Ínfimo brilho



Ela observava  as ondas, deixando que as marolas lambessem seus pés descalços, ignorando a areia grossa, maresia e gosto de sal. A barra  da saia negra  acumulando  fragmentos de conchas e pedrinhas...formando um rastro atrás de si.

Seguia a solidão e só havia o vento e a água gelada. Mar revolto, vento forte, o céu não tomou suas dores e exibiu o por do sol mais bonito. Sentiu-se afrontada e apontou o dedo acusador:­ _ Sem compaixão ou misericórdia divina, milagres ou acalanto. Vazio! Nada mais tem sentido...

O sol em um suspiro tímido, deixou escapar um finíssimo raio, um toque sutil, leve demais...
Percebendo o ínfimo brilho, aceitou o sinal e estendeu a mão cuidadosa. Sentiu o calor, mágoa e o rancor enfraquecidos, aquietaram-se.  
Então compreendeu, pela primeira  vez, em tantos e tantos anos. E o som do  seu coração,  encheu os ares. ..Vida!

A mulher guardou o  fio de esperança no peito, e em segundos a escuridão abraçou seu mundo de tristeza.
Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 20/03/2010
Reeditado em 27/03/2010
Código do texto: T2149230
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