia a mesma coisa que eu... Parecia que nosso coração tava pulando, disparado no mesmo nível, sabe? Parecia que ele estava "engolindo aquilo tudo", até então, como eu tentava fazer... Er... Não literalmente, é claro. Bom... Talvez um dia, quem sabe... Er...

Foi então que, toda a essência de Denver me preencheu por dentro, e eu senti tudo quente e... Foi bom. E ele enfim, se desprendeu de minhas costas, e deitou-se ao meu lado, completamente cansado. Eu também já tinha gozado, sujando toda a minha cama, embaixo de mim. Mas eu podia dizer que, apesar disso, eu estava absurdamente realizado e feliz...

- Denver... Por quê...? - Eu tentava dizer, porque tentava entender. O que o fez mudar de ideia assim tão rápido, uma hora pra outra? Ele suspirou, e olhou para meu rosto com uma linda visão... Parecia doçura. Aquela porra era amor, e eu podia ver isso nos olhos dele. E então, num risinho contido, ele disse...

- Sabe, Saul...? Desde o começo, eu sabia que você gostava de mim... - E então, eu fiquei todo nervoso, vermelho, sem graça...!

- C-c-c-como assim?! Como você sabia, Denver!? - Eu disse, totalmente sem saber onde esconder meu rosto, afundei-o sobre o travesseiro, e ouvi ele continuar.

- Há muito tempo atrás, em uma das reuniões de vídeo-game, eu achei teu diário... Você tinha ido ao banheiro, e eu aproveitei para ler... - E quando ele disse isso, eu fiquei com ódio de mim mesmo. Então, não foram especificamente todos os olhares e tudo o mais, né!? - Bom... E também teve os olhares obsessivos nas aulas e fora delas... Eu já tinha notado, não tem como não notar!

- Aaaahh... Q-que droga! D-desculpe, Denver! E-eu...! - Mas ele me cortou, e continuou a falar.

- Fica quieto! Deixa eu terminar... - E então, ele fez carinho em meus cabelos lisos e escuros, colocando a franja que caía em meus olhos verdes, fora da minha visão com os dedos. Corei como um pimentão... - Mas eu também já gostava de você... Talvez, até antes de você começar a gostar assim de mim!

- O QUÊ!?! - Eu disse, quase pulando da cama. Eu estava surdo ou estava ficando doido!? Ele disse que gostava de mim também!? Até mesmo ANTES d'eu gostar assim dele!? COMO ASSIM!?

- É isso mesmo... - Ele disse, suspirando. E então, terminou seu monólogo explicativo, simplesmente, modificando toda minha vida e o que eu pensava sobre tudo aquilo. - Mas, assim como você, eu escondia e tentava fazer você não notar... Porque eu rejeitava esses sentimentos, sabe? Sempre achei que era errado essa história de homem com homem e tudo o mais... Eu sempre achei que isso era pecado ou coisa do tipo, como ensinam nas igrejas. E por isso, continuei sendo só seu amigo, fingindo que não sentia isso, e principalmente... Tentando esconder isso me relacionando sexualmente com garotas! Mas a verdade é que, eu não conseguia de forma alguma sentir algo além disso por elas... Digo, eu não conseguia gostar delas, além de foder e largá-las... Não conseguia ter nada sério com elas, porque não gostava delas o suficiente!

Estava estupefato. Completamente bestificado com aquilo tudo. Era mesmo real...? Tinha que ser!

- M-m-m-mas... Então, por que do nada, você parou de falar comigo? Por que começou a me ignorar!? E-eu mal exigiria nada! E-eu mal havia percebido que você sentia o mesmo! E-eu não acho que eu apresentava tanto perigo assim! - Disse, tentando entender e me defender ao mesmo tempo. Mas então, ele fez "negativo" com a cabeça.

- Errado. Estava tudo bem, até eu receber a confirmação por escrito do que você sentia. Quando eu li aquelas coisas todas com meu nome nelas... Eu fiquei louco. Você também me amava, e na mesma quantidade que eu! E por isso, eu... Eu não conseguia mais conter meus sentimentos e minha vontade enorme de fazer tudo isso (que fizemos), com você! E por isso, eu tive de arrumar uma desculpa esfarrapada, me afastar de você... E então, eu o fiz! - Disse ele, e então, me mandou mais uma bomba. - E além disso... Arrumei uma namorada também! Só pra tentar não sentir mais nada disso!

- E-er... A-arrumou!? - Perguntei, chateado. Será que ele ainda estava com a garota, e só tinha ido me fazer uma visitinha "amigável"!?

- Mas eu não aguentei, sabe? Um tempão longe de você, e só com aquela garota, que eu não gostava... Me deixou deprimido, e me fez ver que quem eu queria de verdade era você, Saul... - E então, ele me fez carinho no rosto com as mãos fortes, e sorrindo disse.

- Ah... - Fiquei mais uma vez rubro de vergonha. Quase me encolhi na cama.

Foi assim, que eu descobri que... Eu e meu melhor amigo, apesar de sermos homens, os dois, somos um verdadeiro par perfeito!

FIM.

AArK Kuga
Enviado por AArK Kuga em 24/03/2010
Código do texto: T2156927
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