A Mais Pura Forma de Amor - V

O Garras Vermelhas pareceu se surpreender um pouco com a atitude daquele Garou, mas ele não ia perder tempo tentando entender o que aquele louco queria afinal, e por isso dignou-se apenas a rosnar nada contente:

-Saia da minha frente, pois eu que matarei esse vampiro! –Disse de maneira ameaçadora, na língua Garou, de modo que Carlo não compreendeu nada. Mas pelo tom ele pode concluir que definitivamente não era o reencontro de velhos amigos.

-Ele é meu. Não deixarei que você o mate. –Águia respondeu gravemente, mas em tom contido, na mesma língua que o outro, mantendo o vampiro atrás de si.

-Minha matilha o achou primeiro! Nós que o mataremos! Saia da frente, ou eu te mato também! –Ameaçou nervoso.

-Ninguém vai matá-lo. Gaia o mandou para mim, e ninguém poderá tirá-lo. –Vociferou sombrio, mas sua tentativa de intimidação falhou de maneira crítica pela falta de contato visual.

-Saia da minha frente! –Aquele Garras Vermelhas gritou, rosnou, ordenou. Ele era um líder que sempre se impôs através da força, e por isso não aceitava que lhe desobedecessem.

Se ele estivesse sozinho, Águia acreditava que poderia muito bem lutar contra ele, mesmo não sendo um guerreiro. O problema era aqueles dois outros que se aproximavam rapidamente. Não conseguiria de jeito algum lutar com os três ao mesmo tempo e ainda proteger Carlo.

-Você é o Alfa? –Perguntou apressado, já pressentindo a chegada dos outros. –Eu te desafio a um duelo. Se eu ganhar, a vida do vampiro é minha. –Propôs, tentando soar confiante.

-Você é cego, não é? –o Alfa perguntou em tom jocoso, e então falou mais alto para que seus companheiros que acabavam de chegar pudessem ouvir aquele absurdo. –Um Impuro me desafiando! –Riu, um riso de escárnio.

Um riso ao qual Águia estava mais do que acostumado.

-Hei, Chuva de Sangue, se eu não me engano esse Impuro cego é o Theurge que foi banido dos Filhos de Gaia, e de todos os Caern. –Falou o menor dos Garras, que havia acabado de chegar. Tratava-se de um Gallliard, conhecedor das tradições e contador de histórias. Certamente a vergonhosa história de Águia chegara aos seus ouvidos.

-Um Impuro Theurge me desafiando! –Riu ainda mais indignado e raivoso. Aquilo só podia ser uma brincadeira de muito mau-gosto.

-Sim, eu sou um Theurge Impuro. Com medo de aceitar um desafio de alguém como eu? –Águia provocou.

Apelar para o orgulho do alfa: essa era uma das primeiras lições a serem aprendidas por um Impuro que alimentasse a pretensão de sobreviver em uma matilha.

Alfas geralmente se consideram Deuses da Guerra, que por vontade de Gaia tomaram a forma de Garou. Embora alguns mais sábios, como os Philodox, sejam sensatos o suficiente para não admitir tal coisa, nos Ahroun isso se fazia ainda mais visível.

E quanto mais ‘tradicional’ fosse a tribo dele, mais fácil seria manipulá-lo.

Aquele Garras Vermelhas certamente havia sido muito fácil.

Tinha que dar certo.

-Você não tem porque aceitar a esse duelo, Chuva. –O Galliard mais uma vez falou. –Esse Impuro foi banido por desobedecer a Litânia e matar o Alfa da matilha dele em tempos de guerra. Não tem honra para te desafiar.

-Vamos matar esse traidor! Ele e essa cria da Wyrm! –O outro rosnou, louco para enfiar suas garras em alguém, já avançando na direção de Águia.

-Espere! –O alfa ordenou. –Esse Impuro me desafiou, não tenho porque não acatar. Depois que eu acabar com ele, vocês se divertem com o vampiro... –Falou maldoso, analisando seu frágil oponente.

Águia era maior do que Chuva de sangue, mas os músculos do segundo eram muito mais bem desenvolvidos.

A perna de Águia detinha um grave machucado, parecia ainda doer muito, além de ele já deter cortes no peito, enquanto Chuva de Sangue estava em perfeitas condições.

Águia era um Theurge, um vidente. E bem, videntes não costumam ser tão bons de briga quanto os Ahroun, os Guerreiros da Lua Cheia, o Augúrio do Chuva de Sangue.

E como se não bastasse, Águia ainda era cego.

Para Chuva de Sangue, aquela luta chegava a ser ridícula, de tão fácil.

E mesmo sem querer, esse pensamento era compartilhado por Carlo. Para o vampiro, era evidente que Águia estava em total desvantagem. O outro enxergava! O outro não estava ferido! Aquilo estava muito errado, mas ele sabia que não estava em posição de reclamar, e sim apenas agradecer pelo sacrifício do outro.

-Obrigado... –Sussurrou docemente, enquanto tocava com leveza o ombro do lobisomem que o defendia com sua própria vida.

O vento levou aquela singela palavra aos ouvidos de Águia, o qual sorriu internamente, sentindo-se ainda mais confiante com relação à batalha que viria, por mais que tudo parecesse estar contra ele.

Caso qualquer pessoa decidisse fazer uma aposta acerca do resultado daquela luta, Águia certamente seria apontado como um perdedor óbvio. Mas ele não era, e era exatamente a descrença em sua força que ele usava de arma contra seus oponentes.

Isso porque Águia era um sobrevivente nato.

Ele era um Impuro que conseguira se manter em uma matilha repleta de sangues-puro.

Ele era um Impuro que havia conseguido renome, glórias, e honradas cicatrizes de batalha.

Ele era um Impuro que havia provado seu valor e até alcançado o posto 3 em uma sociedade onde Impuros raramente voltavam de suas primeiras batalhas.

Um Impuro que caiu ao matar um alfa, um Ahroun, um poderoso Cria de Fenris.

E por mais vergonhoso que fosse aquele último argumento, por causa daquela desgraça que ele sabia que conseguiria vencer o Garras Vermelhas diante de si.

Águia não esperou que o primeiro movimento viesse de seu oponente. Não, ele se antecipou e avançou sem hesitar, se deixando guiar pelos cheiros e sensações. Apesar de não enxergar, conseguia muito bem sentir o espírito do outro Garou, e era aquilo que o guiava para o combate.

Esquivou do primeiro golpe desferido. Sempre que ele avançava, seus oponentes tentavam golpeá-lo da mesma maneira, acreditando que o cego seria incapaz de se livrar.

Mas estavam errados, e agora se guiando também pelo deslocamento de ar gerado pelo movimento do grande corpo do Guerreiro, Águia pôde localizá-lo com mais precisão, e então golpeá-lo.

Não havia sido com suas garras ou com seus dentes, mas sim com uma adaga feita de osso esculpido, a qual Carlo não saberia dizer de onde que ele tirara. Uma arma tão pequena que não faria sequer cócegas naquele lobisomem, se não fossem pelos potentes poderes mágicos lá colocados.

Tratava-se de um fetiche, um objeto com um espírito aprisionado em seu interior.

E por isso o Garras Vermelhas soltou um horrendo urro de dor ao sentir aquele objeto cravado entre duas das suas costelas, enquanto o Espírito da Dor, que emprestava seus poderes àquela arma, percorria sem dó o corpo daquele Garou.

Águia deu um pequeno sorriso vitorioso, mas o mesmo foi tirado de sua face por uma feroz patada, a qual quase o derrubou ao chão, enquanto o sangue escorria pelos cortes no seu rosto.

Aquilo não abalou sua confiança, todavia.

Estava acostumado a apanhar daquela maneira, e pela experiência ele aprendera que cada surra antecedia uma grande vitória. Ele só tinha que derrubar aquele cara.

Mas então ele ouviu o som de sua adaga sendo atirada no chão, antecedido de alguns grunhidos aflição. Aquele bruto tinha conseguido arrancar o fetiche de sua própria carne, e por isso agora o cheiro do sangue dele se fazia ainda mais intenso.

E aquilo sim havia conseguido abalar sua confiança. Ele não queria ter que apelar para o Espírito da Morte.

Tentou atacar com suas mãos, avançou na direção de Chuva, conseguindo acertar-lhe com suas garras, mas aquilo não parecia ter efeito algum, e apenas serviu para abrir sua já deficiente guarda, deixando que aquele Garras Vermelhas lhe acertasse um chute, e então passasse as garras por seu pescoço, cortando-lhe, fazendo mais do seu sangue escorrer por seu corpo, encharcando seus pelos.

Apesar de seus sentidos extremamente aguçados e desenvolvidos, Águia definitivamente não tinha como acompanhar tão bem os potentes e velozes movimentos do seu oponente, e em consequência, foi acertado por mais um forte golpe. Dessa vez foi um soco de direita, o qual, aliado à falta de firmeza conferida pela perna machucada, o levou ao chão.

Mal teve tempo de erguer seu tronco um pouco, e logo mais uma patada foi acertava em sua face, quase a desfigurando.

Aquilo deixou Carlo simplesmente horrorizado. O vampiro quis correr para ajudar Águia, meter-se na frente dele, receber os golpes que lhe eram direcionados.

Fazer o que fosse preciso!

Mas o Filho de Gaia pareceu adivinhar o que seu vampiro pretendia, e por isso o impediu com um rosnado seguido de palavras proferidas em tom grave e animalesco, enquanto se defendia de mais uma seqüência de golpes.

-Nem pense em se meter!

-Você não está com condições de lutar! –O vampiro gritou, irritado com a teimosia do lobisomem.

-Deixa de falar besteira! –Gritou também em resposta, enquanto se levantava de mais um golpe e avançava cegamente contra seu inimigo, sem receio ou dó de si mesmo. –Cala a boca e deixa eu te salvar! –Terminou sua fala confiante, e com um movimento ainda mais rápido que o anterior, aproximou-se perigosamente do Garras Vermelhas, conseguindo finalmente acertar suas garras na face dele, quase conseguindo atingir-lhe o olho esquerdo.

Mas aquele ataque pareceu ter servido apenas para deixar Chuva de Sangue com ainda mais raiva, e pressentindo que a ‘brincadeira’ estava perigosamente perto do fim, Águia se afastou rapidamente, esquivando-se de mais um golpe. Já ofegava e encontrava-se cansado. Definitivamente não tinha como lutar contra um guerreiro da Lua Cheia com apenas seus braços.

Passou uma de suas mãos pela face, sentindo-a molhada com seu próprio sangue, enquanto pensava porque elas tinham que ser tão fracas. Sentiu a presença frágil e amedrontada de Carlo atrás de si. Se ele não ganhasse aquela luta, seus olhos, como havia dito o sílfide, estariam perdidos para sempre.

Ele tinha que proteger Carlo. Não sabia porque, sabia apenas que tinha que fazê-lo. E para tal, estava disposto até a quebrar uma promessa feita a si mesmo.

Passou então sua mão pelo pescoço, também machucado, e de uma das tantas cicatrizes que haviam lá, ele tirou outra adaga, a causadora de sua desonra: uma arma feita de prata.

Não queria, não queria mesmo ter de usar aquela arma. Ela lhe fazia mal, ela era mortal. Ela jamais deveria ser usada contra outro Garou, mas ele ainda assim a usava pela segunda vez para machucar alguém, e aquilo o preenchia de culpa.

Ele avançou novamente contra o outro, tentando pensar apenas em Carlo, apenas nos seus olhos. Era por seus olhos que ele usava aquela arma maldita. E deixando o Espírito da Morte guiar seus movimentos, a lâmina foi até a garganta de Chuva de Sangue, fazendo com que o nome daquele Garras Vermelhas parecesse irônico graças ao líquido vermelho que jorrou.

Mas Águia não se permitiu cravar aquela adaga no pescoço do seu adversário, e antes do derradeiro momento, a arremessou para longe. Não queria ser o causador de mais nenhuma morte.

Chuva de Sangue havia caído inconsciente, já como lobo, fraco demais para manter a forma de batalha.

Águia havia derrotado aquele Ahroun, e com isso, protegido Carlo.

E era apenas isso que importava.

Mas quando ele estava prestes a cair sobre seus joelhos, exausto demais, louco para sentir Gaia amparando-lhe, confortando-lhe após uma dura batalha, notou que os dois companheiros do alfa caído não dariam muito valor à honra daquele que havia aceito um duelo justo. Sem se importarem com a reputação de um companheiro de matilha, avançaram um contra o Impuro ajoelhado no chão, e outro contra o vampiro que estava prestes a acudir seu salvador.

Afinal, por que haveriam de manter a palavra dada a um Impuro banido que apoiava uma cria da Wyrm?

Com um movimento que definitivamente desafiava sua débil condição, Águia deu mais um salto, abraçando Carlo de maneira quase que paternal, enquanto recebia em suas costas as afiadas unhas que tinham como alvo o vampiro.

Os dois foram ao chão, ao mesmo tempo em que um doloroso grunhido abandonou a garganta daquele pobre Filho de Gaia.

Águia se levantou, e por um momento, um mero momento, desejou que seus olhos tivessem foco, para que pudesse olhar nos olhos daqueles indignos e direcionar a eles todo o ódio que estava sentindo.

Seus músculos ficaram extremamente tensos, e seus pêlos, eriçados em ira. O coração batia descontroladamente e sua respiração encontrava-se ainda mais pesada do que antes. Parecia que tudo ao seu redor havia se tornado mais denso, quase que sufocante.

Era uma sensação quase que enlouquecedora, e já conhecida. Ele sabia muito bem que aquela era a fúria prestes a tomá-lo. Ele podia sentia-la espalhando-se ao seu redor como ondas pelo ar. Ele podia senti-la movendo-se através do seu corpo, parecendo fazer seu sangue entrar em ebulição.

Ele a conhecia muito bem. Era aquela fúria que ele guardava dentro de si há tanto tempo, sempre tentando contê-la, escondê-la. Mas agora, assim como no momento em que se desgraçou matando seu alfa, todo seu esforço parecia ter sido em vão.

Porque ele era um lobisomem.

Mas do que qualquer outro, mais do que aquele dois diante de si, ele era um lobisomem. Pois ele era um Impuro, ele havia nascido daquela maneira. Diferente daqueles lobos, que forçavam seus corpos para conseguirem uma forma mais forte para lutar, ele tinha que forçar seu corpo para ser mais fraco, para poder conviver com os demais.

Porque ele era um legítimo lobisomem.

Mas mesmo se esforçando, sempre era diminuído, sempre era desrespeitado, tratado pior do que lixo. De que adiantara tanto esforço para manter sua essência sob controle?

Ele se virou na direção dos dois, e então uivou. Uivou com todas suas forças, um uivo de puro ódio, um uivo que certamente fez-se ouvir por quilômetros, espalhando-se por aquela floresta como se fosse um presságio de morte. Dessa forma o ódio ia saindo do seu corpo e chegando aos seus inimigos.

Não era mais sangue que escorria por seus ferimentos.

Era ódio.

Ódio puro e destilado, embalado pelas dolorosas lembranças de todas as humilhações pelas quais já passara.

Aquela era a sua chance. A chance de se vingar, a chance de mostra a eles, a todos aqueles sangues-puros, do que um Impuro era capaz.

A chance de mostrar que ele era bem mais do que lixo, bem mais do que qualquer um.

Mas eis que no definitivo momento, quando ele já praticamente se despedia de toda a sua racionalidade para entrar em um vergonhoso e violento frenesi, o qual o transformaria em uma besta descontrolada e sedenta por morte, Águia sentiu em seu ombro uma das trêmulas mãos de Carlo.

Era como se aquela mão fria fosse a fonte de toda a calma do mundo, ele se lembrou de suas promessas para com Mãe Gaia.

Ele precisava proteger aquele vampiro, mas aquilo não lhe dava o direito de sucumbir ao ódio e ao desejo de destruição. Não lhe dava o direito de repetir seu erro.

E além de não querer sujar novamente suas garras no sangue de outro Garou, Águia não queria mostrar a Carlo a fera que guardava dentro de si.

E quando aqueles dois Garras Vermelhas estavam prestes a lhe atacar, surgiu ao seu lado um belo e imponente ser de pelagem negra e lustrosa, como em poucos animais poderia ser vista. Sua macia crina, também negra, chegava até o chão, sem jamais se embaraçar, todavia. Sua beleza era definitivamente ímpar e cativante, sendo completa pelos magníficos olhos prateados, que ao mesmo tempo em que brilhavam em uma bondade infinita, advertia aqueles dois Garras Vermelhas que não deviam avançar.

Seu único chifre, posicionado bem no centro de sua cabeça, tinha quase o tamanho de um braço, e também possuía um brilho prateado e ameaçador, parecendo ser muito perigoso, tanto ou mais quanto seus cascos, os quais ele chegou a arrastar pelo chão de maneira nervosa, deixando claro que atacaria se fosse preciso.

E a racionalidade, que há pouco ameaçava abandonar a mente de Águia, acabou por abandonar a mente dos dois Garras Vermelhas. Não da mesma forma que por pouco não acontecera com Águia, e sim através de um profundo medo e de um desonroso instinto de auto-preservação, o qual os fez recuar.

Recuaram um passo, e logo após outro, e em questão de segundos eles se esqueceram de tudo. Esqueceram-se de suas honras e de seu companheirismo, podo-se a correr sem pensar em mais nada, deixando para trás o Alfa de sua matilha.

Águia suspirou e então ergueu sua mão, pondo-se a acariciar a cabeça do espírito que o ajudara. Deu alguns passos na direção do lobo caído que havia sido abandonado, e sentou-se ao lado dele. Tocou-o, e com o Toque da Mãe, um poderoso dom ensinado pelo Grande Unicórnio, Águia curou as principais feridas do seu inimigo. Não deixaria que ele morresse lá. Apesar de tudo que Chuva de Sangue havia lhe dito, sabia que não deveria guardar mágoas e ódio em seu coração.

Mãe Gaia não queria aquilo, e por isso ele entregou sua misericórdia ao seu oponente.

O lobo despertou, visivelmente confuso. Demorou um pouco para compreender o que havia acontecido, e seu peito pareceu ser destruído quando finalmente entendeu a situação. Seus companheiros haviam fugido, e único que havia se dignado a ajudá-lo havia sido justamente seu inimigo.

Um banido.

Um Impuro.

Chuva de sangue baixou a cabeça. Não conseguiria olhar para Águia, para o Unicórnio Negro, e tampouco para o maldito vampiro. Estava envergonhado demais, humilhado demais. Só não matou Águia naquele mesmo instante porque saberia que aquilo seria a desonra suprema. Por mais que odiasse o Impuro, jamais morderia a única mão que se dispôs a curá-lo.

E recolhendo-se com sua vergonha, Chuva de sangue foi embora sem nada dizer, apenas seguindo pelo ar o cheiro dos seus covardes irmãos de batalha.

O Unicórnio Negro, por sua vez, pareceu gostar muito da atitude de Águia,e para recompensá-lo, aproximou-se do Garou, e com seus olhos que externavam a mais pura bondade, olhou apiedado para aquele pobre filho de Gaia. Baixou-se então e lambeu uma das mãos de Águia, fazendo com que ele se sentisse um tanto melhor das horrendas dores que o atormentavam.

Carlo, que já não estava entendendo nada, uma vez que não conseguiu em momento nenhum ver o espiro que estava lá presente, sentiu-se ainda mais confuso ao notar que repentinamente surgira um estranho símbolo preto na mão do lobisomem.

Ignorou aquilo. Muitas coisas não faziam lógica mesmo, e se ele fosse ficar querendo entender tudo, certamente piraria. Tudo que ele fez então foi ajoelhar-se ao lado de Águia e olhá-lo com atenção.

-Águia...? –Chamou incerto. O outro, apesar de sentado, mantinha os olhos fechados, como se estivesse dormindo. –Como você está se sentindo? –Perguntou, tocando de leve um dos vários cortes que aquele Garou ostentava. –Tá doendo muito?

O Filho de Gaia, ainda sem abrir os olhos, apenas sorriu internamente e então falou:

-Eu disse que ia te proteger... –E assim que terminou de falar, com sua voz fraca, ele pendeu ao chão, exausto.

Foi rapidamente amparado por Carlo, e pôde então dormir profundamente e sem preocupações.

Nessa noite ele seria protegido pelo Unicórnio Negro, e seu sono seria velado pelo vampiro.

Ryoko
Enviado por Ryoko em 17/03/2010
Código do texto: T2143525
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