Uma linda voz
Suave, lírica, macia, aveludada e doce; era impossível descrever tanta harmonia e sensibilidade que havia naquela encantadora voz feminina: A dona daquela voz era uma menina-moça de estatura mediana; pele claracomo o plenilúnio. Olhos azuis como o anil, cabelos compridos e negros como uma noite sem luar e nublada. Dentes perfeitos; claros e impecavelmente bem cuidados. A vi pela primeira vez chorando, em minha timidez de adolecente não tive coragem de me aproximar, mas sem querer, não pude deixar de me apaixonar. Depois de alguns dias com uma carta consegui ganhar seu coração; não conversávamos quase nada. Nosso amor era terminantemente proibido. Até que um dia, com a mesma rapidez que ela entrou em minha vida, desapareceu sem deixar rastros. O tempo passou e sua fisionomia também desapareceu. Com o passar dos anos casei constitui uma família: quatro filha e dois filhos e toquei minha vida sem que houvesse nada para atrapalhar... Cinquenta anos depois eu estava em uma lanchonete afim de fazer um lanche é claro... Uma mulherzinha muito magra e irrugada e muito alva entrou e pediu e pediu um sanduiche; um detalhe me chamou a atenção: Ela era uma velhinha comum e muito judeada pela vida mas aquela voz suave e mansa e muito bonita pareceu-me muito familiar, porem aquela figura não lembrava ninguém. Parei e pensei; fui revirando o bau da minha mente e tentei encontrar algo que me levasse àquela senhora. Ela me olhou então e eu vi seus olhos azuis como o anil. Puchei conversa e ao ouvi-la novamente a ficha caiu: Ela era a mulher que marcara tanto em minha vida. então dentro de mim senti uma terrível e extranha sensação que invadia meu ser; Aquela menina de saia curta, pele macia, andar faceiro, olhos brilhantes e sorriso encantador, se transformara em uma velhinha de saia comprida, pele irrugada, andar vagaroso, olhos cansados e sorriso banguelo. O destino é cruel, a vida é dura e. pensando nisso, diante daquela mulher que outrora fora a mulher perfeita de minha infância. Então sabendo que ela jamais me reconheceria porque os anos também me haviam transforamado em uma sombra, saí de mancinho sem nada dizer e aquele vulto de mulher tomou duas formas em minha mente: Uma menina linda e jovem e uma velhinha feia e insignificante. Esta é a dura realidade da nossa vida terrena. Só no céu é que as pessoas ficam lindas para sempre... Fim.