Irene
Finalmente tive coragem em escrever pra você, ou de você
Não sei qual o certo...
Voce morreu, e isso é um fato. Fato engolido aos poucos. Suas pernas ainda estao entaladas em minha garganta. Hoje te odeio mais do amo porque o tempo que não te tive foi um tempo preenchido pela melancolia...
Tive tantas possibilidades. Sabe a Anita, da rua do Fogo, aquela que estudava em sua sala? Pois é, ela me quis tanto, até tentei. O mundo todo queria Anita e eu não pude porque sua presença, essa esperança quebrada , manca e doentia estava do lado. Uma mistura de culpa e rancor tomava conta de mim diante de Anita. Claro, ela se foi e você ficou de novo, como uma névoa ácida. Se pudesse ao menos de bater, te xingar, te maltratar mesmo, fazer você sofrer e se perder como eu estou perdido ainda...Se eu pudesse tirar de você qualquer chance de dar certo.
Fiz uma viagem de dez anos, fiquei fora, conheci muito do mundo, um pouco de tudo e muitos sujeitos estranhos. Um deles, o Barcelos teve uma história parecida. Sabe o que ele fez? Nada também. Irenes estão em todos os lugares. O mundo está infestado de irenes.
Roubando, saqueando, seduzindo mesmo morta. Sabe o que eu queria de você? Hoje? Nada!!!
Irene, Irene, Irene, não consigo de definir. Quem é você, Irene. Recentemente soube de seu irmão que estava em dúvida comigo na época. Sabe de uma coisa? Eu também estava, não gostava da sua maneira exigente.
Do sexo não posso falar nada. Filha da puta que movimentos eram aqueles, que sons do demônio você fazia, e aquelas coisas, suas carnes vibrando preenchiam meus dedos, sua pelve me engolia, o odor de suas partes inundava todo o quarto, me consumia em seu desespero. Tinha vontade de te matar, estrangular, fundir com você.. Era um desejo de morte ,Irene. Mas seu coração estava inerte, fechado, o rabo aberto, mas coração fechado, Nunca me satisfazia completo...cadela, Irene, nunca se entregou pra mim de verdade. O rabo em mim e o coração procurando resto do mundo. A raiva de você me maltrata. Morreu sem me amar. Me amou só com as pernas, com os pés, a virilha.Um amor dos infernos.
Sabe de uma coisa Irene, quero que sua alma também morra como morreu seu corpo.
Quero te perder, viver. Tantas Anitas por ai. Sabia que ela ainda me quer? Não está tão velha, as pernas boas, os peitos ainda apontam e a boca como muita carne ainda. Ela sobreviveu bem aos anos difíceis. Quero procurá-la e apreciar um pouco do seu sumo.
Tanta energia ela tem. Exatamente como você tinha. No fundo não quis Anita Porque ela é igual a você, talvez até saiba morrer!
Mesmo quando falo dos vivos estou falando de você. Irene quero que voce morra de novo.
Mas de fez quero que seja de verdade...
Ah, quase me esqueci, O Barcelos falhou em seu suicídio. Mandou um telegrama hoje pela manhã. Disse me ele: “cheguei no ápice de minha impotencia” “me envenenei todo e ainda estou vivo, preso nessa eterna parada.” Que fracasso Barcelos, que fracasso!
Imagino a vergonha do Barcelos diante de sua incompetência. Não vou arriscar isso. Seria demais pra mim; mas já me passou esses pensamentos. Quer saber, prefiro Anita,
Se for pra me torturar, me farei com suas carnes...